Turbilhão de sentimentos.

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Dante se encontrava encantado olhando a pintura que havia ganhado do príncipe, conseguia sentir pelos detalhes das pinceladas as emoções que outro sentiu ao pintar, era ótimo saber que tudo aquilo era direcionado a si. 
 Estava terminando de fechar os botões dourados de seu uniforme real, que precisava sempre estar impecavelmente branco, enquanto olhava para o quadro e pensava na imensidão de sentimentos que Arthur parecia sempre carregar dentro de si.
Mesmo quando o príncipe regente estava exteriormente calmo, Dante conseguia sentir o turbilhão de sentimentos que ele escondia, era assim desde que eram pequenos e o orfanato em que o loiro morava resolvia fazer uma visita guiada ao palácio, ele acabava sempre, totalmente sem querer, se perdendo do grupo e encontrando Arthur tocando algum instrumento ou brincando com bonequinhos.
 No começo ficava com vergonha de conversar e brincar com ele, mas o jovem príncipe sempre foi uma pessoa muito amigável, o que acabava fazendo Dante aceitar participar das brincadeiras.
Com o tempo Arthur ficou muito ocupado com todas as obrigações de príncipe, e os dois pararam de se encontrar por acidente para brincar, mas ele continua o mesmo menino amigável e que exala sentimentos que Dante conheceu. 

— Dante vem tomar café, nós vamos acabar chegando atrasados desse jeito — A voz de sua irmã o tirou do transe que nem percebeu que havia entrado, estava parado, encarando a pintura, com as mãos ainda no último botão do uniforme e com um leve sorriso saudosista nos lábios.
— Desculpa, eu me distraí e perdi a noção do horário — Respondeu se sentando em uma das quatro cadeiras que rodeavam a mesa de madeira, cada cadeira era de um modelo diferente, Beatrice gostava assim.
— Eu trouxe aquelas tortinhas de morango que você gosta, fizeram ontem no palácio mas sobraram muitas. 
— Obrigado Bea, eu tinha visto na cozinha mas não deu tempo de comer, eu tinha até ficado triste por não ter pego nenhuma.
— Sua irmãzinha querida nunca decepciona, meu caro — Disse a garota sorrindo enquanto colocava açúcar em seu café.
— Falando em não decepcionar, como vão aquelas flores que você falou? — Perguntou enquanto saboreava uma tortinha — As que florescem só duas vezes por ano, sempre à noite. 
— Elas murcharam um pouco, mas já estão se recuperando, acho que até o final do mês elas desabrocham, se nós estivermos no palácio eu te chamo pra ver. 
— Eu pesquisei um pouco sobre, elas parecem lindas, eu encontrei até alguns poemas sobre elas — Disse Dante. 
— Depois eu quero ver esses poemas, acho melhor a gente ir, se não vamos chegar super atrasados. — Pontuou, se levantando para lavar sua parte da louça, enquanto o irmão terminava de comer. 

—///— 

O turno de Dante já estava na metade, e como tudo estava calmo resolveu escrever sua resposta para Arthur, pegou o papel e a caneta, mas seus planos foram interrompidos. 
— Dante, você ouviu o que estão falando por aí? — Disse Beatrice entrando apressada na biblioteca, com uma feição da qual Dante conhecia bem. 
— Oi Bea, não ouvi nada ainda, o que aconteceu? — O loiro sabia que a irmã adorava estar sempre informada, e graças a ela acabava sabendo de tudo que acontecia no reino.
— A rainha Ivete, sabe? das terras do Sul, madrinha do Príncipe Arthur. — Começou a contar animada, vendo o outro assentir — Então, parece que ela vai passar um tempo aqui para dar uma força para ele, vai até planejar o baile de máscaras, acredita? eu nem tinha mais esperanças de ir para o baile. 

O baile de máscaras era um dos poucos eventos em que todos do reino podiam participar, pessoas dos reinos aliados eram contratadas especialmente para trabalhar nesse evento, para que os empregados oficiais pudessem se divertir sem preocupações, então a animação de Beatrice tinha uma boa razão. 

— Você tem certeza? eu achei que pela perda do rei cancelariam o baile. — Respondeu confuso.
— Certeza eu não tenho, mas que a rainha Ivete está vindo isso eu sei, ela deve chegar essa semana ainda. — Disse enquanto duas pessoas entravam pelas luxuosas portas da biblioteca.
—Oi Dante, como você tá? quer pão de queijo? — Pergunta Tristan alegre ao lado de Erin. 
— Oi e aí, não quero não, acabei de comer bolo, mas obrigado. 
— Bea a gente queria conversar com você, não precisa ser agora, pode ser quando você puder. — Disse a ruiva.
— Pode ser agora, eu estou sem fazer nada na verdade, só vim contar fofoca pro meu irmão. — Disse acenando em despedida para o loiro. 
— Me ajuda a vestir a armadura? aí a gente vai conversando, eu e o Tris temos um ronda agora perto do rio. — Pediu Erin enquanto os três se dirigiam para fora do grande cômodo.

Agora Dante estava novamente sozinho e pronto para escrever sua carta. 

_____ 

Querido príncipe Arthur, 

Eu sei que você me pediu para ser menos cordial, então tentarei atender esse pedido, eu sabia que você ia gostar do livro, já separei duas obras do Alastor da Silva que encontrei aqui na biblioteca, espero que te agradem. 

Eu fiquei hipnotizado pela pintura, ainda não consigo acreditar que tamanha beleza me foi dada de presente, e consegui sentir toda a emoção que você colocou nela, é com certeza uma das coisas mais belas que eu já vi, estou realmente muito agradecido. 

Você sabia que aqui no Palácio tem uma planta cujas flores só desabrocham duas vezes ao ano, e duram somente uma noite? Eu apreciaria muito se pudéssemos ver juntos elas desabrochando, tenho certeza de que é uma experiência mágica. 

Fiquei sabendo que a Rainha Ivete passará uns tempos aqui, e que talvez ela planeje o baile de máscaras, penso que uma festa será boa para animar a população do reino, vossa alteza participará? Talvez assim pudéssemos conversar pessoalmente, se for de seu agrado, claro. 

Sobre o meu nome, que tal se transformássemos isso numa brincadeira? eu dou dicas e você tenta adivinhar.
As dicas são: meu nome veio de um livro que é dividido em três partes e o nome da minha irmã combina com o meu, boa sorte. 
Espero que seu dia esteja sendo bom, até a próxima carta. 

De seu amigo, D. 
______ 

Estava satisfeito com sua carta, então fez o mesmo processo de sempre, a colocou dentro de um dos livros e foi entregar, no caminho passou pelos jardins e decidiu colher uma linda flor amarela, lembrava-se de ouvir sua irmã dizendo que o nome dessa flor era gérbera, e que algumas pessoas a consideravam uma boa flor para comemorar novas etapas da vida.
Deixou os livros no tapete que estava em frente ao quarto, colocou a flor sobre eles e bateu na porta, se retirando quando ouviu um "já vou" vindo de dentro do mesmo. 

Enquanto voltava para terminar de cumprir seu turno, viu ao longe Beatrice caminhando com Erin e Tristan, que agora trajavam armaduras de ronda, os braços entrelaçados com os braços de ambos, não conseguiu evitar um sorriso, sabia que a garota tinha sentimentos por eles, e como um bom irmão, adorava ver sua irmã feliz. 

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⏰ Última atualização: Jan 21, 2022 ⏰

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