Capítulo 1

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O pôr do sol já pintava o céu com cores vibrantes, aquilo dava uma tela de arte excepcional, arte que apenas a Natureza poderia criar. Na orla da praia, Kenji fazia sua caminhada dominical, quando notou uma forma escura nas águas brilhantes. Era um homem e estava se afogando. Ele correu e se atirou dentro do mar para salvá-lo, o homem já fraquejava. Estranhamente, não havia ninguém próximo para o ajudar. Sozinho, Kenji o puxou para a areia, fez as massagens cardíacas, mas não teve outra a não ser fazer respiração boca a boca, foi quando o homem voltou. Vomitando bastante água, ele abriu os olhos e Kenji pode ver as duas safiras azuis, o homem se sentou; Kenji vacilou. Era ele. Benjamin Pincus, o Ben. Um amigo com quem ficou preso em Isla Nublar junto de outros em 2015, quando o parque caiu pelo ataque do dinossauro híbrido, Indominus Rex. Já fazia muitos anos desde aquilo, eles mantiam contato por vídeos-chamadas, Ben até participava até que deixou de participar, ninguém mais soube dele exceto que estava bem. Kenji manteve mais contato com Sammy, Yasmina e com a até então namorada Brooklynn até 2019. No ano seguinte, veio a pandemia, e os negócios das empresas herdadas do pai, precisavam dele. Agora era CEO da Corporação Mantah e uma série de hotéis de luxo pelo país, e estava em San Francisco por uma temporada para resolver assuntos destes últimos.

— Ben? — Kenji disse.

Ben, visivelmente tonto, levantou o braço e impediu que Kenji continuasse.

— Cala a boca... Não adianta mais, Tim, sou eu que não quer mais! Ben alucinava.

Ele estava bêbado, Kenji notou isso, e antes que pudesse dizer algo, Ben vomitou qualquer coisa e caiu inconsciente para o lado, Kenji o segurou. Ben passou o braço na cintura de Kenji e este respirou fundo. Percebendo que o sol já havia se posto e agora soprava um vento frio, ele se deu conta de que ainda estavam molhados, precisavam sair dali. Suspendeu Ben e levou-o a orla, e chamou um Uber.




No seu apartamento, Kenji o levou para sua cama, Ben se mexeu balbuciando qualquer coisa. Kenji ficou andando de um lado para o outro pensava no que fazer.

"Ele precisa de um banho, mas não posso fazer isso... Eu preciso de um banho." Pensou em voz alta, puxando sua camisa molhada.

Decidiu então, trocar a camisa molhada por uma das suas e tirar a bermuda curta curta cheia de areia nos bolsos. Desabotoou a camisa e retirou a bermuda com cuidado, logo depois foi tomar banho. Depois do banho, pegou uma cadeira e ficou observando Ben. Estava tudo quieto, apenas os sons abafados dos carros fora do prédio eram audíveis, mas nesse misto de sons, Kenji separou o som da respiração ofegante de Ben. O som parecia crescer gradualmente na sua cabeça, Kenji fechou os olhos e neste instante, lembranças invadiram sua mente, lembranças daquela época. Lembranças de Ben montado num dino que ele não lembrava o nome, era Bolota? "Acho que o chamávamos assim". Kenji agora lembrava, Ben estava de volta, não conseguia acreditar. Lembrava daquele garoto medroso que foi levado pelos dinossauros voadores, e na época, tinha voltado outro, mais selvagem. Kenji sentiu sua perda, guardou sua pochete idiota apenas para sentir ele mais próximo. Ben deu um longo gemido e se mexeu, o que despertou Kenji, que levantou e foi até lá, algumas madeixas loiro acastanhadas estavam em cima do rosto, Kenji retirou e observava calado.

Ao ver aquele rosto com calma, Kenji recordou, inocentemente, ele se interessou por ele, desde o começo. "Talvez tenha sido minha queda por olhos azuis. Foi por isso que gostei da Brooks?" Esse pensamento passou fazendo-o rir baixo. Ele lembrava daquele Ben tão pequeno e indefeso, agarrado nele naquela noite no Acampamento Jurássico, e como sempre o fazia quando se sentia em perigo, mas aquele sentimento, ah isso tinha que manter em segredo. Alguns meses tinham passado, e seu crush pelo Ben era passado. Entretanto, seu passado estava agora na sua cama, Kenji tinha medo de sua sexualidade na juventude, jamais quis que ninguém soubesse, mas agora adulto, se sentia ótimo com ele mesmo. Com sua bissexualidade, embora ainda não tivesse entrado em um relacionamento com outro homem.

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