Capítulo 1

639 43 15
                                    

O cheiro adocicado do creme que estou mexendo na panela sobe pelas minhas narinas logo de manhã cedo. Coloco algumas gotas de essência de baunilha no creme e continuo misturando. Eu simplesmente amo esse cheiro!

- Olha os pães saindo! - Charles, meu aprendiz de confeiteiro e atendente diz animado ao retirar do forno um tabuleiro cheio de pães doces. - Eles ficaram bonitos!

Dou uma espiada no tabuleiro sem parar de mexer o creme. Os pães estão grandes do tamanho exato e fofinhos, dourados no ponto.

- Realmente, nossa obra de arte é diferenciada. - Digo sorrindo e Charles ri.

- Pois é. Estão cheirosos também. - Concordo com ele.

- Nunca vou me cansar desse cheiro. - Inspiro de olhos fechados mais uma vez o cheiro de pães doces recém assados e isso funciona como cafeína pro meu corpo. Odeio café!

- Vou lá pra fora limpar as mesas antes da gente abrir, okay chefe?! - Dou uma risada pela forma como ele me chama, somente como provocação.

- Okay garoto!

Charles sai da cozinha rindo - ja que hoje ele chegou mais cedo para me ajudar - e eu volto minha atenção pro creme, que não demora a ficar pronto, e eu o deixo esfriando. Começo a preparar os pães para fazer os sonhos.

Olho de relance pela janela de vidro que separa a cozinha da área onde recebemos os clientes e vejo Charles limpando as mesas, como disse que faria. O garoto tem apenas dezessete anos, e trabalha comigo há dois anos já, desde o início. Ele é ótimo no que faz, tem força de vontade de aprender e é muito pontual com seus compromissos. Sem contar que é um bom amigo. Não tenho nada a reclamar de Charles. No momento ele acabou de entrar de férias de verão da escola, então está trabalhando por período integral aqui comigo, e eu gosto da companhia dele.

Enquanto os raios de sol iluminam a cozinha da minha Confeitaria, sinalizando que de fato o verão de Londres já havia chegado, eu coloco o creme no saco de confeiteiro e começo a rechear os sonhos. Coloco eles em fileiras nas bandejas que vão lá pra fora e em seguida polvilho um pouco de açúcar de confeiteiro por cima. Perfeitos!

- Acabei Charles! - Digo ao garoto de olhos verdes que vem ao meu auxílio para levar as bandejas até a vitrine da confeitaria.

- Hum, eles estão com uma cara deliciosa.

- São os meus preferidos.

- Eu sei disso chefe. - Rimos.

Os próximos minutos seguimos organizando todos os pães e doces nas vitrines, assim como tortas doces e salgadas. Ajudo Charles a terminar a limpeza e repor os copos e pratos que utilizamos aqui.

- Abrimos em dez minutos. - Aviso Charles e ele assente pra mim.

Vou até a caixa registradora e abro a mesma, assim quando os clientes chegarem será mais rápido. Dou uma olhada no celular e reviro os olhos ao ver que não tem nenhuma mensagem de Taylor.

- Taylor está atrasada novamente?! - Ele pergunta.

- Sim. Nem sei o porquê falo pra ela chegar aqui as seis e meia para nos ajudar, ela nunca chega! - Suspiro impaciente.

As vezes o trabalho fica pesado pra mim e pra Charles. E principalmente quando ele não está aqui de manhã por causa da escola. Mesmo eu trabalhando até as nove da noite todos os dias para adiantar tudo, fica muito puxado.

Nesse mesmo momento um ser loiro e alto surge correndo pela rua com sua bolsa balançando e os cabelos ao vento e abre a porta da confeitaria ofegante. Taylor!

- Me desculpem mais uma vez! Eu juro que essa foi a última vez que me atraso. - Ela olha pra mim suplicando perdão.

- Você disse o mesmo todas as manhãs nos últimos dois meses. - Digo e ela assente contrariada.

Doce AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora