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Marília

Acho que tô tremendo que nem um pinscher dentro desse banheiro esperando os cinco minutos do teste de farmácia passarem. Eu estava evitando essa situação faz alguns dias, até o Henrique já tinha percebido, mas ele não me questionava com medo de levar uma patada.

Na verdade eu queria ignorar a bomba que vai cair na minha cabeça caso esse teste dê positivo. Não frequento muito a igreja, mas eu sou uma pessoa religiosa, então começo a fazer uma oração para que a minha intuição estivesse errada e que a minha menstruação tivesse apenas esquecido de descer.

Passaram os cincos minutos. Sinto minhas mãos tremerem e suarem ao pegar os testes.
Sim, testes, eu fiz CINCO. EU TO SURTANDO!!! Acho que nem quero olhar, talvez eu já saiba o resultado. Meus olhos se enchem ao constatar que não, minha intuição não estava errada e eu estava apenas tentando enganar a mim mesma.

Eu estava grávida.
E também estou imóvel e em pânico.

Meu Deus!!! Sinto o ar me faltar. Como isso foi acontecer? Na verdade sei bem como aconteceu, mas eu sou tão certinha com tudo. Como eu pude ser tão irresponsável assim?

Eu só consigo chorar desesperadamente no chão do banheiro encarando aqueles testes. Eu não tô preparada. Eu não quero essa criança. Não quero! Filhos deveriam ser uma benção, mas para mim é um pesadelo. Eu tô com tanta raiva de mim, do Henrique... Que droga! estávamos indo tão bem... com calma.

Não consigo esperar que ele venha até aqui, ajo por um impulso e mando uma mensagem.

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Henrique

Marilia:

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O arrependimento foi instantâneo, pensei em apagar mas já era tarde, os dois risquinhos azul estavam lá. Acho que eu tô traumatizada com qualquer tipo de risquinho. Sinto vontade de vomitar quando vejo que ele está digitando. Acho que tô tendo uma crise, uma crise que vai nascer daqui nove meses. Não espero a resposta, desligo meu celular e deito na minha cama.

Acho que caio em um sono profundo de horas, pois acordo atordoada, percebo que um par de olhos me observa. Aqueles olhos castanhos que enxerga e despe a minha alma, e ele com certeza consegue enxergar a confusão que tá dentro de mim agora.

Mas seus olhos também pareciam meio perdidos e confusos. Acho que eu deixo ele assim...

Ele pareceu aliviado quando eu acordei, deduzi que ele já estava por horas ali.

— Pelo amor de Deus, não me dá mais um susto desses, achei que tivesse tomado alguma coisa. — sentou do meu lado, me encarando ainda sonolenta.

Não sei ao certo, mas acho que ficamos uns cinco minutos sem falar nada. Nossas respirações era o único som que se fazia presente no quarto.

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