Era uma vez um menino de olhos grandes, cara pálida e que andava com uma linha amaldiçoada presa em seu dedo.
O garoto era só. Não sozinho, apenas só. Conversava só, comia só, caminhava só e chorava só. Nunca sozinho...
Sua sombra era acompanhada pela simples imagem da linha.
Todas as crianças da vila fugiam quando o menino se aproximava, ele era descrito como "estranho" ou conhecido por "esquisito garoto pálido de olheiras profundas"
Os mais velhos o olhavam com desprezo, ou ignoravam-o. E os boatos e histórias inventadas eram o único suprimento dados por eles ao garoto.
Ele estava vazio, toda a sua energia era consumida pela desprezível linha.
Era mais frio que a mais gélida e fria noite.
Não tinha pais. Sem família. Nenhuma companhia, apenas a linha.
Não sabia quando a havia ganhado. Sua primeira memória, ela já estava lá.
Não sozinho, apenas só.
O menino chorava toda noite, lágrimas faziam descidas perfeitas em seu rosto. Outras eram engolidas.
Sua falta de energia não o deixava sorrir. Seu vazio era exposto apenas a choros.
Certo dia, na lua mais cheia, o garoto escutou uma voz.
"Por que chorar quando estou no meu maior espetáculo?"
O menino não sabia do que falava e nem de onde era aquela doce voz.
Olhou para os lados, à sua frente, até mesmo atrás de si, mas nada.
"Como ousa me desprezar dessa forma, garoto!"
A voz parecia chateada e ela ainda o intrigava. O brilho intenso vindo da janela cobria a vista.
"Venha até onde meu brilho o chama" a misteriosa continuou. "Venha depressa, garoto."
Era a imagem feminina mais linda que ele tinha visto.
Seu cabelo arrastava pelo chão, o preto mais escuro que a noite, e seu vestido, o total oposto, não tão longo, nem tão curto. A cor...o branco mais estonteante. Perplexo, ele caminhou até ela.
"Você é a coisa mais calma e bonita que meus olhos já viram" disse o menino com seus olhos grandes encantados.
A dona da voz misteriosa não tratou de se apresentar e nem mostrou interesse para o mesmo com o garoto. Seus olhos pareciam fixos na linha.
"Por que choras, garoto? Tão pálido, tão frio, tanto desprezo". O menino ainda parecia perplexo ao escutar a voz, nenhum piscar foi desperdiçado.
"Não está me admirando, não escuto nenhuma prece..."
"Eu a admiro, admiro muito, a coisa mais perfeita que meus olhos já viram" ele interrompeu ela.
"Não me admira não, seus olhos nunca foram voltados para mim, aliás, pelo que eu vejo, nada ao seu redor é admirado". Ela não parecia exaltada, pelo contrário, parecia confiante comandando as palavras, e continuou. "mas você me fascina, pois tem algo que poucos tem".
"Eu? motivo de fascínio? Não tenho nada de fascinante."
A dona que até agora desconhecida, inclina a cabeça e suas sobrancelhas podem atingir o topo mais alto da sua testa, ela estava surpresa.
"Nada? Tem certeza? Cuidado, podemos pagar por palavras"
Ele tinha a completa certeza, não precisava pensar. Ele era aquilo e pronto.
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O Garoto e a Linha Amaldiçoada
FantasyDesde a primeira memória do garoto, a linha já estava lá. Ele era vazio, frio e desprezível. A noite, era marcada de dor e lágrimas. Até que um dia ele faz um trato com uma voz misteriosa, será que se livrar da linha é a solução que procurava?