Uma péssima influência

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 "Um dos terroristas, o que pilotava o carro responsável pelo atentado a senhorita Kiyomi foi abatido, durante um troca de tiros com os seguranças. Ele tentou reagir, o que fez os agentes o abaterem. O ocorrido, aconteceu no cruzamento da marginal 22... O outro terrorista ainda não foi capturado, assim como a senhorita Kiyomi não foi resgatada. Logo traremos mais informações sobre o caso..."

Com as mãos tremulas, desliguei o maldito rápido, enquanto sentia minha respiração ficar descompensada.

Matt sempre se arriscara por mim, em todos os sentidos...

Mas dessa vez, eu havia claramente extrapolado todos os limites possíveis e imagináveis, pedindo para ele me ajudar no sequestro da apresentadora principal da TV Sakura, Takada Kiyomi.

Era óbvio que, se tratando de uma ávida seguidora de Kira, e sendo a garota de ouro de um famoso canal de notícias, o seu sequestro não traria boas consequências para seus sequestradores.

Eu sabia dos riscos, e Matt também, obviamente.

Mas o ruivo não negou meu pedindo. Acendendo um cigarro, enquanto me olhava com um sorriso sarcástico.

"Vamos lá", foi o que você me disse.

E nós fomos...

Agora, eu sinto falta de quando os riscos que eu te envolvia não passavam de horas entediantes na detenção do orfanato, e os famosos castigos duplos: Sem chocolate e sem vídeo game. Para os dois.

Nunca pensei que eu sentiria falta desses castigos infernais... Você dizia que eu ficava um porre nesses momentos, e realmente ficava.

Meu humor ficava péssimo sem meu precioso doce, mas você também não era a melhor das companhias nesses momentos. Reclamando constantemente do quanto você estava entediado sem ter nada para jogar...

Matt... Tantas detenções que fiz você cumprir por minha causa.

Tantas coisas ruins que o envolvi, mesmo que sem a intenção.

E você nunca me culpara por nada, mesmo quando eu merecia ser culpado. Afinal, a culpa era de fato minha!

Sempre fora minha.

Sempre fora eu o estourado.

Sempre fora eu o desbocado.

E era você quem me parava.

Quantas vezes você já segurou meu punho no ar, para que eu parasse de esmurrar alguém?

E agora, você estava morto.

Quem pararia meu punho agora?

Quem me impediria de fazer algo que poderia claramente me prejudicar depois?

Quem implicaria com meu vício em chocolates?

Com quem eu implicaria por ficar sempre soltando aquela maldita fumaça tóxica no meu lado?

Morto... O Matt estava morto.

Não parecia fazer sentido.

De forma nenhuma.

Não podia ser.

Não.

Não ele.

Não o Matt...

Parecia que a qualquer momento eu o veria, parado na estrada, fazendo sinal para entrar no caminhão.

Consigo claramente imaginar essa cena. Ele se sentaria ao meu lado, soltaria a fumaça de cigarro de seus pulmões em meio a uma piadinha autodepreciativa, ou algum comentário a respeito de eu ser loiro, ou de meu vicio em adrenalina e chocolates...

Bad influenceOnde histórias criam vida. Descubra agora