A chuva caía furiosa sobre o chão de terra, ela sentia seus pés doendo, podia senti-los cortando e sangrando toda vez que pisava entre as pedras afiadas, seu folego estava cada vez mais se esvaindo, a tormenta da tempestade cada vez mais alta, a escuridão cada vez menos branda, o desespero começava a tomar conta dela, a angustia, o pavor, não importava o quanto ela corria, o quanto se esforçava, o quanto desejava ou implorava, ele continuava lá, parado, de costas para ela, sem se aproximar um centímetro se quer, o símbolo do Clã Uchiha em suas costas largas, os cabelos negros pesados com a chuva, ou com o sangue que cobria todo seu corpo, das mãos pingava sangue diluído pela água da tempestade que se misturavam, ela podia ver os ferimentos cobrindo seu corpo, ela podia sentir a sua dor, gritou seu nome "Sasuke" tão alto que exalou todo o ar de seus pulmões, mas ele não a ouvia...
— Sakura, acorde!
A voz masculina chamou-a de volta a realidade, sentia as mãos fortes segurando seus ombros, sobre ela estavam os lindos e assustados olhos azuis de Naruto, respirou fundo como se estivesse realmente correndo o máximo que o corpo aguentava a segundos atrás...
— Você estava tendo um pesadelo.
— Me desculpe Naruto. — Ela se sentou e levou a mão até a cabeça, tentando reorganizar os pensamentos.
— Estava chamando pelo Sasuke.
— Foi só um pesadelo. — Sakura tentava se convencer disso, e não apenas avisar o loiro...
— Um dos grandes pelo visto... — Ele sentou-se ao lado dela e colocou as mãos nos joelhos... — Devia tomar mais cuidado, chamando por ele assim você fere meus sentimentos.
O Uzumaki brincou, e levou um tapa no ombro da mulher sentada a seu lado, ela ainda tentava controlar a respiração, sorriu com a brincadeira e olhou para o céu, limpo e estrelado, acima deles...
— Você acabou de se casar, não devia fazer essas brincadeiras.
— Verdade. — Ele sorriu ao pensar na bela esposa que o aguardava em casa. — Bem, volte a dormir, se sairmos quando o sol nascer chegamos a Konoha antes de anoitecer.
— Ótimo, tudo o que eu preciso é de um banho e uma cama decente...
A Haruno falou isso enquanto se virava e afofava a mochila em que deitaria a cabeça, na grama, ao lado dela Naruto também se deitou, colocando os braços atrás da cabeça. Dormiram por mais algumas horas, e logo o sol mostrava seus primeiros raios no céu, Naruto e Sakura seguiram viagem de volta para a vila da folha o mais rápido que conseguiam, e como previu Naruto, pouco menos de uma hora antes de começar a anoitecer viram os portões da vila, cumprimentaram os guardas parados ali, e em um tom alegre Naruto virou-se para ela e anunciou...
— Sakura, você pode ir direto pra casa se quiser, deixa que eu mesmo levo o relatório ao Kakashi-sensei.
Ela agradeceu ao loiro, precisava mesmo descansar, e um bom e relaxante banho quente faria milagres em sua noite, enquanto Naruto seguia para encontrar o Hokage, Sakura seguiu calma em direção a sua casa, fazia duas semanas que havia começado a nova missão, a primeira coisa que fez, mesmo antes do banho, foi regar suas plantas, e ela tinha várias espalhadas pela casa inteira, quando olhou pela janela viu que a noite já havia caído, depois disso subiu para o segundo andar, ligou a torneira e começou a encher a banheira, colocou algum produto cheiroso na pouca água que já tinha, desceu as escadas, comeu uma maça e preparou um sanduiche para comer junto ao delicioso café preto, não estava com muita fome então aquilo era o suficiente, voltou a subir logo, a banheira já estava cheia e coberta de uma espuma quase tão cor de rosa quanto seu cabelo, o banheiro inteiro cheirava a flores doces, e ela suspirou aliviada e relaxada ao colocar o corpo submerso na água quente, ficou deitada por um longo tempo, sem se mover, sem pensar em muitas coisas, sem se preocupar com nada, apenas aproveitando a água quase escaldante...
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Espelho D'água
FanfictionUm dia, há muitos anos atrás Haruno Sakura se apaixonou, esse amor infantil cresceu junto com ela. Um dia, há alguns anos atrás ela viu aquele que ela amava abandoná-la em busca de vingança, seu jovem coração se partiu. Um dia, há poucos anos atrá...