A Idade Média de verdade

3- A Ditadura divina

A Idade média foi um dos períodos mais longos da humanidade, chegando a durar praticamente 10 séculos, nesse período, houve muita confusão e desmando na área política, uma completa bagunça. Nessas circunstâncias, a igreja cristã se desenvolveu e se tornou a única instituição capaz de influenciar e reger a sociedade medieval. Tão grande era seu poder e alcance que até mesmo os reis ficavam sob seu comando, e foi desse contexto que surgiu a frase "Deus salve o rei" (acreditava-se que o rei era escolhido por mérito divino, por isso sua autoridade era inquestionável.).

Os Primórdios da Igreja e organização do papado:

Nós séculos iniciais, o Cristianismo se difundiu por meio de comunidades chamadas de Assembléias, onde as tarefas eram divididas entre todos, inclusive os bens e o dinheiro. Os bens acumulados eram usados para arcar com as despesas do culto e suas necessidades e também para ajudar os fiéis, órfãos e viúvas em circunstâncias de pobreza ou infelicidade.
O agrupamento de assembléias, ou igrejas, formavam uma diocese, que era dirigida por um Bispo, os Bispos eram homens respeitados, com privilégios na área política e social. Com o passar do tempo, o Bispo romano tomou um destaque em relação aos outros, e no ano de 340, pela primeira vez, sua superioridade foi confirmada e ele passou a ser um Papa, e graças ao Papa Gregório I, o Papa passou a ser a entidade chefe da igreja, comandando todas as comunidades baseadas na fé cristã. Com o passar dos anos o cargo de Papa passou a ser muito disputado. Atualmente sabemos que a igreja católica já contou com 266 Papas.

Fortalecimento da Igreja na Idade Média:

O poder do Papa consolidou-se realmente com a criação do Estado Papal, uma base territorial localizada no centro da Itália. Desta forma, ao lado de uma autoridade divina e espiritual, foi criada a autoridade temporal dos papas, ou seja, um poder político muito forte. A partir desse momento a igreja passou a ser enriquecida por grandes doações de terras, e era crescentemente centralizada, por conta disso, a igreja foi assumindo cada vez mais um papel político de destaque e influência. Figuras como o Papa Gregório VII (1073-1085) e o Papa Bonifácio VIII (1294-1303) formularam uma doutrina que dizia que a Igreja não devia exercer apenas um papel espiritual, mas também temporal sobre a a cristandade e a fé, além de também exercer influência sobre assuntos políticos, exigindo a submissão do rei ao Papado, fazendo com que a igreja cuidasse de assuntos como disputas territoriais (como a assinatura do Tratado de Tordesilhas, feita pelo papa Alexandre VI) e questões de sucessão do trono.

A Igreja e a conversão dos povos:

Visando expandir seu poder e seus bens, a igreja católica apelou para a conversão de fiéis, que consistia em converter povos "bárbaros e pagãos" para a religião cristã.
A alvo principal da igreja eram os povos bárbaros vindos da Germânia, no começo o contato com esses povos era difícil, muitos bispos foram martirizados. Mas a partir dos séculos VI e VII a igreja encontrou meios de impor sua suposta superioridade intelectual, e, é claro, sua religião. Assim, os bárbaros foram convertidos ao Cristianismo e passaram a ser devotos a igreja.

A influência da igreja nos campos da educação, literatura e filosofia:

Os ataques bárbaros frequentes no começo da idade média causaram a destruição e perda de grande parte das obras e do conhecimento antigo. Foi nos mosteiros onde foram conservados os manuscritos latinos, lá eles foram copiados e guardados, para que não fossem perdidos novamente. Por esse motivo, durante muito tempo, os mosteiros se tornaram as únicas unidades de instrução. Com o passar do tempo, outras instituições foram criadas, também ligadas a igreja, dedicadas a educação e ensino, essas eram as Escolas das Catedrais ou Universidades.