Castelos de pedra gigantescos, casas de madeira, ruas sujas e cheias de lixo e um deserto cinzento, essa é a melhor definição de uma cidade medieval, certo?
Errado! A Idade Média é conhecida por muitos como "Idade das Trevas", esse nome se dá pela falta de estímulo a atividades científicas e artísticas, dando a entender que todos eram ignorantes, imundos e que não havia nenhum tipo de planejamento urbano, ideia essa que é totalmente errada. A falta da arte e da ciência com certeza afetou significativamente esse período, mas o conhecimento não foi totalmente por água abaixo, haviam diversas universidades com ensino excelente e que formavam muitos profissionais, como a universidade de Bolonha, em 1158, a universidade de Cambridge, em 1209, a universidade de Pádua, em 1222 e muitas outras. O conhecimento e a literatura eram extremamente valorizados, em alguns lugares era comum até mesmo acorrentar livros às suas estantes para que fossem preservados.
Quanto a sujeira, ela realmente existia e era frequente na vida das pessoas, as cidades não tinham muitas medidas de saneamento, as pessoas não tinham hábitos de higiene, principalmente os camponeses, e com a perseguição aos gatos, por motivos religiosos, a população dos ratos aumentou e causou a Peste Negra (capítulo 2). Mesmo sendo escasso, o banho era extremamente valorizado, e foi criada uma "Ordem do Banho", na Grã-Bretanha, existente até hoje.
Tendo entendido a população, agora temos de entender as cidades.
Planejamento Urbano:
As cidades medievais eram muito bem projetadas, levando em conta aspectos físicos e políticos. Por motivos de defesa contra as forças inimigas, as cidades normalmente eram construídas em pontos de difícil acesso, como topos de colinas, ilhas e imediações de rios, usando de recursos como a altitude e recursos hidrográficos contra o inimigo. Mas o principal meio de defesa eram as muralhas, altos muros com objetivos de proteger as cidades de ataques inimigos, era comum que algumas cidades tivessem muralhas internas e externas e até mesmo fossos. As cidades eram projetadas em vários formatos, algumas tinham traços lineares, outras possuíam duas avenidas que se cruzavam, outras que possuíam apenas uma rua principal com ruas paralelas em sentido oblíquo e também as que possuíam uma praça central aberta e rodeada de grandes edifícios como igrejas, castelos e etc. As cidades normalmente possuíam 3 variáveis de modelos de plantas: radiocêntrica, regular e irregular, com quadras retangulares de tamanhos variados, ou então quadras quadradas totalmente simétricas.
Planejamento Urbano Feudal:
Os Feudos eram grandes propriedades rurais que possuíam sua própria organização política, econômica, cultural e social. Nesses lugares habitavam várias famílias que desejavam se proteger de ataques bárbaros e buscavam por melhores condições de vida.
Esta é uma imagem que representa a proporção de um feudo dividida em diferentes áreas.
1- Na porção de Número 1 é onde ficam os Castelos, armazéns, estábulos e capelas, e era fortificado por fossos, pontes elevadiças, torres com guaritas e etc.
2- Na porção de Número 2 há os jardins com entrada para o castelo.
3- Na porção Número 3 estão representadas as áreas de exploração direta do senhor feudal.
3A- Na porção 3A está representado os campos de cultivo.
3B- Na área 3B estão representados os bosques.
3C- Na área 3C está representado um pequeno lago e rio.
4- Na área de Número 4 estão as áreas de cultivo dos camponeses, cada uma destinada a uma família.
Cidades Medievais:
Durante a Alta Idade média no período feudal, as cidades tinham traçados mais irregulares e menos padronizados, quase labirintos urbanos, tinham ruas estreitas, ainda que pavimentadas. As cidades antigas do período feudal começaram sua mudança efetiva quando a população próxima às muralhas começou a crescer e o comércio começou e se movimentar, e assim surgiram as corporações de ofícios, organizações de pessoas que partilhavam interesses políticos, sociais e econômicos, normalmente formadas de artesãos especializados no mesmo tipo de trabalho. Pessoas que vinham de lugares mais afastados que buscavam proteção eram abrigadas nos feudos em novos bairros chamados burgos ou arrabaldes.
Na Baixa Idade Média as cidades eram, ainda que muito fortificadas, melhor planejadas, podendo comportar de 250 a 500 habitantes. Os prédios nesse período eram maiores, variando de 2 a 3 andares e possuíam pequenos quintais voltados para hortas e pequenas plantações de ervas com propriedades medicinais. No ponto central da cidade era comum encontrar castelos e catedrais, as construções maiores, mais altas e de maior custo das cidades, enquanto ao redor deles se localizavam os edifícios comerciais e residências. Era comum encontrar edifícios como hospitais, hospedarias, asilos e abrigos.
A arquitetura no período medieval era normalmente baseada em modelos teocêntricos, impostos pela igreja católica, apresentando três variações: Romano, Gótico e Bizantino.
No ducado da Normandia, no século X, surgiu o estilo arquitetônico Romano, baseado obviamente no estilo arquitetônico característico do império romano. As contribuições para a população medieval foram modelos como O Coliseu, O Circo Máximo, os prédios de fóruns(reservados para a justiça), um complexo sistema de calçadas, os famosos aquedutos (sistemas complexos de transporte de água) e até mesmo sistemas de esgoto. Por volta do ano 1100 a arquitetura romana evoluiu para o que se entende por Arquitetura Gótica.
A arquitetura gótica foi utilizada entre os séculos XII e XIII. Esse estilo foi muito usado na construção de Igrejas, catedrais, basílicas e etc. Outros elementos característicos da arquitetura medieval gótica eram as construções com fachadas de três arcos, decorações de vitrais, de esculturas e etc, alguns exemplos de construções baseadas no estilo gótico são a Catedral de Milão, a Catedral de Notre Dame, a Catedral de Amiens e a Igreja Negra.
Planejamento estrutural de uma Catedral Gótica:
Desenvolvido durante o Império Bizantino em 330 D.C, o estilo Arquitetônico Bizantino também foi influente durante o período medieval, tão influente que se propagou pela Europa, Norte da África e até mesmo na Ásia Menor. Era característico desse estilo as Cúpulas e plantas de eixo central. As Cúpulas eram comumente usadas em igrejas no intuito de reproduzir as abóbodas celestes.
Foi durante o governo de Justiniano (que durou de 527 a 565 D.C) que a arte Bizantina e arquitetura medieval atingiram seu auge.------------------------------||--------------------------------
Curiosidade Bônus: Ao contrário do que muitos pensam, muitos dos castelos medievais eram na verdade feitos de Madeira, e a grande procura do material fez com que o desmatamento da vegetação nativa européia começasse muito cedo.
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A Idade Média de verdade
Non-FictionUm conteúdo de pesquisa que esclarece e desmente informações sobre a idade média, apresenta curiosidades e que mostra que nem só de trevas se fez esse período tão importante para a civilização humana.