𝐈𝐈 - 𝐒𝐦𝐢𝐥𝐞

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❝Você chora como se a dor fosse sair junto das suas lágrimas

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Você chora como se a dor fosse sair junto das suas lágrimas.
Mas ela não sai.❞

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       Se você quer saber, por quê. É porque sorrir é como uma corda acessível que todos poderiam jogar para seus companheiros que estam caindo para o fundo do poço, e qualquer um que já esteve realmente lá, não deseja o mesmo nem para seu pior inimigo, ou a pessoa que o empurrou lá de cima.

   É por que Midoriya Izuku, é um herói. E heróis, precisam salvar corações também.

   O sinal tocou. O distraído Izuku voltou sua atenção a saída, todos estavam passando por ela com nenhuma animação aparente, a maioria tinha seus ombros curvos de cansaço, provavelmente desejando voltar a suas camas.

   O clima era quase sempre o mesmo, ninguém superou o último ataque. Izuku, nunca iria o superar. Foi minha culpa afinal.

   Ele também não estava apto para animação hoje, então não fez muito diferente do restante dos alunos, com a exceção de sempre cumprimentar com alegria todos que o viam.

   O dormitório era um local frio desde o incidente, era como voltar para um palco de terrores e aceitar participar da peça. Todas as lembranças gravadas nas paredes que agora pareciam sem cor traziam Yamikumo para a memória de todos.

   — Viu o Shinsou? —

   Perguntou a Katsuki que andava a seu lado.

   — Eu lá vou saber desse morto-vivo? —

   Respondeu com arrogância, afinal, é Bakugou Katsuki. Izuku sorriu fino e ignorou o restante dos insultos, subindo as escadas em direção ao quarto de Hitoshi. Percebeu que o ametista não parecia bem no dia de hoje, embora todos estivessem carregando o mesmo tipo de áurea em volta de suas cabeças.

   — Shinsou-kun? —

   Bateu na porta. Hitoshi era o melhor amigo de seu irmão, se completava seis meses sem ele e Izuku sabia que Shinsou poderia estar voltando para o luto, ou apenas empacado no mesmo lugar sem conseguir sair.

   A porta abriu devagar, o ametista opaco de seus olhos foi uma visão dolorida para Midoriya. Yamikumo sempre tinha o mesmo olhar ao acordar.

   — Entra. —

   Dizia deixando a porta para se embolar em seus lençóis novamente. Midoriya entrou fechando ela logo atrás.

   — As aulas acabaram mais cedo hoje devido ao clima, seria ruim ter muitos alunos gripados. —

   Puxou assunto. Shinsou se virou na cama, olhando o esverdeado escorado na porta que havia acabado de fechar, ele caminhou até o centro do quarto ficando por lá.

   — Senta aqui. —

   Pediu batendo a mão no colchão. Midoriya não viu problema em fazer-lo, esperando que Shinsou fosse desabafar com ele.

   Gostava de Shinsou por isso, eram rara as vezes em que dizia o que sentia, mas ainda o fazia. Eram parecidos em vários sentidos, desde o problema com suas infâncias até o presente, Izuku só se sentia um pouco mais confortável quando se tratava do arroxeado.

   Seu braço foi puxado e ele deitou no colchão junto do amigo, sendo abraçado por Shinsou. Nenhum dos dois falou nada por um longo tempo.

   Izuku suspirou se ajeitando no abraço, precisava disso, não que fosse dizer, ou melhor, não precisava.

   Ambos ficaram em completo silêncio, sabiam que não precisavam conversar de modo direto, estavam equilibrando o peso do luto juntos bem naquele momento. Ao menos é isso que Izuku pensa, mas embora boa parte dos pensamentos de Shinsou estejam em Yamikumo que sempre compartilhava de sua merenda com ele e competiam sobre quem dorme mais ou cuidava de gatos de rua, a maior e mais importante parte estava em Izuku, sempre esteve.

   Izuku com certeza era a pessoa que mais estava sofrendo com aquela situação, mas estava sempre sorrindo, e diferente dos outros Hitoshi não achava aquilo o sinônimo de alguém forte, mas o de alguém que implorava por algum abraço, por um silêncio mútuo e confortável no qual pudesse chorar e gritar e ser o único a ser escutado, mesmo sem dizer uma única palavra.

   Enquanto as lembranças sobre seu irmão inundavam sua mente, Izuku não pode deixar de se sentir triste mesmo estando com Shinsou. De certa forma o arroxeado conseguia o fazer vulnerável e ele não sabia se deveria agradecer ou odiar aquilo. Seus problemas dos menores aos maiores que sejam nunca foram compartilhados, as poucas vezes que se permitia, vencido pela exaustão e medo do que faria se continuasse afogando o fizeram desabafar apenas com Yamikumo e ninguém mais.

   Shinsou não é Yamikumo, não o faz se sentir como Yamikumo, não tem a irmandade que Yamikumo, não o irrita e o faz feliz como Yamikumo, mas com toda certeza o deixa mais confortável e seguro do que seu irmão conseguia. Talvez fosse por terem crescido juntos e conhecer o gênio de seu irmão e parte de seus problemas e não querer o preocupar que não pudesse ser tão aberto quanto sentia que poderia com Hitoshi.

   Foi por isso e pela dor escruciante em seu peito que não segurou aquelas lágrimas silenciosas que saíram. Escondeu um pouco mais o rosto no peito do ametista e se permitiu ficar daquele modo enquanto recebia o carinho no cabelo.

   De certa forma, está tudo bem se nada estiver bem, desde que Shinsou esteja ali.

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CONTÍNUA

Revisado pelo anjo fujoshifooda_

Behind He's Smile |BNHAOnde histórias criam vida. Descubra agora