levanto-me

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Sento na cama, me espreguiço bocejando e respirando fundo.

A música continua tocando:
" aí penso no futuro e vejo que vc tá junto comigo ".

E aquele homem moreno e cheio de sorrisos brincalhões andando pela casa com uma frigideira e falando:

- sua preguiçosa, demorou a acordar, tive que fazer o café da manhã.

Indo em direção a cozinha lá foi ele sacodindo a panela para cima e para baixo, para um lado, e para o outro.

Animada para comer junto com aquela pessoa, que eu amava tanto.

- então qual é o o café disponível para nós, chefe de cozinha?

- Ovos fritos, dos melhores!.
Ele chacoalhou a panela bem forte.

Eu disse:
- cuidado seu bobo, vai derrubar nosso lanche.

- quem é que é bobo aqui? Melhor respeitar o chefe de cozinha em. Falou rindo e balançando a frigideira.

Dava uma pequena raiva em mim, rapaz mais atrevido! Só que aquele sorriso espontâneo me amolecia novamente.

Peguei o copo e a garrafa, e coloquei café, sorrindo, fazendo careta, para aquele molecão que me tirava sorrisos á toa o tempo todo.

E o som...
"Nós dois cuidando do nosso filho"

Largando o copo de café e beliscando algo na cozinha, ele chama:

- Vamos! Vamos ! Temos que buscar nossa menina. Ela já deve ter saído da escola.

- já vou! Me espera bruntamonte chato!

- cuida então!

- vou passar na sua frente, vai ver como sou rápida.

- mas anda feio! Cambita!

- nossa que raiva! Você sabe me irritar né ! Não olhe mais pra mim, quero nem saber mais de você.

Logo o vi passar em minha frente, ficou parado, pedi para sair do caminho:

- saia do meu caminho!

Empatando de mim seguir em frente novamente, para de braços abertos bem na minha frente, me olha sério, enquanto fico emburrada, e diz:

- eu te amo, você sabe meu amor, e também sabe que é a mulher mais linda desse mundo!

Mesmo eu estando com os braços cruzados, e brava, ele me pega no colo e me dá aquele beijo.

- já que me ama tanto ...  Deixa eu andar de cavalinho deixa, deixa.

- vai! Sobe logo então.

Aquele homem menino era tão alto, e forte, me agarrei em seu pescoço, dei um pulo, abracei minhas pernas em sua barriga, que por sinal era sarada. Ele pulava bastante, brincava, sacudia e corria. Éramos duas crianças, diante aquela cena, não havia mais ninguém, apenas nós.

Aqueles pulos estavam me estressando, é como dizem, tudo demais injoa.

- já tá bom! Chega! Se não vou acabar vomitando de tantos pulos.

- não! Agora que tá bom. Falou debochado.

- para! Vou dizer só mais uma vez!. Falei já batendo, dando socos nas costas dele.

- aí sua bruta! Pra quê isso! Falou parando.

- hoje você está atentado né! Gritei descendo, enfurecida.

- eu? Eu mesmo não. Disse zombeteiro.

Nesse momento minha irmã passou de bicicleta.
Eu disse:

- vai lá pegar a menina que vamos de encontro.

- tá.

Passou tão ligeiro que sumiu.
Ao ver que estávamos atrasados e que minha irmã estava rápida de bicicleta, ele disse :

- vamos correr! Jajá ela aparece e como ficamos?.

Eu já preocupada com minha filha.
- vamos agora mesmo!

Dei um beijo nele. Ficava tão fofo sério, preocupado.

Ele passou na minha frente. Pude vê-lo bem distante, queria ultrapassá-lo mas não consegui, já estava bastante cansada.

Derrepente ouvi um barulho de um carro em alta velocidade, apressei o passo, um mal pressentimento tomou conta de mim.

Quando dei por vista vi um carro em sua direção, meu coração acelerou, comecei a tremer.

- Olha o carro !!!! Corre pro lado!!

Nesse segundo eu pude ver minha vida toda sem ele, foi como se o meu mundo tivesse desabado, me arrependi até de ter sentido raiva dele.

Quando o vi parado respirando rápido, e o carro passando do meu lado, consegui me recuperar do susto, apesar da lágrima ter escorrido em meu rosto.

- meu amor tá tudo bem? Quase morri contigo, que susto! Para de ser desastrado! Presta atenção onde anda. Mesmo brigando, eu estava chorando.

- quem quase morreu fui eu. Ele fala me abraçando.

Demorei um pouco em seu abraço.

Lembrei da minha garotinha. Grudei na mão daquele homem e não soltei mais.
Minha irmã já estava me esperando. Desceu minha filha, deu Tchau e foi embora.

Ao nos ver a menina deu um sorriso enorme, banguelinha, nem tinha nascido todos os dentinhos, tinha por volta de 3 anos. Abriu os bracinhos e veio correndo em nossa direção, fiquei encantada, não tem como não ficar.

- minha menininha!. Ele sorriu, correu de encontro e abraçou aquela pessoainha pequenininha, beijou na testa e na bochecha.

E lá estavam vindo os dois amores da minha vida de encontro a mim.

Mas ao atravessar a rua, vinha um caminhão em alta velocidade.
Foi tão rápido que a única ação que tive foi puxar na mão do meu marido que estava segurando minha filha. Caímos os três um em cima do outro, e ainda bem que a menina caiu em cima de nós e eu fiquei por baixo de todos, doeu, mas valeu apena, apesar do carro já ter freiado antes, acho que foi o susto de antes que me fez agir assim no impulso e tão rápido.

Peguei na mão da minha filha, e na mão do meu marido, porque estava meio difícil confiar nele, depois de ter me dado tanto susto em um dia só, e fui de volta para casa.

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