3. rosquinhas e músculos

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Primavera.

As flores desabrochando pela primeira vez no ano, o ar ameno e agradável, propício para piqueniques no parque ao entardecer.

Era isso que Kai queria fazer na primavera. Colher as mais bonitas e cheirosas margarinas e colocar no cabelo cor de mel da sua amada.
Passear de mãos dadas no final da tarde, partilhando o mesmo salgadinho que tanto gostam, pois ele sabia dos gostos da garota.

Café com pouco açúcar, chá gelado de limão com duas pedras de gelo e uma folhinha de hortelã, e rosquinhas com cobertura de chocolate. As preferidas da Sun.

Pode até ser considerado um stalker, todavia, ele não se importa, desde que ele descubra quais os gostos da garota dos seus sonhos nada mais importa.
Porém, ele não pode dizer que a garota sabia algo dele, pois ela mal o dá atenção. Se bobear, a Sun nem sabe da sua mera existência.

Suspirou com esse pensamento de que a garota pode nem saber de si e continuou os passos pelo corredor um pouco abandonado visto que ainda estava cedo para a primeira aula.

No dia anterior, Kai e seus amigos ficaram até tarde discutindo sobre planos, que de infalíveis não tinham nada, entretanto, não chegaram em lugar algum com aquilo.

Suspirou de novo.

O loiro queria saber como chegar na Sun e botar para fora tudo aquilo que ele sente no peito.

Os batimentos que aceleram desesperadamente apenas por a ver se movendo graciosamente enquanto realiza cada passo de dança; seu estômago que é tomado por algum fenômeno cientificamente não identificado, ou se é identificado ele não sabe qual nome é dado, é como se borboletas fizessem um tipo de baile no seu interior, o deixando muito estranho; a derme das suas bochechas que ganham um calor descomunal que ele próprio não sabe explicar.

Aliás, ele não sabe explicar realmente o que sente pela garota. É tudo tão confuso, tão intenso que às vezes ele sente medo.

Esse medo o deixa incapacitado de fazer algo, não tem coragem de tomar alguma atitude. Só da Sun existir já deixa Kai como uma manteiga derretida.

Os sentimentos são muito doidos.

- Huening Kai? - o loiro deu um sobressalto ao sentir uma mão o cutucando no ombro.
Mas o espanto de Kai não foi por causa do susto, e sim por quem pronunciou seu nome com a voz melodiosa que ele tanto ama ouvir.

Sun o encarava com o cenho franzido. Talvez esteja estranhando um marmanjo bem mais alto que si se assustando com um simples toque, ou porque o loiro encostou na parede tentando achar algum apoio, pois o mesmo estava a beira de um desmaio.

Era isso mesmo? Sun estava chamando seu nome pela primeira vez? Ela sabia seu nome?

Ela pronunciando seu nome era como ouvir anjos cantando. Kai queria ter gravado esse evento para repetir vezes seguidas antes de dormir, assim teria lindos sonhos.

- S-sim? - se o corredor tivesse um buraco bem fundo, Kai se jogaria nele e nunca mais sairia, por gaguejar assim na frente da garota que o deixa fora dos eixos.

Ouviu uma risadinha contida da garota dos fios castanhos.

Até a risada dela é linda.

A covinha solitária na bochecha esquerda é um detalhe charmoso na face linda da garota. Kai queria a tocar e ver a profundidade da mesma.

Porquê que ela tinha que ser absurdamente bonita?

Kai queria entender porquê sentia aquelas coisas por ela.

- Jake me emprestou um livro, mas ele avisou que não virá hoje. Já que vocês moram na mesma rua, tem como você devolver para ele, por favor?

Qualquer coisa que você pedir eu faço.

 Boiolinha por Ela [shortfic]Onde histórias criam vida. Descubra agora