Olhos Esmeralda

Capítulo 1

Izuku Midoriya só queria tomar seu café em paz. Ele não estava pedindo muito, estava? Izuku só queria um dia sem ser atormentado por Bakugou. Sem machucados ou iscas suicidas. Sem pessoas o olhando feio só por estar no mesmo ambiente que elas. Sem problemas. Só um dia onde ele poderia tomar seu café em paz.

Ele sai de seu quarto observando distraidamente as fotos que decoravam as paredes do corredor. Aqueles eram tempos felizes. Quando sua mãe ainda não havia morrido e eles passavam horas vendo filmes da Disney ou jogando banco imobiliário.

Mas então ele não obteve sua peculiaridade e tudo começou a desmoronar a partir daí.

Não. Ele não iria pensar nisso hoje. Hoje ele não iria pensar em contas que ele tinha que pagar, nem que ele tinha que ir ao mercado logo, nem que ele possivelmente teria que arranjar um advogado para que ele possa receber a herança de sua mãe.

Hoje não.

Ele entra em sua cozinha e coloca a água em uma panela, a colocando no fogão e o ligando. Cantarolando, ele se vira para alcançar o pó de café e começa a se sentir observado. Mas que diabos?

Izuku olha em volta e seus olhos se deparam com seu novo vizinho o encarando pela janela, sua própria caneca na mão. (Izuku realmente esperava que não fosse chá, ou então ele iria cometer um assassinato.)

Não é exatamente todo dia que isso acontece. Geralmente as pessoas que se mudavam para o apartamento em frente ao seu nunca abriam as cortinas, e, quando abriam, evitavam ao máximo manter contato visual com ele.

Mas curiosamente, o estranho não desviou o olhar mesmo quando o adolescente começou a encara-lo de volta. O homem apenas arqueou uma sobrancelha e continuou tomando o conteúdo de sua xicara.

Quando escutou algo chiando ele se virou e rapidamente desligou a panela, xingando quando o contato do cabo com sua mão ardeu como o inferno. Mais devagar dessa vez, ele pegou um pano e o enrolou em sua mão, pegando a panela e, finalmente, conseguindo colocar no coador, sorrindo ao ver sua razão para viver  surgindo e caindo dentro da xicara.

Agora que estava tudo encaminhado, ele se permitiu voltar a encarar o homem que ainda não tinha desviado o olhar.

Izuku não podia deixar de reparar que o homem parecia um mendigo. Ele tinha cabelos negros ondulados na altura do ombro e olhos negros que eram destacados por suas olheiras. (O cara estava quase pior que Izuku, e isso não era fácil de se alcançar.) Ele também usava um cachecol cinza? Pelo amor de Kami estava um calor de 40 graus.

Mas Izuku literalmente é a última pessoa que poderia julgar alguém. Então ao ver outro homem, só que loiro entrando na cozinha, ele apenas ergueu sua caneca, finalmente cheia, em uma despedida silenciosa e saiu da cozinha, sem dar uma segunda olhada ao apagar a luz.

Se perguntando o que acabou de acontecer, Izuku decide apenas sentar no sofá e se atualizar sobre sua série favorita. Apesar do estranho contato, hoje estava sendo um dia relativamente bom. E ele pretendia aproveitar cada minuto.

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Aizawa não pode evitar encarar o adolescente que aparecera em seu campo de visão. Ele sabia que provavelmente estava sendo estranho e assustador. (Claro que estava, ninguém parava do nada para encarar um desconhecido, acorde Shouta.) Mas a criança era realmente incomum comparada ao resto dos adolescentes que ele tinha o desprazer de ver constantemente.

O adolescente não parecia ter mais que 14 anos, ele tinha cabeços verdes que eram fofos e estavam provavelmente muito embaraçados pelo amontoado que Aizawa captou em seu campo de visão. Isso o fez estremecer, ele sabia por experiência própria o quanto cabelo embaraçado era desagradável. Além disso ele tinha olheiras enormes que provavelmente eram resultado de muitas noites sem dormir e uma pele tão pálida que o homem se questionou algumas vezes se ele estava vendo um fantasma.