O Novo Professor

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Lian Blanc

Os galhos das árvores chacoalhavam com a ventania revolta, fazendo folhas irem de encontro ao chão. O fim do verão está próximo, com ele eu inicio um novo ciclo. Senti meu corpo se jogar levemente para frente anunciando que eu já havia chegado ao meu destino. Pago o motorista pela longa viagem, desço do carro e começo a me encaminhar até o edifício à minha frente. Antes que eu pudesse abrir a porta frontal reparei em alguns alunos saindo da floresta ao redor do internato. Quando repararam em minha presença eles petrificaram, confesso que seus olhares amedrontados me fizeram questionar o que estavam fazendo. Um dos garotos sorriu e caminhou até mim, esperei já ansioso. Reparei em suas roupas, estava sem uniforme, apenas com uma blusa social branca junto a uma gravata mal colocada e bermuda jeans deixando suas pernas à mostra. O mesmo chegou até mim e esticou sua destra em minha direção.

- É um prazer conhecê-lo, eu me chamo William Bosch. Você é novo aqui? - o ruivo inclinou sua cabeça e sorriu de lado. Claramente o típico estudante que todos pensam que é um anjo, mesmo sendo pior que o demônio... ou talvez todos saibam desse lado dele.

- Sim, eu sou. Meu nome é Lian, da área de exatas - sorri modesto pegando sua mão e apertando-a.

- É difícil ver um professor tão bonito por aqui... - ele anuncia desviando os olhos para baixo.

- É mesmo? - resmungo olhando na direção de onde o grupo de jovens estava, encontrando apenas a paisagem natural. - O que faziam na mata? Caminhada?

- Sim, gostamos de curtir junto com a natureza... qualquer dia deveria ir conosco - ele convidou-me naturalmente mexendo os braços, fazendo com que a blusa social, que não foi devidamente colocada, deixasse à mostra um chupão próximo de seu mamilo.

- Vocês realmente curtem bastante...- sussurro, logo o pressionando contra a parede e tocando na marca roxa.

- O que você está fazendo?! - questionou-me levando suas mãos para meus ombros.

- O que você me convidou para fazer... não é? - disse-lhe vislumbrando sua face corar e um volume aumentar entre suas pernas.

- Eu não... - balbuciou com seus lábios trêmulos o que me fez questionar quantos homens já enfiaram sua intimidade nessa boca.

Soltei o mesmo e entrei no internato. O mesmo gritou algumas coisas pra mim, porém, não dei muita atenção, apenas continuei a caminhar até me deparar com uma senhora. Me curvei perante ela e sorri gentil.

- Olá, eu sou o novato da área de exatas - digo e a mesma sorri para mim.

- Eu sou a Joana Marques, a bibliotecária e, hoje, a sua guia pelo internato, sinta-se à vontade e por favor me siga - ela se apresenta e logo começa a caminhar.

Segui a mulher baixinha por entre diversos corredores, ouvindo detalhadamente sobre a história implacável daquele internato- um edifício gigantesco localizado no centro de um extenso matagal. Nitidamente a senhora que me guiava estava em melhores condições físicas que eu, enquanto caminhava em passos rápidos e firmes eu apenas me divertia observando cada cantinho do internato em passos preguiçosos e lentos. Parei quando cheguei em frente à uma janela, abri a mesma já deixando meus braços sobre o concreto gélido e começando a vislumbrar os alunos que chegavam. Meus olhos percorreram os rostos jovens dos alunos, alguns claramente tinham a feição de que matariam para sair deste lugar, outros até pareciam contentes. Porém, foi um garoto de cabelos pretos que me chamou atenção, ele parecia estar completamente perdido naquela multidão.

- Está preparado? Todo professor novato tem diversas reclamações a respeito dos alunos - a mulher indagou me tirando do transe. Me virei já abaixando a cabeça para olha-lá e lancei um sorriso irônico.

- Se não houvesse reclamações este trabalho não teria a mínima graça - retruquei voltando a olhar para a multidão no pátio.

O garoto de fios negros ainda estava lá embaixo porém, desta vez acompanhado de outro garoto. Enquanto o jovem perdido apresentava uma face angelical e cuidadosamente vestido com o uniforme do internato, o outro jovem estava utilizando roupas pretas, apresentando diversos acessórios de metal fazendo com que fique chamativo por conta das roupas escuras. De fato, é uma dupla interessante que eu deveria ficar de olho.

- Diga-me, o senhor já trabalhou em diversos internatos até hoje, por quê nunca se manteve em nenhum? - a velha cochichou me fazendo encara-la. Ela estava com sua cabeça inclinada me olhando de forma curiosa, o que me fez revirar algumas memórias antigas. Abaixando-me um pouco, decidi responder sua pergunta.

- Nunca encontrei uma velha gostosa o suficiente para fode-la no local onde trabalho - sussurrei em seu ouvido o que a fez engolir seco. Levantei o rosto e me encaminhei pelo corredor, mas logo fui agarrado pela velha.

- Eu... você não deve... - ela resmungou, me fazendo olhar para a mesma, estava envergonhada demais para retrucar algo.

É incrível ver as reações ilógicas das pessoas, ver como rapidamente alteram seu humor com simples palavras. Isso me faz ter vontade de machucar alguém, é uma pena, porque a única pessoa que está perto de mim é uma mulher. Droga, isso me faz pensar no último internato em que eu estive... Maicon era um garoto que me fez desejar que sua morte fosse a mais prazerosa para o mesmo - o aluno no qual eu teria aproveitado ainda mais de sua companhia quando tínhamos nossas aulas particulares. No fim das contas, ainda acho que minha expulsão foi errada, não é como se ele não gostasse de como eu enfiava objetos aleatórios em seu buraco. O som do sinal tocando me fez sair de meus devaneios e puxar bruscamente meu pulso, fazendo a mulher ficar surpresa.

- Parece que esta é a hora em que nos separamos! - bradei. Não esperava nenhuma resposta... eu sabia que não a teria.

Segui por alguns corredores até adentrar a sala de aula que seria meu novo "lar". Encarei os alunos noviços e reparei nos mesmos dois garotos que havia visto há minutos atrás. De fato, parece que este ano será interessante pra mim. Cada aluno me encarou, curiosos, neste momento gostaria de saber o que estavam pensando. Sem pressa, peguei um giz branco e escrevi meu nome no quadro negro.

- Olá, eu sou o novo professor de matemática de vocês, como podem ver, meu nome é Lian Blanc, mas podem me chamar de professor ou de senhor Blanc - digo sorrindo para os alunos.

William Bosch

William Bosch

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