Coisas Fascinantes (Circunstâncias #1) - DEGUSTAÇÃO

4. A toda poderosa Emma Levesque

Eu apenas não consigo tirar você da minha cabeça.
Eu não queria você lá, em primeiro lugar.
Devo repetir o que acabei de dizer?
Não, você não se importa.
— The Pigeon Detectives, "Caught In Your Trap" —

Xx LOGAN

2 de novembro de 2027

A NOITE PASSADA não saía da minha cabeça. Não, não era a noite em si. Era Emma Levesque que sempre voltava de um jeito ou de outro.

Pela manhã, decidimos seguir nossa aventura por Circus Tance — ideia da Emma. Optamos por ir na direção de La Catedral. Tínhamos que ir a pé e o caminho era um tanto longo, porém concordamos em não ter muita pressa para chegar lá.

Antes mesmo de sair de Primoris, Emma já tinha trocado suas roupas. No meio da madrugada, quando apareceu em meu quarto, ela comentou que faltava apenas a parte de cima para completar o seu traje. Depois de longos quarenta minutos de procura nesta manhã, passei no quarto dela em Escalera e a presenteei com uma camisa marrom exatamente do tamanho que vestia. Então ela desfez-se daquele vestido mais longo do que deveria e vestiu calças, suspensórios e aquela camisa, a qual estava despindo neste exato momento.

Foi de melindrosa a gângster e, ainda assim, continuava incrivelmente linda.

— Que porra você pensa que está fazendo? — Emma levantou a cabeça e me encarou. — Vira de costas.

Fiz o que mandou e abaixei a cabeça para encarar o chão como se fosse a coisa mais bonita do mundo.

Já era fim de tarde, mas as lembranças bobas da noite anterior voltavam à minha mente com insistência. A banda de jazz tocava seu próprio cover de uma música lançada 98 anos antes. Emma tinha pegado em minha mão e havíamos dançado graciosamente. Bobagens, é claro, porém depois daquilo e todos os flertes, era impossível tirá-la da minha cabeça.

— Ah, isso é perfeito. — Peguei a camisa e a blusa vermelha que Emma jogou por cima de meus ombros. — Além de estar tirando a roupa, está jogando-a em cima de mim. Isso é tentador demais.

— Então você é fraco assim? — brincou. — Não ouse virar para me espiar.

— Se eu ousasse, o que você faria? — Segurei a risada. — Estou ponderando se valeria a pena dar uma olhada.

— Não valeria — respondeu. — Estou sem camisa, mas ainda posso socar a sua cara até você parar de respirar.

— Você não seria capaz disso — indiquei. — Não conseguiria viver sem mim.

— Acho que nenhum de nós dois vai querer descobrir tão cedo quão longe eu sou capaz de chegar. — Ela riu alto.

— Bem, depende de qual quesito estamos falando. — Mordi meu lábio e me segurei para não soltar a bobagem que eu falaria para continuar em um flerte.

— Não tenho certeza se você conseguiria lidar com isso — debochou.

— Ah é? — Achei aquilo divertido. Emma dificultava a árdua tarefa de tirá-la de meus pensamentos quando falava desse jeito. — Por que não tentamos, então?

— Às vezes não sei distinguir se você está só brincando ou está mesmo tendo a cara de pau de dar em cima de mim — comentou. — Me passa aquela blusa que eu trouxe.

— Não sei do que você está falando. — Passei a peça de roupa para ela, ainda sem me virar. — Você flerta comigo o tempo todo e adora me provocar.

— Prontinho — disse. — Já pode virar.

— Pensei que fosse mudar de criminosa para uma garota que precisa ser salva. — Observei suas roupas. Ela havia trocado apenas a blusa vermelha que usava embaixo da camisa por uma blusa branca. Estava mais bonita assim. — No fim das contas, continua combinando comigo nas roupas de gângster.