Único - Para termos outra conclusão

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ALERTAS DE GATILHOS (com spoiler): violência, sangue, morte de personagem principal, briga familiar


— Então é assim que termina? – Kaeya ainda tinha a voz ofegante, a garganta seca com o ruivo sentado sobre sua barriga parecendo pesar cada vez mais.

— Foi inevitável, você não me deu escolha. As estelas e todos os astros são prova disso. – Diluc respondeu tão cansado quanto, com as mãos tremulas e olhos ardendo.

— Não foi inevitável, poderíamos perfeitamente evitar essa situação. Mas agora é tarde, já estamos aqui. – mesmo exausto e com as pálpebras ameaçando fechar, soprou um risinho para aguçar ainda mais a raiva alheia.

— Foi inevitável sim, se quiser posso até te relembrar. – subitamente o peso do Ragnvindr apertou ainda mais sobre si, arrancando um murmúrio dolorido.

— O céu está lindo hoje, não?

— Não vou cair nesse truque. – aproximou a ponta da espada no pescoço alheio como ameaça, mas nem de longe foi levado a sério.

— Não sou covarde à ponto de te distrair para roubar sua arma. E outra, nem mesmo força tenho agora. – isso pareceu convencer Diluc, que recolheu vagamente suas mãos e levantou o olhar para ver o que aquela clareira tinha a oferecer.

— Vou ter que discordar, a lua está cheia. – observou logo de cara, amansando a tensão que carregava em seus ombros sem notar — É melhor ver as estrelas sem a lua.

— Por isso mesmo ele está belo, pois está o extremo oposto de quando nos conhecemos. – o Alberich admitiu exausto — Tenho direito a uma última palavra?

— É o mínimo que eu poderia permitir. – tornou a encarar o outro, notando agora com mais calma e clareza o rosto cortado na bochecha direita, o tapa olho característico ainda ali, os fios azuis se soltaram e se espalharam pela grama verde assim como algumas gotas de sangue tinham colorido os seus lábios e roupas.

— Você diz que isso é inevitável, fala que as estrelas são a prova disso, mas você está completamente errado. – soprou o ar que nem notou prender — Se eu pudesse reescrever as estrelas que nos acompanharam, apenas uma seria necessária para que não terminássemos assim.

— A da noite que nos conhecemos?

— Não, essa é a minha favorita. – finalmente se permitiu fechar os olhos — A estrela de quando você completou dezesseis anos.

Era como se um enorme véu cobrisse o céu de ponta a ponta, seus pequenos furos formavam belos desenhos que poderiam ser vistos durante poucas horas, e as vezes a lua surgia e seu brilho incomodava as estrelas mais tímidas.

— Está escuro demais hoje, vai conseguir voltar? – uma voz desconhecida, porém de idade próxima questionou.

— Claro que consigo. Sempre consegui. – sentou-se e olhou para trás, vendo com certo esforço um rapaz em vestes arrumadas e o cabelo bem cuidado — O que veio fazer aqui?

— O mesmo que você; ver as estrelas. – se ajoelhou ao lado do rapaz, com cuidado para não ficar próximo da borda do penhasco das estrelas.

— Nunca vi você por aqui antes. É novo? – conseguiu visualizar uma negação com a cabeça.

— Vai ver que passávamos em horários diferentes e nunca nos encontramos antes. – concluiu antes de estendeu sua destra — Perdão meus modos. Prazer em te conhecer, sou o Diluc.

— Não se preocupe com isso. Sou o Kaeya Alberich. – abriu seu mais largo sorriso e segurou a mão que lhe foi estendida antes de se deitar novamente, sendo acompanhado pelo outro — Quantos anos você tem?

Reescreveria todas as estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora