Capítulo Quatro

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Logo que Taehyung acordou, ouviu o tilintar das panelas na cozinha, suspirou vencido. É, nós sabemos o que estava acontecendo, não é mesmo? Park Jimin estava fazendo o café barra almoço deles, por mais que o Kim tivesse lhe dito que não precisava.

Taehyung se lembrou que um pouco antes de se recolherem para dormir, Jimin verificou se todas as facas estavam bem guardadas, se a porta estava trancada, se a casa estava bem limpa, ele não podia deixar de notar como seu melhor amigo refletia muito o que aqueles três anos de casado com alguém extremamente abusivo haviam lhe causado.

Levantou-se decidido a conversar com Jimin, ele precisava de acompanhamento e nada melhor do que dar início a terapia e tratar o quanto antes, pois isso poderia lhe atrapalhar em suas relações futuras e a própria criação de Bogum.

— Será que o tio Tata vai gostar desse café da manhã, Bogumie? — ouviu Jimin perguntar ao bebê que em resposta riu e bateu palminhas, como se aprovasse a ideia do pai.

Mais uma vez, nosso outro herói se pegou observando o melhor amigo, mas dessa vez, reparou na pessoa, e não nos gestos. Jimin sempre foi um cara bonito, daqueles que nunca teve uma fase feia na vida. Foi uma criança bonita, um adolescente popular e um adulto atraente. Fora que, antes dela, sempre foi muito seguro de si. Era bonito e sabia disso. 

Ele continuava bonito, claro que sim. Os olhos continuavam com aquele castanho quase preto, se transformando em duas meia-luas a cada lampejo de felicidade, as bochechas, embora mais magras, continuam fofas e apertáveis, o nariz fofinho e os lábios gordinhos, mas… havia algo diferente. Jimin estava sem brilho, magro demais e mal cuidado. Era como se um dementador tivesse sugado toda sua energia. 

Taehyung se xingou mentalmente, pois sabia das condições que o amigo vivia e não fez nada para ajudá-lo. Na verdade, até tentou, mas sabia que a mudança deveria partir de Jimin. Só Deus — e nós, claro — sabemos como o Kim sentiu um alívio ao ver Jimin seguro, mesmo que na casa de um desconhecido e convenhamos, o tal Yoongi era muito mais confiável do que aquele projeto de vilã que o Park chamava de esposa.

— Bom dia, Tae! Faz tempo que acordou? — a voz baixinha do amigo o fez sorrir.

— Bom dia, meus pequenos, na verdade, acordei com o barulho na cozinha.

— Oh! Desculpa, e-eu tinha que ter sido mais silencioso. — A carinha culpada de Jimin fazia o coração do nosso Kim apertar. 

— Não, não se desculpe, você não tem culpa, é normal! — sorriu doce e pegou o bebê do colo do pai. — Esse seu papai se desculpa por umas coisas nada a ver né, pequeno? — Bogum apenas sorria banguela, entretido com o tio babão. — Vamos comer?

Jimin apenas assentiu e indicou a mesa, já posta, mesmo para um simples café da manhã/almoço. Sabia como o amigo gostava de comer bem em sua primeira refeição para aguentar o dia na filial, foi assim desde que começaram a trabalhar juntos, ainda em Busan. Se serviram e começaram a comer, conversando sobre a readaptação de Tae em Daegu.

— … É, e tu acredita que ele veio mesmo? — Taehyung tagarelava sobre o pretendente que havia arrumado, ainda quando morava em Busan.

— Quantos anos ele tem?

— 21. — Taehyung sorriu ao lembrar do rapaz. — Mas ele trabalha por conta, com tecnologia e engenharia de jogos, a faculdade é à distância… ele não tinha absolutamente nada a perder, então veio.

— Corajoso da parte dele. — Sim, mais uma vez, Jimin se viu inferior, por conta da situação em que esteve. — Quando vou conhecer seu namoradinho?

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