Capítulo 8

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-Eu, na verdade, conheço bastante você. - Cheryl disse envergonhada, apontando para os cds, pôsteres e fotos que enfeitavam tão bem a estande de sua casa.

-Você conhece a cantora, quero que conheça meus gostos, minhas respostas sinceras que maqueio tanto ao dar uma entrevista. - Disse se lembrando de Marcus. - Quero conhecê-la mais também, se me permitir. - Disse insegura.

Cheryl não havia demonstrado nada até agora. Não sabia se por insegurança ou por não ter o mesmo interesse da morena.

-S...sim. - A mais velha disse olhando ao redor e reparando na simplicidade de sua casa.

Nunca fora algo que lhe incomodou. Sempre imaginou que um dia iria crescer profissionalmente e, com muito esforço, compraria uma casa maior, onde pudesse viver com alguém que lhe aceitasse do jeito que era.

-Você já deve ter percebido que minha casa, assim como minhas atitudes, são bem simples. Ela, na verdade, é dos meus pais. - Disse envergonhada. - Eles vivem numa fazenda no interior. Meu pai veio de família abastada e minha mãe o conheceu ao ser chamada para fazer o parto de uma vaca na fazenda da família dele. Ela é veterinária até hoje e cuida dos animais que eles possuem.

-Foi dela, então, que veio sua paixão por animais? - Toni perguntou encantada.

-Sim, eu cresci lá e desenvolvi esse amor.

-Quando decidiu sair de lá?

-Não era meu lugar. - Cheryl disse omitindo a parte que era humilhada na escola da cidade por ter um pênis. - Decidi vir para cá cursar veterinária, eles me deram esta casa que fiz questão de ser mais barata possível. Não queria dá-lhes mais prejuízos que já dei. - Falou lembrando-se de todo tratamento que fizeram para descobrirem o problema que ela tinha ao chegar em sua adolescência e ela desenvolver mamas.

Eles a criaram, até então, como um menino. Ao descobrir que possuía o sistema reprodutor feminino dentro de si e que desenvolveria seios e corpo afeminado, preferiu ser mulher. Sentia-se melhor sendo assim. Infelizmente, suas escolhas não foram aceitas por mais da metade da pequena cidade, ela cresceu sendo ridicularizada por todos.

Os únicos que mantinham um bom relacionamento com ela eram seus pais, sua melhor amiga Barbara, a empregada que havia lhe criado desde criança e sua filha, que inclusive havia sido a primeira pessoa que Cheryl se relacionou. Alexa era interessada no que a mais velha tinha dentro das calças, mas não queria que seu nome fosse ligado a ela, preferia não ser ridicularizada pela cidade.

-Eu cheguei há 4 anos aqui. E consegui de imediato o emprego na lanchonete. - Disse lembrando-se do seu início e de toda amizade com Veronica logo nos primeiros dias de faculdade. Ela sempre a apaioara e foi ela quem lhe indicou o seu emprego, o chefe era seu conhecido e facilmente Cheryl conseguiu a vaga. - Mesmo que meus pais tenham insistido para me sustentarem aqui, eu preferi andar com minhas próprias pernas.

-É uma linda história. - Toni disse orgulhosa.

-Se me permitir, quero conhecer a sua. - Cheryl disse tomando coragem e se aproximando de Toni, fazendo a morena sorrir em alívio. Chegou a pensar que, a qualquer momento, a mais velha lhe expulsaria de casa por conta de sua omissão.

-Eu sempre tive uma boa relação com a música. Meus brinquedos preferidos sempre foram instrumentos musicais, eu precisava ouvir som para achar a brincadeira divertida. - Disse sorrindo nostálgica. - Foi através da família da Betty, minha melhor amiga, que pude começar a dar meus primeiros passos na música.

"Meus pais sempre se esforçaram muito para nos sustentar. Saímos de Cuba quando eu ainda era criança para tentar uma vida aqui. Meu pai conseguiu emprego como servente de pedreiro e minha mãe completava nossa renda lavando roupa para a vizinhança.Tia Alice, mãe de Betty, era uma de suas clientes. Elas sempre mantiveram uma ótima relação, assim como eu e Betty. Desde cedo, todos ali sabiam do meu amor por música e sempre que tinha uma brecha, eu pegava emprestado o violão da casa da Tia Alice para me divertir em casa. Aos poucos, eu fui aprendendo alguns acordes e, tinham noites, que a vizinhança se reunia na calçada para me ouvir cantar baixinho enquanto eu tocava algo que havia aprendido."

-Você não precisou de nenhuma ajuda profissional? - Cheryl disse encantada com toda a conversa.

-Sim, uma hora eu precisei, sim. E é aí que entra a família de Betty. Eles custearam meu curso de canto, mesmo meus pais os negando. - Disse sorrindo com a lembrança. - Eu rapidamente desenvolvi minha voz e não demorou muito para as cantorias na calçada virarem luais com os amigos e barzinhos pequenos na cidade. Meu empresário me descobriu quando fui tocar num barzinho maior a convite de um amigo de Betty. De lá para cá, você já conhece.

-Nossa. - Resumiu encantada.

-Quando entrei na lanchonete em que trabalha, não imaginava que chegássemos até aqui. Eu não tinha pretensão de me envolver com ninguém nem tão cedo, já que minha agenda é corrida e muitas vezes só possuo a madrugada como tempo livre. - Disse se lembrando das vezes que foi até a lanchonete ver Cheryl à noite. - Se você aceitar essa minha rotina, e...eu...

-Sim. - Disse interrompendo Toni e avançando sobre a mais nova, ela só precisava saber se a morena sentia o mesmo que ela.

Não queria ser afoita, mas já não aguentava ficar perto dela sem beijá-la. Toni apertou forte a nuca de Cheryl enquanto a mais velha controlava suas mãos para não tocar em lugares indevidos, limitando-se a tocar no rosto da morena.

-Que boca gostosa, Cher. - Toni disse enquanto descia seus beijos para o pescoço de Cheryl. Seus desejos falavam mais alto e ela já estava louca para se entregar para mais velha.

-To...Toni... - Disse gemendo ao sentir a chupada forte dada por Toni em seu pescoço, desceu seus toques para a perna descoberta da morena, apertando forte enquanto gemia arrastado.

-Cher, eu preciso... - Não concluiu sua frase e preferiu agir, sentando-se no colo de Cheryl que já estava super excitada com os beijos distribuídos pela morena em seu pescoço.

A mais velha tratou de agarrar a cintura de Toni puxando seu corpo para mais junto de si.

-T...Toni, você não acha que estamos indo rápido demais? - Perguntou insegura antes de agir com todo desejo que estava sentindo.

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