Nossa trajetória neste planeta começou a mudar recentemente em termos históricos, mais especificamente entre 10.000 e 12.000 anos atrás, estimam os pesquisadores. Se a história do planeta Terra fosse escrita em um livro com 450 páginas, onde cada página representa dez milhões de anos, essa mudança estaria na última linha da última página.
Mesmo sendo tão recente, os resultados decorrentes dessa transformação, e das que se seguiram graças a esta primeira, foram capazes de alterar o bioma do planeta, extinguir espécies, alterar o processo de seleção natural e colocar uma espécie que originalmente não ocupava um lugar importante na cadeia alimentar, como soberana em todos os territórios do mundo.
Por milhões de anos, tudo que existiu no Planeta Terra foram elementos químicos e biológicos. Era a química destruindo e criando novos elementos a cada segundo. O surgimento das plantas e dos animais, entre eles a espécie humana, e a expansão destas espécies por nosso planeta. A relação entre química e biologia ditava os rumos das espécies que aqui viviam.
As coisas começaram a mudar quando, há mais de dez mil anos, o ser humano criou a agricultura. A agricultura possibilitou para a espécie humana crescer em número, impor sua vantagem numérica sobre as demais espécies, criar tecnologias cada vez melhores, e criar um elemento novo, até então inexistente em mais de 4,5 bilhões de anos do planeta, a ficção.
Voltemos algumas dezenas de milhares de anos antes da agricultura, a espécie humana sobrevivia através da caça e da coleta de frutas e cereais. Vivemos de forma nômade por quase toda nossa história evolutiva, e pensar que hoje não queremos levantar do sofá para buscar o controle remoto da TV.
Aos nossos ancestrais não foi dada a escolha de continuar assistindo anestesiado ao mesmo entediante programa na televisão, enquanto simultaneamente faz o pedido de delivery pelo aplicativo do celular. Para comer eles precisavam sair em busca da comida, é como ir para a churrascaria com a família, exceto pelo fato que você vai ter que pegar o boi, matar e cozinhar, mas vai economizar os 10% da taxa de serviço.
Os hábitos alimentares da raça humana guiaram nosso comportamento como espécie. Assim como qualquer outro animal na natureza, a necessidade mais básica é a alimentação. Assim, se espalhamos de um continente para outro em busca de alimentos. Inicialmente vivíamos em bandos menores, o que não é diferente da maioria das espécies que observamos hoje em dia.
Por exemplo, os macacos da espécie Bonobo, que possuem DNA mais de 98% semelhante ao ser humano, vivem em grupos de até 80 indivíduos, outras espécies de macacos também não tendem a viver em grupos com números muito superiores a uma centena de membros.
Pensando em termos de natureza, é fácil concluir que um grupo menor se adapta mais fácil. Sua locomoção em busca de comida é mais rápida, a quantidade de alimento disponível no meio ambiente sustenta um grupo menor por mais tempo, e a incidência de conflito será menor. Quem acha que viver em família sem brigar não é possível, imagine um grupo com cem pessoas ter que se manter coeso pelo bem comum.
Falar em um grupo de cem indivíduos vivendo junto nos dias atuais parece muito pouco. Eu já trabalhei em empresas multinacionais com dezenas de vezes esse número de funcionários, e essa empresa está situada em uma cidade com milhares de vezes essa quantidade de pessoas, que se faz parte de uma expansão territorial que chamamos de Brasil, com mais de duzentos milhões de habitantes.
É claro que não chegamos nem perto de conviver com todos que se identificam como brasileiros e brasileiras. Como natural de Sorocaba, nunca cheguei a conhecer pessoalmente nem um centésimo dos habitantes da minha cidade, e mesmo assim tenho uma identificação com eles.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como o ser humano criou Deus
Non-FictionEsse trecho é parte integrante da obra: Como o ser humano criou Deus. A obra completa pode ser adquirida pela Amazon através do link: https://amzn.to/3FB4chq Boa leitura.