PARTE II - BOM DIA, RAFA

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Vocês mal leram a primeira parte e eu já voltei pra gente finalizar essa história.

Dessa vez não vou me prolongar nas notas, ok? Aproveitem a leitura, a gente se encontra lá embaixo!

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Rafaella demorou alguns segundos para reagir à fala de Gizelly, mas quando voltou a si, caminhou de forma apressada até a porta do passageiro e entrou ainda em silêncio. Trocaram um sorriso antes de a motorista voltar sua atenção ao trânsito.

Por mais confortável que fosse desfrutar apenas da companhia de quem havia transformado sua noite, Rafaella queria mais, era quase como uma necessidade saber mais sobre aquela mulher de timbre rouco e sorriso aberto. Gostaria de ouvi-la falar mais sobre si, já que desde o primeiro contato, Gizelly havia se mostrado disposta a escutar os desabafos de sua passageira, dando pouca margem para que ela lhe perguntasse qualquer coisa.

— Há quanto tempo você trabalha como motorista de aplicativo? – Resolveu quebrar o silêncio e mesmo sem olhá-la nos olhos, pôde notar um pequeno sorriso. – Você tem alguma outra ocupação ou se dedica apenas a salvar pessoas de noites extremamente desastrosas?

— Pouco mais de quatro meses, eu acho. – Mesmo sem desviar os olhos, sentia que a morena de olhos verdes lhe encarava. – Bom, durante o dia eu trabalho no departamento administrativo de um banco e a noite eu me dedico a salvar mulheres bonitas de noites extremamente desastrosas.

Gizelly sabia exatamente o que a mulher dos olhos mais belos que já tinha visto queria descobrir, então resolveu entrar na brincadeira para ver até onde Rafaella iria com aquelas perguntas. E secretamente desejava que ela fosse direto ao ponto.

— Entendi... aposto que durante esses meses você já salvou muitas delas, certo? – Rafaella esperava não estar sendo direta demais com todo aquele questionamento, mal sabia ela que discrição não era o seu forte. – Sorte a delas, então.

— Na verdade, você foi a primeira. – Viu a confusão estampada nos olhos verdes e resolveu esclarecer. – Eu sempre converso com os passageiros, às vezes até me arrisco dando um conselho ou outro, mas nunca se estendeu além da corrida... como aconteceu hoje.

— E o que te fez mudar de ideia? – Virou-se para Gizelly e aguardou que os olhos castanhos encontrassem os seus. – Foi o meu pedido claramente desesperado?

— Confesso que não tenho uma resposta. – Aproveitou os breves segundos do semáforo fechado para encarar a mulher ao seu lado. – Eu não sei exatamente porque você estava em um lugar que não desejava, mas senti que precisava fazer algo pra melhorar a sua noite, sabe?

— Não desejava mesmo, mas mais uma vez me rendi a chantagem da minha mãe. – Disse ainda de forma vaga e desviou dos olhos castanhos. – Era a festa de um dos sócios do meu pai, então segundo a Dona Sônia Kalimann, a minha ausência não seria bem vista pelos olhos dos demais membros do conselho, ela usou até a palavra imperdoável pra definir.

— Sua mãe parece ser bastante controladora. – Encolheu os ombros, como se pedisse desculpas pela frase anterior. – Como você conseguiu sair sem que ela visse? Porque quando eu cheguei, a festa não parecia ter acabado, então você bancou a Cinderela e simplesmente fugiu?

— Parece não, ela realmente é controladora, egocêntrica, egoísta, entre outras muitas coisas bastante negativas, devo confessar. – Fez uma careta fofa e não evitou a gargalhada ao ouvir a analogia. – Bom, se eu sou a Cinderela, isso te torna a minha fada madrinha?

— Ou um dos ratinhos que conduzem a carruagem, fica a seu critério escolher. – Notou o sorriso lindo brincar nos lábios de Rafaella e decidiu que o manteria pelo tempo que conseguisse aquela madrugada.

Driver | Oneshot ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora