3. Vinnie

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PAYTON

Payton não conseguia parar de pensar se seria capaz de se adaptar.

"Nunca pensei que pudesse existir um bairro assim em Los Angeles" Comentou com Louis, que riu alto.  

"De fato, irmãozinho!" Uma voz surgiu, fazendo com que todos se virassem para a porta da casa para olhar. Se tratava de Vincent.  "Vince?!" Joanne quase gritou, espantada "O que faz aqui?"  

Vincent Moormeier Hacker era um dos irmãos mais velhos de Payton e sua maior inspiração. Eram poucos anos de diferença, mas sentia-se ao mesmo nível do garoto.   

Os cabelos louros e cacheados, olhos castanhos como os dele e uma disparidade de altura impressionante. Vincent provavelmente estava com pouco mais de 1,80. As tatuagens pelos braços e peitoral eclodiam-se pela regata branca. Ele nunca sentia frio?  

"Eu sei que já faz um tempo..." Ele coçou a nuca, fazendo uma careta engraçada "Mas, estou morando aqui por perto e digamos que alguém me contou estarem de mudança" Seus olhos foram para Louis, a pessoa a quem se referia.  

Vince saíra de casa aos treze anos depois de uma briga com Nate, decidindo tentar uma vida longe de todos. Ele viajou com amigos e nunca mais voltou, às vezes ligava para dizer estar bem.   

O que ninguém sabia era que secretamente ele voltava a dar as caras em Jaywick Sands vez ou outra, mas o único a vê-lo sempre era Payton. Passeavam de moto para fora da cidade nas redondezas, iam às praias escondidas e fumavam cigarros juntos desde que começara com o vício. Eram confidentes nisso, Vince o fez assegurar que não contaria a ninguém.   

Seus olhos não manifestaram surpresa ao encontrá-lo ali e agora, não fazia muito tempo desde a última vez que se viram. O garoto alto e pálido era sua influência, embora ainda assim fossem muito diferentes um do outro.   

"Você cresceu tanto" Joanne murmurou, correndo para os braços do rapaz que retribuíra imediatamente a demonstração de afeto da mãe. Ao observar aquele abraço apertado entre os dois, algo no peito do pequeno Payton esmoreceu.   

Vinnie parecia tão frágil naquele instante, tão cheio de carinho. Não compreendia. Ele era durão sempre e de forma inevitável seguia seus passos, mas como ele pode mudar tão rapidamente com um abraço? O que torna isso especial?  

Fora como se, mesmo longe todo esse tempo, aquela ainda fosse sua casa. As pessoas eram casas e Payton percebera estar sem teto algum.  

Uma criança que não sabia amar. Era uma criança, esse monstro que os adultos fabricam com as suas mágoas.  

"Senti falta de todos vocês." O cacheado sorriu, encarando desconfortavelmente Nate que estava no canto da sala, ao lado do corrimão.   

Payton negou com a cabeça, se irritando com toda aquela emoção. Tirou o maço amassado de cigarro do bolso esquerdo e rumou para o quintal. Ouviu passos e a voz do irmão o seguindo, mas não deu importância até pegar o isqueiro.  
 
"Como pode dizer que sente falta deles quando visitava nossa cidade e nunca os encontrava?" Pronunciou-se, fazendo Vincent bufar irritado.  

"Você sabe que eu não podia! Isso não muda o que sinto, não me faz amá-los menos"   

"E o que é amor para você?"   

E lá estava ele com sua mania de questionar tudo novamente. Fazia sem ao menos perceber.  

"Olhe, Payton, guarde o que vou te dizer agora. Mesmo que possa me odiar daqui a uns anos, que eu morra, ou que as coisas permaneçam as mesmas" Se aproximou "Às vezes, você vai ter que tomar decisões que machucam pessoas que goste. Talvez as percam para sempre com isso ou talvez elas te esperem voltar para seus braços novamente. Mas vai ter que se decidir sobre o que é melhor para ou você, o que te faz feliz. O que não pode acontecer é que fique em um lugar ou com alguém que te faça mal apenas para encher sorrisos dos outros."  

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