1. Coração de Prata

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Londres, 1878 d.c

Kennedy Robertson, ex-aluno de um escola renomada. O garoto denominado gênio por seus professores, sempre soube se expressar diante multidões e mostrava seu potencial. Capaz de resolver cálculos avançados pra sua idade, ele impressionou um professor de uma escola importante, e ele mesmo pagou para que ele entrasse. Não demorou para que ele se adaptasse a turma avançada. Nesse ano fazia uma década que ele havia se formado. Dentre carreiras que seus parentes próximos almejavam pra ele, Kennedy decide percorrer um destino diferente. Quando ele entrou no colégio, conheceu Marcus. Seu melhor amigo. Ocorre que Marcus influenciou Kennedy a uma pesquisa que mudou drasticamente sua vida a partir dali em diante. Alquimia. Foi o que puxou os dois para um algo sem volta.
Kennedy se encontrava numa calma cheia de folhas relacionadas a alquimia. Mais de quinze anos de uma pesquisa de algo que até então não havia uma comprovação real de sua existência e de como ela agia. Kennedy tinha feito um enorme avanço nesse último ano. Para os dois, a alquimia é a transformação da matéria. Na teoria de Kennedy, a tão cobiçada pedra filosofal poderia ser produzida por algo, assim como qualquer coisa. Então tudo podia surgir de algo. Seu melhor amigo tinha rido de um pensamento tão óbvio. Mas essa ideia permaneceu na sua cabeça.
Umas semanas passam desde o dia que o estudante acordou sobre seus livros e procrastinou. A verdade é que ele não queria se levantar para encarar coisas do lado de fora. Mesmo com sua formação acadêmica, não conseguiu se estabelecer financeiramente, e isso o transtornava. Via Marcus e os outros formandos conseguirem vidas melhores que a sua, onde só restava sua pesquisa. A mesma que ele se entregava de corpo e alma todo santo dia. Mesmo desgastado, ele iniciou seu dia focado nos livros. Quando ele já estava há mais de horas lendo, percebeu folhas separadas do livro. Específico na contracapa, coladas com fita na parte de dentro. Após algumas dificuldades, ele consegue retirar. Retirar anotações ainda mais específicas e ao mesmo tempo simples do que ele estudava anos. Folhas essas que já eram desgastadas pelo tempo e manchadas por sangue que suja o dedo dele
"Em conexão, os dois corpos astrais podem exercer o poder capaz de desenvolver e submeter a matéria a qualquer mudança natural", a frase em questão tinha deixado Kennedy confuso do que veio a ler. Mas não importava, ele tinha mais coisas que iam fortalecer seu conhecimento. Mais horas lendo as anotações. Suas olheiras entregavam seu cansaço elevado. E as piscadas se tornaram mais lentas e ele dormiu. Sua visão agora era só sonho. Um extremo azul marinho onde seu corpo flutuava levemente, de frente para outra pessoa, uma cópia sua. Seus movimentos se assemelhassem de forma natural. Se aproximando, sua cópia se une a seu corpo e uma luz se propaga. De forma tão natural.

- Kennedy! Acorda! - gritava Marcus desesperado.

A casa estava em chamas. Kennedy entre o círculo de fogo onde ele se encontrava com um brilho intenso no seu peito. Por mais que seu melhor amigo gritasse, não atendia. Seus olhos lentamente abriam e no fundo era possível ver o dourado nas suas pupilas. As chamas se intensificam e se espalha, atingindo boa parte do corpo de Marcus. Seu grito assustador acorda Kennedy. A primeira que ele via após aquele acontecimento, é seu amigo deformado com a pele estragada de tantas queimaduras. Ele corre até ele, mas suas pernas estavam fraquíssimas. Perto dele, ele leva lentamente a mão até o rosto de Marcus. O mesmo bate na mão de Kennedy. Ódio pelo que aconteceu, mas ele fazia parecer que o ódio do seu amigo. E seu amigo chora, prometendo que ele iria desfazer aquilo. Abraçando ele, Kennedy percebe a mesma luz que vinha do seu peito, aparecer na palma de suas mãos. Seus dedos que encostava nas costas de Marcus, espalhava a luminosidade pelas costas e os ferimentos iam se desfazendo com calma e sutileza. Marcus salta de susto e arregala os olhos. Seu rosto volta ao normal, assim como todo seu corpo que havia se perdido no incêndio. Ambos se espantam com aquilo. Kennedy obteve os poderes do que seria a pedra filosofal.
Ele tentou usar seu poder novamente, mas travava e não conseguia nem sequer fazer um terço do que fez há instantes. Marcus não se importou com isso e se empolgou e dizia que agora ele poderia mudar tudo com todo esse poder. Eles não sabiam as limitações, mas sentiam que poderia haver mais. Kennedy se emocionou. A pesquisa da sua vida finalmente se completou. Sua reação foi ir ao ar livre e ver como estava no lado de fora. Fumaça era o que preenchia sua cidade. Ele correu com sorriso no rosto até a casa de seus pais ali perto. Sem se conter, ele diz pros pais sobre seu avanço e como esse poder poderia mudar muita coisa a partir dali. Seus pais com olhares de desprezo, pediram uma amostra. Kennedy sabia que palavras não seriam suficiente, então ele tenta. Tenta. Tenta. Mas fracassa. O seu pai se aproxima e acerta um tapa no seu filho.

Caos: Histórias InfernaisOnde histórias criam vida. Descubra agora