𝗦𝗜𝗟𝗘𝗡𝗖𝗘 ゛忘来﹙sakura haruno.﹚

𝒇𝒐𝒖𝒓𝒕𝒆𝒆𝒏². resilience.

━━━━━━━━━ CAPÍTULO QUATORZE
resiliência.

Hiro não sabia quantos quilômetros tinha corrido até os limites da vila e nem ao menos se importava com isso. Ele nem ao menos estava pensando ao cruzar o portão de entrada da vila que, por pura sorte, se encontrava aberto o suficiente para que o garoto passasse por ele, ignorando os gritos que o seguiram por boa parte de sua corrida até ali.

Ele reconheceu a voz de sua mãe que o havia gritado a apenas alguns metros do hospital, sua voz falha mostrando que Satomi havia o seguido desde o quinto andar do prédio. Logo atrás dela vinha Kakashi, aparentemente mais tranquilo que a mulher que agora se continha na calçada, não tão rápida quanto o filho que já se encontrava tão mais a frente do que eles.

━ Bem, pelo menos agora sabemos que ele puxou a sua mania de fugir dos problemas. ━ o Hatake comentou às costas de Satomi, fazendo a ruiva se virar irritada para ele, os olhos franzidos para o homem que apenas observara o filho que se afastava mais e mais deles.

Se Hiro tivesse se dado o trabalho de olhar para trás, poderia até ter achado aquele quadro estranho, considerando que o prateado parecia bem mais acostumado com o humor inconstante do filho do que Satomi que já havia perdido a conta de quantas vezes havia visto aquela acontecer.

Afinal, não era a primeira vez que Hiro escapava da tutela da mãe e pelo visto não seria a última, mesmo que quisesse.

Ele estava tão cansado, percebeu com um suspiro ao passar o enorme portão por onde tinha passado ao chegar naquela vila. Cansado de tantas mentiras contadas e tantos segredos que insistiam em esconder dele.

O meio-a-meio caminhou por mais alguns metros até finalmente parar entre as árvores, curvando-se sobre si mesmo ao recuperar o fôlego. Então sua cabeça começou a se encher novamente, cada vez lembranças sobre o que havia acabado de acontecer e mais perguntas surgindo em sua mente. Ele nem sequer conseguia processar o fato de que Jiraiya havia sido assassinado!

Hiro realmente achava que, agora que reencontrara seu pai, as coisas finalmente iam mudar em sua vida, mas parecia que tudo continuava igual.

Talvez até pior, pensou, lembrando-se da partida de Naruto, no motivo dele ter ido embora tão repentinamente para seu retiro no Monte dos Sapos e se perguntou se ele também teria escondido aquela informação dele.

O garoto não se permitiu pensar nessa possibilidade, a dor seria demais. Naruto foi o primeiro amigo que Hiro havia feito em sua vida e o fato de ambos pertencerem ao mesmo clã fez surgir um novo raio de esperança em sua vida. Poderia ser muito cedo para começar a se importar com alguém daquela forma, mas ele não quis imaginar ser traído pelo Uzumaki.

Já Sakura...

Ele sabia que ela estava escondendo algo, e não é como se ela fosse a pessoa mais compreensiva quando se tratava de seus problemas, mas, ainda assim, foi difícil ignorar aquele aperto no peito que sentira ao se lembrar do olhar da rosada ao vê-lo correr pelos corredores do hospital, apenas alguns minutos depois da curta conversa que os dois haviam tido.

Hiro balançou a cabeça, desfazendo-se daquele pensamento ao se erguer mais uma vez. Ele olhou ao redor, procurando algum lugar para onde ir.

Ele não estava nem um pouco afim de voltar para a vila agora e ter de lidar com os sermões de sua mãe, ainda mais agora com seu pai o encarando feio ao lado dela. Por um momento o Uzumaki se amaldiçoou por ter enfiado na cabeça que voltar para a Vila da Folha era uma boa ideia.

Demorou algumas horas de caminhada até que ele encontrasse uma pousada boa o suficiente para que ele pudesse passar aquela noite, não esquecendo, é claro, de pôr a conta no nome de Kakashi Hatake.

Ainda faltavam boas horas para anoitecer, então o garoto aproveitou para curtir a natureza, caminhando através da área verde que parecia cobrir boa parte do País do Fogo enquanto tentava digerir a verdade sobre o que tinha acontecido com seu antigo sensei.

Hiro se lembrou do nome que a Hokage havia lhe dado, pensando novamente sobre tudo o que tinha ouvido ao caminhar. Ele mal sabia quem era Pain e muito menos onde encontrá-lo e, naquele momento, sua brilhante ideia de se vingar de alguém do qual nunca tinha ouvido falar não parecia mais tão brilhante assim.

E foi apenas à noite, à beira de tomar a decisão de voltar para casa, que o Uzumaki se lembrou da Akatsuki e da pequena tara que tinham por tentar capturá-lo. Tsunade Senju tinha dito com todas as letras que Pain era o líder da Akatsuki e, como tal, deveria saber alguma coisa a respeito dele para se importar o suficiente ao ponto de continuar o perseguindo por anos.

Então ele percebeu que poderia conseguir matar dois coelhos com uma única cajadada se fosse esperto o bastante para isso: descobrir o que tanto sua mãe escondia dele e ainda se vingar pela morte de Jiraiya.

Hiro se perguntou o que teria de fazer ou quanto tempo teria de esperar até que algum membro da organização aparecesse para atacá-lo, decidindo-se por arriscar sua boa sorte ao correr atrás do perigo no dia seguinte. Seus pais poderiam estar atrás dele naquele exato momento, então o meio-a-meio não tardou em partir, saindo da pequena estalagem antes mesmo do amanhecer com apenas as roupas que tinha em seu corpo, xingando-se por não ter levado nada do que comer com ele ao fugir.

Levou-se uns bons três dias de caminhada pela floresta até que Hiro finalmente notasse a aproximação de alguém, sempre se fazendo parecer o mais notadamente possível nas pequenas pensões e mercearias onde passava. Ele fez a mesma coisa na maioria dessas, sempre deixando suas despesas no nome de seu pai e, quando o lugar não o permitia fazê-lo, ele apenas roubava, mal se importando com as pessoas que o viam.

De acordo com o que ele acreditava, quanto mais a vista ele andasse, mais rápido algum membro da Akatsuki o acharia e... Parecia que estava certo, afinal.

━ Quem está aí?! ━ perguntou ao se virar alerta na direção de uma enorme árvore às suas costas, não tão rápido quanto esperava ser ao notar a figura encapuzada que o encarava de pé sobre um dos altos troncos da árvore.

Hiro o encarou, a máscara laranja ocultando o rosto do desconhecido por completo, exceto pelo único buraco para seu olho direito. Apenas sua presença fez o garoto gelar.

O mascarado riu ainda de seu lugar, encarando o meio-a-meio como a presa que ele certamente parecia ser naquele momento. Um enorme sorriso de formou em seu rosto por baixo da máscara, seu olho brilhando diante da pessoa que estava parada bem ali na sua frente.

Ele quase cantou, a voz ligeiramente infantiu ao soltar:

━ Ora, ora. O que temos aqui?