Parents and Friends

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É engraçado como as pessoas passam rápido por nossas vidas e nos deixam marcas tão profundas. Pode ser qualquer pessoa; um desconhecido que você tenha ajudado, algum amigo ou parente. Foi assim com você dona Anne. E nós sabemos muito bem que uma pessoa não se passa duas vezes na vida de alguém.

Sempre com um sorriso no rosto e disposta a ajudar a quem precisasse. Ações usadas com a lógica e sempre estando presente para os filhos, estando nos momentos mais divertidos até os mais importantes. Como, por exemplo o dia em que se assumiu para a mãe. Pensou que tudo iria por 'água abaixo' e com suas mãos tremendo foi até ela contar a verdade e terminando com o garoto chorando ao colo de sua mãe por ter o aceitado do jeito que é. Com certeza esta é uma de suas memórias favoritas.

Antes de mamãe falecer, a mesma aparentava estar bem. Brincava com as crianças, elaborava biscoitos de gengibre enfeitados para o Natal, resgatava cachorros de rua para dar o de comer e beber e nas férias, sempre que possível, viajavam para diferentes praias.

Enquanto o menino Harry foi crescendo e virando um Garoto, observou mais a mulher quando não queria sair para encontros casuais com amigos e alguns conhecidos, ele conseguia ver uma realidade diferente da vida que levava diariamente. A mulher vivia deitada ao sofá, chorando ou realizando tarefas ao marido. Era realmente cansativo.

Vez ou outra aparecia com alguns hematomas ao corpo com alguns cobertos com maquiagem. Ele era apenas uma criança de doze anos que não sabia nada da vida e do mundo lá fora. Não sabia da maldade do mundo e do que as pessoas conseguem fazer.

O garoto teve tanto medo de a perder que acabou perdendo. Não irá negar que ainda observa suas fotos durante os dias com uma imensa dor no coração, sabendo que talvez, enquanto ainda desse tempo, poderia ter ajudado a mãe e conseguiria socorrer-la. Talvez ele não tenha sido suficiente para faze-la ficar pelo menos mais um pouco.

É difícil ver alguém importante indo embora e sem poder fazer nada por ser tarde demais. Mas ele era apenas uma criança, o que poderia fazer? Agora está sentado e apenas observando porque não tem mais força e capacidade de correr atrás de algo que não tem mais volta.

Dizem que o tempo não leva a dor embora, apenas a solidifica ainda mais e ele está aqui para comprovar ser a mais pura verdade.

Logo após mamãe falecer, o menino apenas sentia falta de sua ingenuidade de criança em relação ao pai. Pensava que ele era legal, julgava que era um homem bom e o problema foi que o valorizou demais, valorizou alguém que não merecia toda essa atenção, alguém que apenas usou seu filho por diversão. Fez e ainda faz pensar se foi e é o bastante para conduzir alguém ficar, mas ela não está mais aqui e agora joga isso na minha cara me culpando de ser o motivo de agora estar morta.

Entao é preferível apenas se prender nas memórias de uma pequena criança que apenas não sabia de nada.

Penso que a única razão de sermos tão apegados em memórias, é que elas não mudam, mesmo que as pessoas tenham mudado, e a verdade, é que nunca sabemos em que posição estamos na vida das pessoas, porque uma hora ela nos trata como especial, e depois como um qualquer.

A noite de passada foi turbulenta. O Pai sentado na sala com uma cerveja long neck em sua mão direita tomada pela metade e outras nove ou dez jogadas pelo chão e mesa de centro da sala de estar e a única parte que consegue se lembrar é:

— Anne não é "aquela mulher". Ela é minha mãe e merece respeito! — Harry se exalta. Falar daquela maneira de uma mulher tão boa deveria ser um pecado.

— Que seja! Ela não merece respeito. Já está morta! Debaixo da terra a anos e nem sequer existe mais! — Desmond se levanta do sofá se aproximando dois passos do menino.

Pluviophile || L.SOnde histórias criam vida. Descubra agora