Carta aberta ao meu segundo amor

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Querida Anatheia,

" [...] As flores brotam e brotam, crescem brilham.... Como uma flor no verão, o nosso coração se refresca e floresce. Nosso corpo é como uma flor que floresce e rapidamente murcha [...] flores que tremem e caem e se transformam em pó. "

Tudo que sei sobre amor, eu aprendi nos livros, li o que não era meu, as paixões perfeitas, o desejo que chega aos ossos, os amores etéreos quase inalcançáveis. Mas saiba que o que tem agora em seus lábios são palavras inteiramente minhas, escritas pela minha alma ( e Deus sabe que eu devo ter uma ) com a inteira convicção de que você e só você nessa imensidão caótica de vida poderia inspirá-las.

Acredito que nós nascemos destinados a algo. A viver em pró de coisas maiores que nossa banalidade, posso não ter certeza alguma sobre nada, mas sei que me ergui ao mundo para que a natureza usasse de cada célula do meu corpo para escrever, mas meu coração, meu amor inteiro nasceu para você, para seus olhos, seu sorriso e cada um dos seus cachos, nasceu para que sua essência pudesse envolvê-lo.
Veja nesta carta não apenas uma declaração de "amor" - que por muito tempo eu jurei que era uma invenção, frugal e ridícula - é muito mais do que se pode ler na superfície, é a forma de dizer a você que o universo é bem maior do que tudo e muito mais velho e o primeiro sopro de humanidade. Um dia as montanhas e os impérios ruirão, os reis irão implorar por perdão, o oceano afogará toda a terra e o céu desmoronará em lamento, e nossa vida é tão efêmera e rudemente arrancada de nós, tudo que me resta é a curta faísca entre a escuridão do nascimento e da morte e o que quero deixar sobre a superfície do mundo é a certeza que você sabe que a amo, como os marinheiros amam ao mar, como os pássaros ao céu e os homens a si mesmos. Porque você é o espelho de mim mesma, e é isso que procuramos, não é? É isso que buscamos desde o momento em que nossos olhos se abrem, alguém que seja como uma extensão das nossas ideias dos nossos nervos e coração.

Em você e no meu reflexo de solidão eu encontrei o que os poetas morrem a desejar; lealdade, a intimidade celeste de existir entre estrelas, amor e liberdade. Em cada movimento de sol eu me aproximo mais do panteão e do que os católicos descreveriam como a " presença de Deus ", porque o paraíso é estar com você e sentir o eu sou quando estou sozinha.
Enxergo tudo que você deseja ser e viver e tenho pena de todos que a tem nos dedos e não sabem o que tocam, pois em toda a imensidão da minha curta vida nada me pareceu mais bonito do que aquilo que você é quando só eu posso ver.
Peço que não ache minhas palavra banais ou a enfadonhas, nem tão pouco as metáforas erráticas, e que tenha compaixão da minha pobre alma e me ame como Prometeu amou a nós, afague minha loucura, beije minha alma e deixe que eu me afogue no mar revolto que é a sua mente, porque nada me agradaria mais do que morrer em você pra viver me mim.

Então como último desejo meu, por favor estique seus braços abra suas mãos, abrace meu coração tire do meu peito e tome-o como seu.
Eu imploro.

Pra sempre,
Sua.

Minha alma tem a cor dos olhos de deusOnde histórias criam vida. Descubra agora