Por Pequenas Patas

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O leve cheiro de queimado e esgoto poderia ser sentido vindo das roupas de Midoriya, que andava a passos lento em direção a sua casa. Ele fungou enquanto ajeitava a mochila nos ombros, não se importando o suficiente para fechá-la. Seus olhos verdes tinham um leve tom avermelhado combinando com suas bochechas rosadas e manchadas de lágrimas que deixavam bem claro que ele havia chorado por um bom tempo.

O esverdeado piscou lento enquanto as imagens dos acontecimentos do dia vinham em sua mente fazendo com que seu corpo se escolhesse desconfortavelmente.

“Se você quer tanto ser um herói dê um mergulho de cisne do telhado. Quem sabe assim você nasça com uma peculiaridade na próxima vida!"

“Sinto muito, meu jovem. Mas você não pode ser um herói. É um trabalho perigoso e você não tendo uma peculiaridade apenas iria atrapalhar os outros heróis.”

“MALDITO, DEKU! VOCÊ NÃO PODE SER UM HERÓI, VOCÊ NUNCA VAI SER UM HERÓI!"

Seu corpo tremeu e sua garganta se apertou desesperadamente querendo soltar um soluço. Foi questão de segundos para Midoriya finalmente soluçar alto enquanto as lágrimas doloridas voltavam a vazar pelos seus olhos. Ele levou as mãos até a boca tampando e abafando os sons que soltava, seus ombros tremiam e ele sentia como se seu mundo pudesse acabar a qualquer momento.

Midoriya tentava desesperadamente focar sua mente em uma única coisa na tentativa de se acalmar, mas tudo pareceu em vão quando sua mente foi até sua mãe. O que ele iria falar para ela? Qual desculpa ele iria usar? Se ela tivesse em casa como iria distraí-la do quão acabado ele estava? Seria ter muitas esperanças desejar que ela não estivesse em casa? Ele esperava que não.

O garoto só desejava um banho quente e demorado para tirar qualquer resquício da gosma nojenta e viscosa que passou por todo o seu corpo, com sorte ele também tiraria as lembranças disso de sua mente.

Ele se sentiu tonto e sua mente girou mais uma vez fazendo seus pensamentos se voltarem para All Might. Ele era tão incrível e foi gentil o suficiente para não ignorá-lo ou xingá-lo de maneira rude, mesmo com a resposta negativa a sua pergunta e a situação ele tentou ser gentil, mas Midoriya não pode deixar de pensar que mesmo com tudo isso o herói número um, assim como todos a sua volta, tivesse um plano por trás de deixá-lo em cima de um grande prédio.

All Might queria que ele…

— Miau! — O som chegou até Midoriya fazendo ele pular no lugar e virar de maneira brusca para o lado em busca do barulho.

O garoto não pensou muito, ele realmente não queria fazer isso agora, e foi em direção ao barulho entrando no beco ao lado. Seus passos foram lentos, mas quando ele finalmente chegou no final do beco um novo "miau" foi ouvido fazendo ele se virar e olhar para a lata de lixo logo vendo ao lado um pano preto algo se mexendo.

Midoriya delicadamente se abaixou limpando o rosto com uma das mãos enquanto a outra mexia levemente no tecido logo liberando a cabeça de um pequeno gato de pelos pretos e olhos acinzentados.

— Olá — ele murmurou, sua voz saindo mais fraca do que ele imaginava, mas ele não se incomodou com isso agora. — Você tem um dono?

O gato piscou e pareceu tentar se afastar, mas acabou por apenas se enrolar mais no tecido fazendo Midoriya sorrir pela primeira vez do dia, mas o sorriso desapareceu quando ele viu a patinha do felino parecer mole demais para estar boa.