Naquele ponto da vida, Shin Ryujin se via entrando em um abismo escuro, repleto com seus maiores medos e problemas. Entretanto essa aflição era facilmente atenuada por uma certa garota de cabelos arco-íris com quem sempre poderia contar. Até porque...
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Já sentiu como se estivesse caindo em um abismo sem fim, onde todas as suas esperanças ficam cada vez mais fora da realidade?
Bem, é assim que venho me sentindo os últimos tempos.
A minha vida nunca foi aquelas que vemos em filmes americanos, muito pelo contrário, é exatamente o oposto.
A começar por ter nascido num péssimo momento do casamento dos meus pais: ambos estavam em pé de guerra, brigando por qualquer motivo que fosse. Minha mãe ter ficado grávida de mim foi apenas uma adição indesejada na crise deles.
Crescer sem um amor fraternal já é horrível, agora, viver em meio a uma guerra infinita é um inferno. Qualquer criança teria se rebelado, assim como eu fiz. Até porquê, no começo, parecia uma ótima forma de voltar a atenção deles para mim. Pintar o cabelo, desprezar a tradição religiosa da família e entrar em uma banda de indie-rock foram apenas as ferramentas que utilizei para tal.
Não que isso tenha dado certo, longe disso, só resultou em mais brigas – quando mais nova, tudo que eu mais queria era que algum dos dois desistisse e pedisse divórcio; ao menos teria dois aniversários. Porém isso me ajudou a conhecer melhor a mim mesma.
Ter conhecido pessoas de diferentes tribos com diferentes perspectivas me ajudou muito nisso, ocasionou na descoberta de uma parte de mim que nunca imaginaria que existisse. Foi dessa forma que me descobri ser bissexual, por exemplo.
E com todas essas informações pessoais que, até então, estavam ocultas veio algo novo: uma paixão. Óbvio que já tive pequenos casos com garotos e garotas, mas nunca foi além de beijos e mãos bobas; e o mais importante: nunca me fez me sentir assim. Mas aí, ela apareceu.
No começo, achei que era apenas mais uma atração física, — como de praxe — afinal, quem não sentiria nada perante a Hwang Yeji? Uma garota gentil, bonita e muito segura de si. Compará-la com uma princesa chegava a ser um crime, ela estava mais para um anjo; a estrela mais brilhando em um céu respingado por pequenas esferas de poeira que não paravam de cintilar nem por um segundo.
E era por ela que meu pobre coração tropeçava em suas próprias batidas.
A conheci em uma aula vaga em nosso primeiro semestre na faculdade. Ela estava em uma batalha de dança e eu, como a ótima desocupada que sou, fiquei ali, torcendo por ela.
