A transa havia acabado. Era como sempre: Osamu o ligava, eles transavam, fumavam, conversavam brevemente, Chuuya ia embora e no dia seguinte se odiavam e viviam normalmente.
Osamu sempre usou as pessoas em prazer próprio. Foi ensinado assim, aprendeu assim, pensou que deveria ser sempre assim.
Não importava quem usava, não se importava se eles iam embora e porquê iriam. Osamu não cogitava a possibilidade das pessoas terem emoções. Afinal, nem ele mesmo tem muitas.
Osamu estava fumando um Beck, Chuuya reclamou do cheiro ruim. Osamu precisava ficar chapado, ele estava se sentindo corrompido pelo vazio que preenchia sua mente e corpo. Já não estava com tesão então sobrava... nada.
— Que droga Dazai, poderia parar de ser um drogado de merda? Já é o segundo! – Chuuya reclamava enquanto vestia sua cueca. Pegou o vinho que estava tomando antes da transa começar e bebeu no bico mesmo. Seguiu Osamu e sentou ao seu lado, tomando o Beck do de fios castanhos e tragando e relaxando em seguida, devolvendo ao dono.
Chuuya não fumava. Mas fumou dessa vez, precisava tomar coragem.
— Foi mal, chibi. É que eu preciso dessa merda as vezes. Enfim, queria me dizer algo? – Osamu parou de tragar e deixou o Beck de lado, prestando atenção no céu escuro e as ruas com os postes acesos.
Estavam sentados no chão, observando a rua escura e a Lua. Como a parede daquele lado era de vidro, era perfeito para observar.
— Precisamos conversar. – Osamu concordou, esperando o ruivo continuar. — Eu não quero mais transar com você.
— O que? Por que? – Osamu ficou confuso e era aparente. — Eu sou ruim? Eu fico com mau cheiro? Não que eu me importe, sabe, se for algo assim eu preciso melhorar para outras pessoas.
"Ah, claro que não se importa" Chuuya pensou antes de respirar fundo.
— Não é isso. Você não é tão ruim no sexo. Mas é que eu me sinto usado. Você só me liga para transar e eu sempre tenho que aguentar agir como sempre depois até transarmos de novo. Parece que você só quer me usar e nada mais.
Chuuya falou, respirando ao terminar. Não havia notado que tinha prendido o ar enquanto falava. Estava nervoso, ansioso.
Seu coração estava a mil, pensando em milhares de reações. Mas tudo que recebeu foi um olhar confuso de Osamu.
— Você está certo, eu estou te usando. Mas afinal, por que você se importa? Você não é uma máquina de gritar e odiar todos?
O coração de Chuuya pareceu parar por uma fração de segundos.
Que merda de resposta era aquela?
Chuuya se sentia perturbado. Osamu o olhava com aquele maldito olhar. O olhar frio, vazio, cruel. Como se Chuuya não fosse humano. Seus pelos se arrepiaram.
Com a cabeça tonta e a pressão baixa, respondeu:
— Você... não se importa?
Osamu riu. Aquela risada vazia que não transmitia graça alguma, mas que ele queria forçar uma. A cada respiração e ação de Osamu, Chuuya pensava que ele estava pior que o normal. Ele não parecia humano. Não parecia alguém capaz de entender um sentimento humano.
— Não, Chibi. Nem um pouco. Vai me dizer que se importa? Não temos nada.
Ele estava certo. Não tinham nada. E não deveria estar se importando. Mas Chuuya não ligava, sentia seu coração doer. Chuuya não gostava romanticamente de Osamu, nunca sentiu nada, mas aquelas palavras doeram como facadas.
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Não Me Ligue Novamente.
Romancesoukoku | @bakashalaatti2 on deviantart "Não me ligue novamente" foi a última frase que Osamu escutou de Chuuya. Osamu sempre foi alguém tóxico que não entendia direito os sentimentos dos outros, nem mesmo os seus. Por isso, usava as pessoas, sem se...