NOVE

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Uma semana depois, fui liberada para voltar para a base. Meu abdomen ainda doía mas pouco, meu olho já estava sem a faixa, uma cicatriz vermelha se formou do topo de minha testa até metade da minha bochecha, passando por minha sobrancelha e olho. Essa cicatriz deixava meu rosto mais assustador, eu gostei.
Ninguém sabia que eu voltaria do hospital tão "cedo" incluindo Levi, que me visitava todos os dias.
O médico deu uma desculpa de que a quantidade de visitas de Levi estava no limite então ele deveria parar por dois dias, claramente Levi quase matou o médico mas foi por uma boa causa.
Para disfarçar a grande faixa que havia em minha barriga, uso uma blusa social um tanto quanto larga, Uma calça de alfaiataria preta e um sapato fechado normal. Nesse pouco tempo, meu cabelo cresceu mas corto novamente. Meus olhos pareciam cansados, passo uma água no rosto e saio andando "normalmente" para fora do hospital. Duas mulheres me acompanham dizendo um monte de regras e remédios que eu deveria tomar, isso cansa.

O hospital era fora da base, era um hospital para pessoas de cargos superiores do reconhecimento.
Para chegar na base, era preciso subir uma ladeira muito extensa. Vejo um senhor em uma carroça e peço carona, ele me deixa na base e dou uma quantia de dinheiro para ele. Abro a grande porta que dava acesso à entrada principal, e por infelicidade do universo, todos os soldados e capitães estavam lá, incluindo Levi

Hange—AIKO!!!!!! –hange diz quando percebe a minha presença e indo me abraçar

Solto um gemido de dor e Hange se separa do abraço se desculpando

Era para ser uma surpresa. –digo neutra

Hange—mas isso FOI uma surpresa –a capitã diz enquanto examina minha cicatriz

—Pare.

Hange para
Vou em direção dos outros que me olham com cara de assustados

Yumi—Ela não tinha morrido? –a soldada cochicha para Soldada Lince

Lince—Eu acho que ela é imortal...

—Não sou imortal e nem morreria com aquilo tão pequeno

Yumi se encolhe e sai dali junto com Lince, essa garota gosta de sair correndo por algum motivo.
Vou em direção de Erwin e Levi que me olhavam espantados

oi. Viram um fantasma?

Levi—Por que você não está no hospital? Onde está a faixa no seu olho? Como está seu machucado na barriga? Está com febre? Fome? Sede?

Olho para Erwin que tinha um sorrisinho, bufo e volto minha atenção a Levi

Levi—Está tudo bem?

—Sim! É só o idiota do Erwin. –digo e o capitão se vira para Erwin com um olhar de morte, Erwin sai dali entre risos

—Por que está tão preocupado comigo? Eu literalmente te dei um fora ontem

Levi—Pode vir comigo?

Assinto.
Sigo Levi até seu quarto, o capitão fecha a porta e suspira

Levi—Mesmo que você tenha dado um fora em mim, eu não desistirei de você, Aiko. Eu lembrei da sua promessa e fico contente que tenha cumprido

Dou um mini sorriso com sua resposta

—Eu sou mais forte do que imagina, Ackerman.

Levi—Isso é bom. Quer dizer que dará uma chance?

—Levi, como eu disse, não quero que aconteça nada com você. Não quero te perder de forma alguma, você é importante para mim, e tenho medo de que esse "importante" não dure tanto quanto eu quero que dure. Você sabe que eu não desisto fácil, mas você está quase me convencendo do contrário. E por favor Levi, entenda que eu te amo que eu não aguentaria te perder. Eu não aguentaria perder ninguém

Levi—Certo, mas isso significa que você está pensando em me dar uma chance?

—Talvez.

Levi—Isso é muito bom, eu também te amo muito, Garota da cicatriz –o capitão diz sarcástico

—Diga "garota da cicatriz" novamente que que será considerado morto e eu mudarei todo o conceito de te amar. —digo no mesmo sarcasmo e me aproximando de Levi

Levi—Não se estresse, capitã. Quer chá?

—Não, muito obrigada Levi.

Levi—Não sou o "Levi"

—Você é quem então? –digo me aproximando mais ainda

Levi—Lev, só Lev, seu Lev

—Hm. Tudo bem então, meu Lev.

Sorrio e saio de seu quarto, ando lentamente em direção ao meu escritório. Paro no meio do caminho e encosto na parede para respirar, aqueles machucados doíam muito, não sei como aguentei andar até o quarto de Levi assim.
Sinto os braços do capitão pousarem sobre minha cintura e apoiar meu braço esquerdo em seu ombro.

Levi—Você precisa de ajuda.

—Não, eu consigo ir eu só...preciso de ar –digo tentando me soltar de Levi mas sou impedida

Levi—Isso não foi uma pergunta, capitã. –ele diz perto de meu ouvido e me arrepio— Vamos para...?

—Meu escritório.

Levi—Certo

Começamos a andar devagar, Levi apertava de leve minha cintura para não forçar o machucado do abdômen
Parecia que estávamos andando tinha um século até que chegamos em meu escritório.
Abrimos a porta e Levi continuava com sua mão em minha cintura

já pode soltar.

Levi—Ah, desculpa.

Entro e me sento em minha cadeira, suspiro e coloco a cabeça em cima dos braços que estavam apoiados na mesa.
Eu sobrevivi
Com cicatrizes mas eu sobrevivi

Levi—você...quer chá?

—Ainda tem aqui?

Levi—Eu...eu meio que faço o chá e trago para cá todo dia esperando até o dia da sua volta. –Levi diz indo em direção ao bule de chá e pegando duas xícaras

Ele se importa comigo.

Levi—Eu achei que não iria sobreviver pois o médico disse que você demoraria a se recuperar dos danos. Você quase perde três dedos, a sua perna e quase morre por hemorragia...

Arregalo meus olhos, me lembro bem das cenas em que o titã se vira prestes a me comer, então sinto aquela dor na perna e barriga.
Eu lembro de Levi me agarrar e me puxar para uma parede, e...só isso.

Saio dos meus pensamentos quando Levi me chama

Levi—Terra para Aiko?!

—Oi, eu só estava pensando –olho para minha blusa e havia uma mancha grande de sangue— Mas que merda! Os pontos abriram.

Levi se aproxima e examina, ele toca de leve e logo sai do escritório me deixando sozinha.
Levi volta com Hange

Hange—Coitadinha da minha linda capitã! Vamos resolver isso logo!!

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