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Essa história surgiu durante uma madrugada. No meio daqueles surtos de criatividade estranhos que nós escritores temos ao olhar para o teto por tempo demais e começar a se questionar "E se...?"

E deste simples "E se...?" um universo inteiro se criou na minha cabeça.

À princípio, A Prodigiosa Filha de General deveria ser somente um conto breve, direto e de no máximo 1000 palavras, mas ele cresceu bastante e provavelmente ultrapassará os 10 capítulos. (Enfim, os dedos nervosos).

Ainda sim, estou bem ansiosa com o decorrer da história, pois me desafiei a escrevê-la sem roteiro (😵‍💫), apenas tendo conhecimento de alguns pontos da história. Logo, nem eu sei ao certo onde essa história irá terminar e descobrirei tudo junto com vocês.

:. Gostaria de agradecer a @seagull_ que fez um trabalho maravilhoso com essa capa.

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1. O desafio

Havia em Silla uma filha de general prodigiosa. Seu nome era Kim Ji-Soo e ninguém, homem, mulher ou besta, ousava a desafiar em uma luta.

Seja em arquearia, confronto corpo-a-corpo ou montado; seja duelo de espadas, bastão ou lanças, ninguém a vencia. Suas habilidades não possuíam desafiantes a altura e até mesmo sua majestade o rei a admirava e a floreava com elogios. Entre as garotas nobres da mesma idade, era a favorita - e devido a isto exercia sua dose de privilégios desde tenra infância.

Quando os lençóis foram manchados e a idade do casamento chegou, a confiança e arrogância de Kim Ji-Soo haviam crescido na mesma proporção de seus ossos. Não julgava nenhum dos nobres rapazes um candidato a sua altura e se entendiava nos passatempos que os envolviam. Cortejo, danças e falas educadas lhe tirava os poucos nervos que tinha, uma herança singela da mãe. Todo o restante, desde o curto temperamento ao nariz constantemente enrugado, viera do pai. 

Por isso, quando dedos começaram a ser apontados e scalou a muralha da cidade usando um lindo hanbok formal de caça e anunciou ao povo o seu desafio:

— Casarei com qualquer um: príncipe, nobre, plebeu, ladrão ou escravo, desde que me derrote em uma disputa limpa.

O sol incidia atrás de suas costas. As ombreiras de arquearia e capa branca com detalhes de águia, em brocado, davam-lhe o ar cultivado e digno dos heróis da guerra e das ninfas. O que era deslumbrante aos olhos e deu intensidade e veracidade às suas palavras.

As pessoas da capital naturalmente fofocaram. Contaram as boas novas aos amigos que não estavam presentes na hora do anúncio.

— É verdade, eu não minto.

Entoaram canções nos teatros pansori

Havia uma filha de general
Que em cima do muro da cidade subiu
Com sua beleza e orgulho real
Um desafio ela então intuiu

"Eu me casarei com quem me derrotar
Numa disputa de habilidade e valor
Oh, bravo guerreiro, venha lutar
Mostre-me sua destreza com ardor!"

Os que sabiam escrever enviaram cartas para aquele primo distante que havia ficado muito alto e forte e o incentivaram a tentar a fortuna de ganhar a mão da prodigiosa filha do general. Os que não sabiam, enviaram um mensageiro

— Traga-o nem que seja a base a força! Se já estiver casado, separe-se!

Em pouco tempo, as notícias se espalharam pela capital e além de seus muros de pedras. Correram, galoparam e navegaram em todas as direções da rosa do vento e, assim, não tardou para chegarem em todo tipo de lugares e ouvidos célebres.

A prodigiosa filha do general | JensooOnde histórias criam vida. Descubra agora