Amélia e a Revolução do Rio

Sem tempo...

  Em 2096, seis anos antes, houve um protesto com mais de duas mil pessoas em Brasília, no Palácio do Planalto, um grupo que foi criado a um ano antes chamado "Resistência" havia se manifestado contra o governo de Eliza Sanches Timberg, que havia dado um golpe à mais seis anos atrás e se transformando em uma ditadora. Na tarde daquele dia, sentada num sofá caro e elegante, a mesma estava fumando um charuto até receber uma ligação dentro do quarto chique no Palácio da Alvorada, era seu irmão Michael Sanches, qual se tornou governador do Rio de Janeiro com seu auxílio. 
  — E aí minha irmã! Como é que você tá? — disse ele com uma voz exageradamente amigável. 
  — Eu estou bem… O que você quer? — Interrogou Eliza. 
  — Bem, você sabe né? Alguém tem que cuidar dos negócios da família e, algumas coisas não andam muito bem… — falou Michael. 
  — Fala logo de uma vez, você sempre enrola demais — fala ela querendo ir direto ao ponto. 
  — Bem, lembra daquela pesquisa envolvendo o tal "Elemento V"? Estavamos estudando ele, só que a reserva que tinha acabou. 
  — Por que acabou? Eu pensava que já tinha enviado o suficiente da Amazônia — falou Eliza. 
  — É… Mas aquilo é instável e as vezes explode, então fica difícil mexer naquilo, precisamos de mais — Responde Michael. 
  — Tudo bem, eu dou um jeito de te arranjar mais. Agora me diz, houve algum avanço na pesquisa? — disse ela. 
  — Eu não sei se isso conta como um avanço, mas estamos vendo a possibilidade de usar isso como uma arma — fala o homem. 
  — Isso é ótimo, me mantenha atualizada — em seguida, Eliza desliga seu celular.

  Um tempo depois, um homem careca de pele clara, bigode e terno escuro caminha até a porta do quarto, em seguida, indaga: 
  — Senhora Sanches? Posso falar com você? — diz o homem depois de ter batido algumas vezes na porta do quarto. 
  — Sim, entre — responde Sanches.

  Após passar pela porta, o homem de terno caminha em direção à Eliza e fica de pé ao seu lado, depois comunica: 
  — Tem uns manifestantes lá fora há horas e eles parecem ser agressivos, eles não querem sair e estão dando trabalho pros seus soldados… O que fazeremos? 
  — Use os tanques, provavelmente vão sair e pensar duas vezes antes de iniciar outro protesto assim — diz calmamente Eliza enquanto fuma seu charuto. 
  — A… Ah? Mas o que senhora? — gaguejou o homem de terno após ouvir ela falar aquilo tão tranquilamente. 
  — Você é surdo? Eu disse pra usar os tanques, não me faça repetir — diz ela enquanto deita no sofá. 
  — Mas senhora, você não sabe que isso vai matar alguns deles? — disse o homem ao seu lado. 
  — Você vai fazer o que eu mandei ou não? — perguntou a mulher já se irritando um pouco.

  Após ouvir as ordens de Eliza, o homem pede desculpas por faze-la repetir e sai do quarto, em seguida ele pega um celular em seu bolso para comunicar as ordens da governante ao general do exército, que decide enviar suas tropas ao local. Após os tanques chegarem no local da manifestação e assustarem os protestantes, um homem sai de dentro do tanque e grita mais um último aviso para eles saírem, porém a maioria manifestantes se mantiveram no mesmo lugar, então os tanques começam a avançar e consequentimente obrigam-os a recuar, esmagando vários civis no processo que não conseguiram correr dos tanques ou ficaram parados, deixando pequenas poças de sangue no chão com corpos totalmente esmagados.

  Após a visita a sua mãe, Amélia sai do hospital e vai até a casa alugada em que morava, qual há várias outras residências na vizinhança. Ao chegar, ela vê uma residência com visual simples, tendo uma pequena garagem e sendo rodeada de um quintal com uma grama bem verde, também com algumas árvores de maçã e acerola. Ela entra dentro da casa e vê um corredor que leva até a sala de jantar, a mulher anda até a sala e vê que existe uma cozinha ao lado que estava com a luz acesa, e pensa em voz alta: 
  — Ícarus, eu já disse pra não esquecer as luzes…— reclamou Amélia com uma voz baixa e sonolenta enquanto vai lentamente até a cozinha desligar o interruptor.