"Eu tenho uma pergunta pra você"

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— Ghao-ah, eu tenho uma pergunta pra você — Mingyu sentou-se frente ao garoto de cabelos ruivos, sem rodeios ou apresentações calorosas naquela manhã gloriosa de sexta-feira. Jogando seus livros despojadamente frente ao outro, o que causou um leve olhar de reprovação do representante de classe (e, consequentemente, seu melhor amigo), graças ao barulho irritante que atrapalhou sua concentração na biblioteca onde se encontravam, e assustou-o brevemente.

— Manda, poste ambulante — retrucou sem rodeios, esperando que este dissesse logo o motivo da interrupção de sua sagrada leitura. E daí que estava relendo 'O Chamado de Cthulhu' pela vigésima quinta vez? Era tudo tão interessante, uma fantasia misturada ao suspense intenso. Leria mais e mais, quantas vezes precisasse, apenas para sentir a mesma sensação de confusão momentânea e compreensão final — Espero que seja importante, 'tô na melhor parte do livro

— Prometo que é, e você já leu isso quase mil vezes

— Respeito é bom e eu gosto

— Nem você se respeita, Ghao-ah, agora preste atenção no que vou dizer, por favor!

Mesmo com um bufar alheio, Mingyu prosseguiu assim que notou que podia. — Pensa... se você fosse gay, me namoraria?

O ruivo fechou o objeto em mãos e abaixou um pouco os óculos redondinhos para visar o homem mais alto a sua frente, tentando estudar, em um puro — e constrangedor — silêncio após-questionamento, o que o outro tinha em mente com aquela pergunta tão repentina e totalmente 'pancada das ideias; mas, espantou-se quando viu que o outro falava mais que sério, coisa que não era bem o tipo de Kim Mingyu: o cara com porte de modelo do ensino médio, famosíssimo com as meninas, e exemplo em notas, educação e beleza — mesmo que ambos amigos acreditassem que cada um possuía suas belas flores desabrochadas interiores — para os outros homens presentes na Mansae High School.

E o fato do 'poste ambulante', como amava chamar carinhosamente seu companheiro de infância e vida, estar falando sério... o assustava.

Parecia ter ocorrido no dia anterior o fato de Minghao ter chamado, uma única vez, o filho de sua nova vizinha para brincar de amarelinha assim que notou este sozinho em um banquinho ali próximo; convite este sendo o suficiente para desenvolverem uma linda amizade juntos e uma união gostosa de ambos familiares como um grande grupão. Mingyu era muito ligado a si conforme foram crescendo em companhia e harmonia, assim como o chinês também tinha o mais alto encaixado em todos os seus planos, independente do que acontecesse no futuro.

Seja do "trabalhar para conseguirmos comprar uma casa e morarmos juntos", até o "dar o golpe em algum agiota e ir para a Alemanha com o dinheiro".

A forma como o tempo passava rápido era surreal, já que, hoje em dia, era aqui que se encontravam; claramente escolheram a primeira opção, por mais que a segunda linha de vida fosse bem mais atrativa que o esperado. Juntos, seguindo a promessa de anos atrás.

— Que tipo de pergunta é essa? — questionou, segurando-se para não gaguejar. Como ele odiava ser tímido em algumas ocasiões — E como assim "se você fosse gay"? Você sabe bem que eu sou bissexual, eu já te disse mil vezes, garotos também são minha praia — riu.

— Você entendeu! — exclamou o mais alto, estranhamente nervoso com o assunto — Apenas me responda, sério, eu realmente preciso ouvir algo vindo de você sobre isso

— Bom... se minha opinião importa bastante nesse caso

"Minha resposta é..." depois de um tempo perdido em seus próprios pensamentos, o ruivo responde "Com certeza não"

O silêncio de ambos amigos toma o ambiente por um curto período de tempo.

— O que? — Mingyu indagou, surpreso.

Eu (não) namoraria você • gyuhaoOnde histórias criam vida. Descubra agora