Caos: Histórias Infernais

3. Diário Vermelho

12/04/2016

Sou eu mais uma vez, diário. Bem, hoje eu encontrei o Klay e o Dave. A gente ficou jogando aqui em casa sem se importar com nada. Sem querer me exibir, mas eles nunca irão me passar. Tudo ocorria bem, até a mãe bater na porta do quarto. Ela mudou completamente nos últimos dias. Quando ela viu os meus amigos, ela surtou e começou a gritar sem parar. Klay ficou tão assustado que começou a chorar. Dave levou ele e foi embora. Perguntei pra ela o motivo daquilo tudo, e ela simplesmente olhou no fundo meus olhos e sorriu. A mamãe sempre foi uma pessoa carinhosa e amava meus colegas e amigos. Eu tentei esquecer isso e fui dormir. Depois mandei mensagem pra eles me desculpando. Ah, e por falar em desculpa, fui fazer o mesmo com ela. Mas quando fui até no quarto dela, ela estava ajoelhada de mãos dadas com o papai. Eles rezavam chorando.

13/04/2016

Eu tentei esquecer aquilo a noite. Mas caro, diário, isso não saía da minha cabeça. Nunca havia visto eles tão tristes. Fui pra escola e encontrei o Klay e Dave. Ainda bem que eles esqueceram isso. Ou só fingem pra tudo ficar bem. Seis dias pro meu aniversário e tudo que eu consigo pensar é na viagem até Borussia. Onde toda minha família mora e tá reunida. Graças aos meus amigos, consegui ter um bom dia. Quando cheguei em casa, a mamãe fez o jantar perfeito e tradicional. Queria ter conversa mais com ela. Porém, a gente ficou bem. Jantamos nós dois, enquanto chovia. O pai teve que viajar a trabalho e acabou que a casa ficou um pouco mais vazia. Só que esse jantar foi especial pra mim. Mesmo sem a presença dele, a companhia da mãe, me trouxe um conforto.

14/05/2016

Bem, nessa manhã eu provei aos meus amigos que a existência divina existe. Eles não quiseram acreditar em mim. Não julgo. Não é algo fácil de acreditar se você é uma pessoa pessimista e cética. Não acreditava até pouco tempo atrás. Mas nessa manhã enquanto eu acordava, uma pessoa vestida com um longo tecido branco me observava. Parecia ter 1,75. Não tive uma reação imediata, pois achava que era um sonho. Não parecia real. Aquela entidade tinha uma voz doce. Ela me disse que eu tinha muitas emoções boas e as usava nas minhas escolhas e ações. Depois disso, ela andou na minha direção e me abraçou. Quando ela se encostou em mim, sumiu. Contei tudo isso pra eles, mas obviamente não acreditaram.

15/05/2016
Diário, boas notícias! O meu pai vai voltar mais cedo. Quando a mãe disse isso, não acreditei. Ele vai chegar no dia do meu aniversário. Ou seja, dia 19 ele vai poder estar com a gente. E isso melhorou meu humor. Já faz um bom tempo que temos esse amizade, diário. A psicóloga estava certa. Eu precisava de você. Faz quase um ano, porém consegui aliviar minhas dores contigo. Eu não preciso mais dos meus remédios e consegui novos amigos. No começo foi bem difícil. Me senti mal depois daquilo tudo. Sei mais do que ninguém o que é tá sozinho. Bem, espero que o pai volte logo.

16/05/2016
Mais uma vez eu vi aquele ser. Dessa vez eu pude ver seu rosto. Rosto pálido com um cabelo preto liso e volumoso. Pedi pra gente conversar um pouco e ele aceitou. Perguntei o que ele era e o que fazia aqui. Ele me dizia ser um anjo mandado para uma missão. O sorriso dele era muito bonito. Ah, ele perguntou como eu me sentia. Aí eu disse que estava tudo bem. Ele me abraçou mais forte do que na última vez e sumiu de novo.

17/06/2016

Faz bastante tempo que isso não acontece, mas hoje foi estranho. Daqui a dois faço 14, mas sinto algo errado. Como se faltasse alguma coisa. Não acordei com a disposição dos últimos dias. Assim como eu me sentia antes.

Já são 22:50 e eu vi algo. Minha mãe cantarolava baixinho pra uma estatueta de cerâmica. A figura era igual ao anjo que me visitava. Eu vi lágrimas de sangue escorrerem dos olhos da minha mãe. E nesse momento ela tá se contorcendo de dor. Eu não sei se vou até ela. Eu estou bastante assustado e não sei o que fazer. Ela tá caminhando até o meio do quarto, mas eu não consigo entender

18/06/2016

No momento em que eu escrevo, estou na casa do Klay. Eu sai pela janela quando vi a minha mãe tomando uma forma bizarra e nada humano. Sua pele roxa e olhos completamente pretos. Eu nunca vou conseguir esquecer daquilo. Corri pra cá antes que ela me visse. Antes de ir, olhei para o lado e vi aquele anjo tomando uma nova forma. Semelhante a da minha mãe. Diante de mim, ele disse que não faria diferença eu fugir. Eles me encontrariam. Aquela coisa que fingia ser minha mãe disse que eu era parte do sacrifício. E na noite de amanhã, eu seria a chave para que mais deles viessem até a terra. Eu corri bastante até parar aqui. Tentei explicar ao Klay, mas ele não acreditava. E dizia que eu teria que ir embora na manhã já que a mãe dele não ia deixar eu ficar aqui. Eu ainda estou insistindo, mas ele não me ouve.

19/05/2016

Não sei como consegui dormir. O Klay tá me chamando lá embaixo. E aparentemente...meu pai veio me buscar.