O Suicídio

Bonitinho?

Continuando...

O intervalo chegou e, apesar do frio na barriga, decidi ir até o James. Sabia que seria uma situação desconfortável — afinal, ele nem parecia notar a minha existência. Mas por algum motivo, a ideia de tentar falar com ele me fazia acreditar que talvez, só talvez, algo pudesse mudar.

James era bonitinho, não tinha como negar. Talvez fosse esse o único motivo que me levava até ele, mesmo sabendo que sua reputação de bagunceiro não combinava em nada com o que eu esperava de alguém interessante. Enquanto caminhava em sua direção, não pude evitar pensar: "Ele nunca vai gostar de mim, eu sou ruiva." Sempre odiei meu cabelo. Como se isso fosse o motivo de todas as minhas inseguranças, como se ser diferente significasse ser invisível.

Respirei fundo e o chamei:

– Oi... – disse, com a voz mais baixa do que pretendia.

Ele levantou o olhar devagar e sorriu de canto.

– Oi. Você é a...? – ele pareceu tentar lembrar de quem eu era.

– Meu nome é Vivian. Qual é o seu? – perguntei, fingindo não saber.

– James. Acho que já te vi antes... – ele disse, franzindo o rosto em concentração, como se eu fosse uma peça perdida em algum quebra-cabeça que ele não fazia questão de montar.

– Sou da sua sala – respondi, meio constrangida.

– Ah, você é a menina que a professora chamou atenção hoje, não é? – ele riu, não de um jeito simpático, mas como se aquilo fosse uma piada que eu não estava entendendo.

– É... haha. Vou ali rapidinho. Tchau.

Saí antes que pudesse me afundar ainda mais naquela conversa que claramente estava indo para o lugar errado. Fui direto procurar a Cristiane, o único rosto amigável que eu conhecia naquela escola.

– Oi, Cristiane – disse, sentindo a frustração escorrer pelas palavras. – Eu não consegui falar direito com ele. Fiquei com vergonha, ele me olhou como se eu fosse só a "bagunceira da sala". Não sei o que fazer. E se ele não gostar de mim? Aliás, ele já não gosta, né? Eu sou ruiva.

Cristiane suspirou e me olhou com aquele olhar de quem não acredita nas bobagens que eu estava dizendo.

– Ai, Vivian... você não pode pensar assim. Existem tantos outros meninos por aí, e, honestamente, quem se importa com o James? Talvez você conheça alguém mais legal, que realmente preste. Ou até alguém para casar, quem sabe? – ela sorriu, tentando me animar.

– Eu sei, você está certa... mas é difícil. Parece que eu fico presa nessas ideias, sabe? – dei de ombros, ainda me sentindo pequena.

– Mas você não precisa ficar presa a isso, Vivian. As coisas vão melhorar. E eu tô aqui contigo, sempre estarei. Prometo – ela colocou a mão no meu ombro, me dando uma sensação de segurança que eu não sabia que precisava.

– Obrigada por estar comigo – sussurrei, sentindo um alívio temporário.

– Não precisa agradecer. Amiga é para essas coisas – ela respondeu com um sorriso sincero.

Por um momento, senti como se estivesse tudo bem. Talvez Cristiane estivesse certa, e eu só estava exagerando. Talvez James não fosse tão importante assim. Mas logo depois, a sensação de alívio deu lugar a uma angústia familiar. Algo me dizia que, por mais que Cristiane estivesse ao meu lado, por mais que eu tentasse me convencer de que poderia encontrar alguém melhor, uma parte de mim estava sempre inquieta, sempre insatisfeita.

Eu sabia que falar com James tinha sido um erro. Ele era bonitinho sim mas, a conversa deixou claro o que eu já deveria ter adivinhado: ele era chato. E talvez eu estivesse projetando nele expectativas que nunca seriam correspondidas. No fundo, ele era só mais uma tentativa falha de preencher algo que nem eu sabia nomear. E tipo não gostar de ruivas? Meu Deus.
E isso me incomodava. Por que eu sempre sentia que estava em busca de algo que nunca encontrava?...
- Vivian, você tá bem? Perguntou Cristiane tentando olhar para onde eu estava olhando.
- Ah eu estava distraída, pensando, só isso amiga...
- Vamos falar com o Thiago e a Suzy. Disse ela me puxando com o rosto animada.
Chegando lá a Cristine me apresentou para eles.
- Oi, Thiago. Oi Suzy. Tudo bem? Essa a menina nova, minha amiga, ela se chama Vivian.
- Oi, gente. Disse eu envergonhada.
- Oi, Vivian, Prazer Thiago. Disse Thiago com um sorriso no rosto.
- Oi, Vivian, Prazer meu nome é Suzy. Disse Suzy com um olhar de carisma.
*sinal da escola toca.
-Vamos Voltar pra sala, galerinha. Cristiane