Debaixo dos cobertores | Encanto

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Alma Madrigal confiava em Félix. O homem era um perfeito cavalheiro. Ela sabia que ele nunca agiria pelas suas costas. O problema era sua filha ruiva. Pepa era a mais difícil entre os seus filhos. Julieta era seu orgulho, e Bruno... ele era Bruno. O seu filho não tinha ninguém além das suas irmãs e os seus ratos para conversar. Augustín e Félix conversavam com ele também, mas não com frequência. Seus genros estavam ocupadas demais cuidando das filhas dela. Apesar de Félix ser um homem obediente, ela sabia que ele beijava o chão que a sua filha andava, e temia que isso não fosse a única coisa que Pepa queria que ele beijasse. O desejo da sua filha era um comando, e o seu genro atenderia como seu humilde servo. Com isso em mente, ela não fez um pedido, ela deu uma ordem. Alma ordenou que Julieta e Bruno cuidassem para que Pepa e Félix não ficassem sozinhos juntos.

Julieta estava preocupada em deixar Bruno sozinho na missão deles. No entanto, Agustín queria fazer um piquenique com ela. Com todos os preparativos para o casamento da sua irmã e a ordem da sua mãe, Julieta achou que eles mereciam um tempo juntos. Apesar dela duvidar que o seu irmão prestaria atenção em algo que não fosse fazer roupas para os seus ratos, ela sabia que casita não deixaria Pepa ir muito longe. Eles voltariam em uma hora, e tudo estaria bem. Com esse pensamento, ela foi tranquila apenas para se arrepender quando voltou.

- Cheguei hermanito. - Julieta anunciou, sendo saudada pela casita.

- Como foi o piquenique? - Bruno perguntou, não deixando os olhos da agulha que estava segurando.

- Foi ótimo. Estou feliz que o clima hoje esteja agradável hoje.

Sim, ela estava feliz e impressionada. Julieta sabia que na maioria das vezes, Pepa tinha uma nuvem na cabeça o que se transformava numa chuva em cima da cabeça de todos. No entanto, era estranho. Pepa ficou em casa por uma hora, e estava de bom humor. Bruno e casita formavam um bom par afinal.

- Eu vou levar essas coisas para a cozinha. - Augustín falou ao passar por Julieta e Bruno, segurando uma cesta e uma toalha quadriculada.

- E então, o que você fez para Pepa ficar tão contente?

- Hmm? - Bruno finalmente levantou a cabeça, fazendo um baixo som de dor. Sua expressão confusa.

- Não me diga que esta com dor no pescoço porque ficou a tarde toda costurando roupas para os ratos, e esqueceu de cuidar da nossa irmã? - Julieta revirou os olhos quando Bruno começou a massagear seu pescoço dolorido.

- Não foi a tarde toda, foi só por uma hora. Aliás, quase consegui terminar um. - o mais novo sorriu orgulhoso para o seu trabalho.

- Bruno! - Julieta ergueu a voz.

- Acalme-se, Julieta. Pepa foi ao banheiro. Foi apenas isso. - Bruno voltou a sua aten ção para a roupa tricotada.

- Quanto tempo faz? - ela fez uma careta.

- Eu não sei. Não estava contando - a sua boca se contorceu tentando decidir se a roupa estava muito pequena para o seu rato.

Julieta parecia ter tido o suficiente porque ela suspirou alto, e foi em busca de Pepa. Ela não estava feliz em seguir as ordens da mãe, mas era necessário. A mulher mais velha dos
trigêmeos sabia que nenhum dos quatro ouviria o fim dos sermões caso algo inapropriado acontecesse. Os seus pensamentos iam e viam sobre como ela seria chamada de irresponsável, Bruno sendo castigado, Félix sendo obrigado a terminar seu noivado, e Pepa destruindo tudo a sua volta com sua tristeza. Bruno colocou a agulha cuidadosamente em cima da roupa e se levantou, correndo atrás da irmã.

- Espere! Eu tenho certeza que ela está demorando por um motivo razoável. Talvez seja aquele dia do mês. Talvez ela esteja com dor. - Ao subir na escada, ele tropeçou nos seus próprios pés.

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