Wattpad palavras: 2974
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Aos quatro anos, Midoriya aprendeu que nem todas as pessoas são criadas iguais. E também, que ele fazia parte da escória do mundo. Uma criança sem peculiaridade não é útil e não traria recompensas futuras aos seus pais, esse sendo o motivo para ele só ter sua doce e cansada mãe.
Ele suspirou leve enquanto se encarava no espelho. As palavras de Kacchan soando em repetição em sua mente acompanhadas por vários outros xingamentos de antigos colegas e professores. Seu corpo se estremeceu, mas tudo ficou em branco quando leves batidas na porta soaram naquele quarto silencioso.
— Você está melhorando na gravata, querido. — Inko disse em um tom doce segurando as mãos fofas juntas e sorrindo para o filho.
Claro, ela mentia, mas Midoriya não se preocupou em corrigi-la, mesmo sendo óbvio o quão pequena e torta a gravata parecia.
— Você precisa ir logo ou vai se atrasar!
Ele apenas assentiu lento se aproximando da mulher e a puxando para um abraço quente. Ela riu confusa.
— Izu-kun! Está sentimental logo cedo? Não seja assim ou logo estaremos chorando juntos no sofá. — O tom dela soou divertido, mas os dois sabiam que isso era bem provável de se acontecer.
— Certo, Okasan. — concordou baixo, deixando um beijo na testa da mulher sorrindo leve, não tão brilhante quanto o normal. — Tenha um bom dia no trabalho.
Finalmente, soltando a mãe, ele seguiu o caminho pelo corredor até o andar de baixo.
— Tenha um bom dia, Izu-kun… — disse alto o suficiente para que o filho escutasse.
Seu olhar se tornando preocupado enquanto observava os ombros caídos de seu garoto.
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Midoriya se sentiu levemente aliviado quando chegou no portão da UA. Andar de metrô em meio ao pico parecia um caos, ainda mais quando você se esforçava para não tocar em ninguém. Mas todo o alívio desapareceu assim que ele começou a andar pelos corredores da escola, sua mente girando e voltando aos pensamentos sobre o dia anterior e ele até chegou a errar uma vez o caminho de sua sala.
Ignorando a dor incômoda em seu peito ele abriu a porta, encolhendo os ombros assim que seus olhos encontraram Kacchan. Seus passos foram apressados até o seu lugar e ele se sentou tentando sumir em si mesmo. O olhar do loiro parecendo perfurar o topo de sua cabeça. Pareciam que horas haviam se passado, o suor chegando a se acumular em sua nuca, até os outros alunos começarem a chegar e o olhar pesado sumir de si. Midoriya só percebeu que todos haviam chegado quando foi rodeado por seus “amigos”.
— Midobro, bom dia! — Kirishima cumprimentou alegremente.
Midoriya só conseguiu olhá-lo por breves segundos, inseguro, as palavras de Kacchan vindo a ele e fazendo com que sua boca formasse uma linha fina.
O grupo em si pareceu confuso com a reação, o esverdeado costumava responder, mesmo estando tímido. Mina se inclinou sobre a mesa dele e espiou seu rosto cabisbaixo piscando algumas vezes.
— Mido-kun não dormiu bem? Parece ter olheiras. — Seu tom era manso e curioso, mas ela se afastou quando viu Midoriya se encolher ainda mais.
Os cinco trocam olhares incertos antes de Denki tentar falar com o esverdeado.
— Não me diga que é insone também? Já basta o Shinso! — ele brinca, mas não parece trazer nenhuma boa reação.
O grupo se sentiu tenso. Era estranho ter Izuku assim com eles.

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Por Pequenas Patas
FanfictionEm que no pior dia da vida de Midoriya ele encontra um pequeno gato preto abandonado e o acolhe até que seu dono seja encontrado. Ou Aizawa é transformado em um gato por uma pecualiaridade desconhecida e é sequestrado por um adolecente problemático...