2. Almas perdidas

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O olhar do meu filho me deixou pra baixo

Desde que descobrirmos o que ele tem

Isso me mostrou outras perspectivas

Assim como ele, sou passageiro

Quando descobri deitei na minha cama

Fiquei por lá e abandonei as minhas esperanças

Já não sintia mais nada além dessa dor

Que não se equipara com a do meu garoto

Ele nunca foi de incomodar alguém

Só ele mesmo

Ele me mostrou como as coisas ruins tem o lado bom

Não entendo a injustiça do mundo

Chorei a noite inteira

Tentei disfarçar o soluço pra ele não perceber

A última que eu queria é que ele me achesse fraco

Então eu segurei o choro contra minha vontade

O sol batia na janela do meu quarto acabado

E decidi sair para que meus pensamentos saíssem

Meu pequeno filho tinha saído pra casa da mãe dele

Talvez tenha sido remorso por parte dela

Andei pelas ruas mais sozinhas e escuras

Em um beco estreito, uma voz me chama

Uma voz que me aflige de tão seca e suave

Ela me dizia que eu precisava dela

Eu como um homem inocente, fui em sua direção

Quando percebi estava num lugar distante de qualquer outro

Um espaço branco com luzes douradas

E no meio do vazio estava a dona da voz

Ela tinha um corpo que combinava com a voz

E junto dos seus cabelos ruivos e pele clara

Percebeu minha hesitação e caminhou até mim

Com sua mão em meu rosto, me prometeu a felicidade

Aquela mulher me assustava e me deixava inquieto

Mas sua afirmação me deixava mais

Perguntei como ela faria isso sem me conhecer

E ela me dizia que sabia como impedir do meu filho morrer

Eu dei um tapa na sua mão, tirando do meu pescoço

Não queria piadas com aquilo, e ali ela fazia isso

A mulher dos cabelos vermelhos me disse que sabia de como trazer a saúde dele de novo

Não quis me perguntar sobre o lugar, mas era difícil

Perguntei perdendo a paciência e me arrependi

“Você pertence a este lugar, o Limbo Dourado”

  A verdade é que estávamos numa linha tênue

Linha entre meu conceito de céu e inferno

E ela era uma espécie de ser que me aguardava

Não vou mentir que senti medo

Não duvidei que fosse verdade por conta do resto

Caos: Histórias InfernaisOnde histórias criam vida. Descubra agora