"querida antiga versão de mim,
primeiramente, desculpe.
Por todas as vezes que fingi não ver coisas que acabaram com você, só para manter perto pessoas que não me cabiam mais.
Por todas as ocasiões que calei nossa voz, a fim de não arrumar problemas, quando dentro de nós estava ums bagunça completa.
Por sempre que não soube nos curar sozinha e recorri a pessoas e situações que só pioraram nossas feridas.
Mas te digo querida eu do passado, tudo o que passamos não nos fortaleceu, de forma alguma. Tudo o que passamos, todas as madrugadas chorando, todos os surtos, todas as quedas, tudo, apenas nos fez colocarmos para fora nossa força, porque ela sempre esteve aqui, sempre. Mas você sabe, querida eu do passado, que reprimimos essa força estrondosa exatamente por isso: pelo barulho absurdo que causamos, ao vivermos intensamente o caos de ser eu. "
Quantas vezes nossa versão atual de nós mesmas é inimiga do nosso passado?
pela culpa, pela vergonha, pelo medo, pelo que devíamos ter feito, pelo que fizemos, pelo que disseram lá atrás, pelo que dizem hoje, pelo que nem tínhamos como controlar, enfim, são inúmeros motivos para odiarmos e querermos fingir que nunca nada daquilo aconteceu.
Mas ela está lá ainda,nosso passado não é apenas um espaço temporal repleto de história e arrependimento, nele ainda vive nossa "antiga eu", e ela está lá, apenas esperando a nossa atual versão olhar para ela sem ódio, talvez com dor, arrependimento, mas sem mágoa dela, afinal, no fundo sabemos que ela nem é tão culpada assim, e se for, tudo bem, porque foi com elas errando e tropeçando que pegamos impulso e começamos a formar quem é nossa atual versão.
não olhe para sua antiga versão como sua maior rival, transforme-se em uma com ela, absorvendo tudo de aprendizado e luz que ela pode te oferecer.
e a perdoe, ela não tem culpa de quase nada do que aconteceu no passado, e você sabe.
