A grande Cerejeira e a Centelha Divina

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Este capítulo começa no momento em que acaba o anterior, após todos terminarem de exclamar o nome de Absalon e o mesmo cair no chão...

— Sá- Sábio Absalon?? Oque o senhor está fazendo pulado de uma janela com uma idade tão avançada?? Porque não entrou pela porta?? — disse Shosue com uma cara surpresa e envergonhada porque o ancião do vilarejo a viu contando contos fantasiosos para crianças, fato esse que só Khaija sabia até então, sem querer deixando o livro do conto de Last Wish cair no chão em meio a essa confusão.

— Há Há! Sabe como é minha bela Shosue, não é porque eu estou nos meus 94 anos que não quer dizer que não estou em forma! — disse o sábio.

Ele tem aproximadamente 1,48 metros; um cabelo curto que lembra os cortes militares e claramente cinza; possuía uma pele morena e um pouco caída e um físico mais magro e frágil a primeira vista; usava um óculos com armação vermelha, pois tinha um alto grau de miopia; olhos de cor marrom claro, trazendo sempre consigo um cajado com cerca de 2/3 do seu tamanho; sua personalidade é um tanto quanto curiosa, apesar de ser conhecido por todo vilarejo como o ancião mais velho e um grande sábio, seu modo de ser é bem descontraído e brincalhão na maioria das ocasiões. Assim como Shosue tem um enorme carinho por crianças e admira a juventude, bem como seu processo de evolução no geral, não atoa uma de suas frases é "A juventude é mais bela quanto mais livre ela for, assim como a neve, que quanto mais ela cai mais bela fica ".

— D- De- De- Desculpa te colocar numa situação dessas senhor Absalon, não queria que justamente você soubesse que eu, uma adulta crescida, contava contos de aventureiros para crianças... – disse a mulher, enquanto abaixava o seu tom de voz, diminuía a velocidade da fala e abaixando a sua cabeça gradualmente até que seu queixo tocasse o seu pescoço. Quanto mais ela tentava disfarçar, mais a sua vergonha aumentava.

— Do que você se envergonha, bela Shosue? É por estar aflorando a juventude desses pequeninos? – pergunta o ancião, buscando reconforta-la – Não há o porquê se envergonhar, e olha que quem está te dizendo isso é um velho que mal consegue ir ao banheiro sem precisar de ajuda, hahahaha! – Complementa, rindo alegremente enquanto se levantava com a ajuda do seu cajado.

"Todos o aclamam como sábio e ancião, mas desses dois ele não tem nada, as vezes até penso que ele é uma criança" Assim pensou Khaija depois da última fala de Absalon

— Ma- Ma- Mas eu estou me rebaixando a esse nível na sua presença! Era para eu estar em meu tempo de almoço do meu trabalho, mas ao invés de estar descansando, estou aqui sendo imatura e deixando a minha profissão de lado...

De repente, as crianças e inclusive Yuunji, a abraçaram na região da cintura, se espremendo na parte frontal de Shosue, todas olhando pra cima com um sorriso de gratidão tão puro que somente uma criança consegue fazer. Ao ver a situação, Shosue por um breve momento pensa "Porque elas estão me abraçando? Eu as fiz ver essa situação toda e..." mas antes de terminar seu raciocínio, Yuunji a interrompe dizendo:

— Obrigado por sempre ler contos para mim, Shosue, você é uma mãe que eu nunca tive... Obrigado.... – afirma gentil e espontaneamente, demonstrando a pureza e gratidão em um único ato.

Nesse momento voltamos a seis anos no passado, em um dia nublado. Sem ninguém saber como, um bebê dentro de um cesto com diversos panos surgiu em frente a casa de Absalon que, por não querer deixar o garoto para o lado de fora do vilarejo naquele clima duvidoso, decidiu o acolher e adota-lo, não como pai mas sim como seu avô. Após colocar o cesto e o bebê para dentro, percebeu que tinha dois nomes escritos com uma letra antiga e desorientada em um papel, os nomes eram "Yuunji" e "Hengo", e então colocou os dois nomes no garoto. Yuunji viveu sua vida aos cuidados do sábio, assim que completou 4 anos recebeu o seu cachecol de Absalon, o mesmo o disse que aquele cachecol os ligariam para sempre, assim como a raiz de uma grande árvore está ligada ao seu tronco. A partir deste momento, ele nunca mais soltou ou deixou alguém tocar naquele cachecol, tornou-o para si "um pedaço de seu vovô", que jurou levar consigo e estar sempre com ele. Concomitantemente a isso, fez uma melhor amiga e alguns amigos pelo vilarejo.
Nessa idade ainda, foi quando ele pela primeira vez ouviu de Shosue o clássico conto de Last Wish, maravilhando-se com a lenda. A partir desse evento, passou às manhãs e noites na casa de Absalon, o começo da tarde ajudava Shosue em seu trabalho e passava tempo conversando sobre diversos contos com a mulher, já no meio e final de tarde passava brincando com sua melhor amiga e seus outros amigos. Porém, para Shosue, os momentos entre ambos eram bem marcantes, como o dia que ele quebrou um lampião do seu local de trabalho brincando de ser pirata, ou também como na vez que eles pescaram um peixe tão grande que serviu de almoço para todos naquele dia. Para a moça, todos esses momentos a marcaram muito e ouvir essa fala a lembrou de como aquele garoto não tinha para si um símbolo de mãe, assim como ela não tinha um símbolo de filho. E então, naquele dia em que ela o conheceu através daquele conto e em diante, um completou para o outro aquilo que lhe faltava em seu coração... quando bela mulher percebe isso ela deixa de sentir vergonha, passando a se sentir seu coração quente.

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