Uma interação inesperada

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Brett estava em seu quarto, deitado na cama, pensando na cena que acabara de presenciar.

O dia começou bem. Após fazer todo o trabalho habitual na fazenda durante a manhã e almoçar, Brett decidiu fazer um bolo para o café da tarde. Logo percebeu que havia se esquecido de comprar farinha na mercearia do Pierre na noite anterior, como havia programado, então saiu rumo à loja para comprar um saco. Ao chegar na mercearia pouco tempo depois, viu um aviso: "Fechado. Pierre tem uma consulta no médico."

Brett decidiu então pedir algumas xícaras de farinha para um de seus colegas na cidade e logo se lembrou de Evelyn. Ele e a doce senhora haviam se tornado muito próximos, já que Brett sempre a presenteava com algumas das Tulipas que cultivava em seu jardim e conversava com ela quando a via na praça central, então achou que ela não lhe negaria um favor tão pequeno e talvez até lhe desse algumas dicas sobre a melhor forma de assar seu bolo, tendo em vista sua reputação como a melhor cozinheira de Pelican Town. Ao chegar na casa de Evelyn, bateu na porta e logo foi atendido pela senhora.

— Oi, Brett! Fico feliz com a sua visita, mas não estava esperando que alguém viesse hoje. A casa está toda bagunçada, mas entre! Fique à vontade. George está dormindo; sei que ele pode ser meio duro com visitas, então não precisa temer nada.

— Muito obrigado, dona Evelyn, mas não precisa se incomodar. Não quero entrar nem gastar seu tempo. Vim aqui só para pedir algumas xícaras de farinha. Quero fazer um bolo, mas não tenho em casa e o Pierre está fechado.

— Ah, sem problemas! Nunca falta farinha de trigo aqui em casa, já que uso sempre para preparar meus famosos biscoitos. Eu poderia fazer uma fornada para você qualquer dia desses. — Evelyn tinha a mania de presentear a todos que gostava com seus biscoitos. Eram deliciosos, mas Brett ainda não havia comido todos os que ela havia dado na semana passada. — Venha até a cozinha. Aqui, pode levar esse pote, desde que me devolva amanhã! —ela riu.

Evelyn começou a procurar a farinha em cada armário, mas não encontrou. Irritada, disse:

— Alex deve ter usado a farinha e colocado no nariz dele... Aquele menino faz suas receitas e enfia tudo no lugar errado, sem falar nos ovos que consome numa velocidade inacreditável. Abri a geladeira essa manhã e não tinha um sobrando, acredita! — ela disse com indignação. — Querido, pode subir até o quarto dele e o chamar para vir buscar? Eu mesma iria, aproveitava a viagem para dar uns tapas naquele menino pela bagunça que faz na casa, mas é capaz de que eu morra subindo aquelas escadas até o quarto.

Brett hesitou por um momento, mas aceitou logo em seguida.

Diferente do que aconteceu consigo e Evelyn, Brett não se relacionara bem com o neto da senhora quando chegou no Vale há alguns meses. O garoto era extremamente arrogante. Andava com o nariz sempre em pé, cheio de bravata. Fazia comentários em alta voz sobre seus feitos atléticos e a carreira de jogador que sonhava para si no futuro. Isso sem mencionar as vezes em que Brett o pegou rindo de sua falta de jeito com o trabalho pesado da fazenda.

Mas as coisas haviam mudado. Nas últimas semanas, Alex havia parado com suas provocações e se aberto mais. Brett não sabia como definir a relação entre os dois.

Um dia na praia, ele havia puxado assunto quando encontrou Brett pescando. Os dois falaram sobre o tempo e algumas outras coisas. Alex até resolveu tentar o ensinar a jogar grid ball, seja lá o que fosse esse esporte, e elogiou as tentativas de Brett em aprender como manusear a bola, mas então voltou a falar de si mesmo e de sua carreira, sobre como deixaria a vila e todos os moradores medíocres pra trás um dia. "Ual. Você é incrivelmente arrogante.", disse Brett na ocasião antes de ir embora sem olhar para trás. Ele se perguntava se havia sido duro demais com esse comentário.

Alex E BrettOnde histórias criam vida. Descubra agora