IV - você pode me ouvir agora?

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É dia 8 de fevereiro, uma nublada terça-feira. Todo ano no dia 10 deste mesmo mês, é realizado o anual baile de máscaras no Palácio do prefeito Stonem, esposo e pai de dois filhos. JJ é um deles. João Stonem é o filho mais velho do chefe do poder executivo municipal da cidade e o garoto mais rico de sua faixa etária do estado.

- Qual será a cor tema deste baile, papai? - Pergunta JJ relaxando na jacuzzi com um limão em cada olho e vestindo apenas uma bermuda do Bob Esponja, assim como seu pai.
- Vermelha. - Responde o prefeito.
- Tempos que não acontece uma dourada, a de 2021 foi a pior.
- Por você não ter sido o rei do baile ou por não gostar de verde?
- Ambas.

Em cada baile, a cor principal da decoração muda, mas nunca o conceito das máscaras.

- Irá convidar o Raphael? Tempos que não vejo mais vocês dois juntos.
- Ele é passado, odeio pessoas falsas.
- É sobre o lance da família dele?
- Correto.
- E qual é a culpa dele nisso?

VIRADA DE 2022

Rapha e JJ são amigos desde crianças, mas tudo isso acabou 20 anos depois. Mesmo tendo todo esse tempo de amizade, Rapha nunca entrou em detalhes sobre sua verdadeira vida, e sim mentia. Para JJ, ele morava com os tios pois os pais morreram e o restante de sua família é de outra cidade. Isso é quase verdade, mas muita coisa não passava de mentiras.

Sua família é composta por apenas 4 e estranhas pessoas: seus pais, primo paterno e vó materna; De restante, Rapha não fazia a mínima ideia até descobrir a verdade. Sobre seus "tios", eram apenas amigos de seus pais que acolheram Rapha depois dele fugir e não querer mais morar na sua casa, que por sinal era uma casa bastante estranha. De geração em geração na família Lyra, era obrigátorio você arrumar um ou uma parceira, e nisso matá-lo ao lado de sua família no primeiro jantar, como uma forma de ritual. Caso não arrumase até um determinado tempo, você era o sacrifício. Os "tios" de Rapha sabiam disso, mas não podiam falar nada.

Na virada de 2021 para 2022, os pais de Rapha foram atrás dele para desejar feliz ano novo, e como de costume, ele estava passando no Palácio. Todo ano Rapha conseguia evitar eles, porém neste ano foi diferente. Não sabendo como foi possível a entrada deles no Palácio, Lyra se surpreende ao ver seus pais indo em sua direção e na de JJ.

- Querido e amado filho, quanto tempo. - Diz Rina, mãe de Rapha, abraçando o filho.
- Como assim filho? - Pergunta JJ.
- Somos pais dele, prazer. - Cumprimenta Rina. - Você é algum amigo?

Rapha fica completamente sem reação, assim como JJ. Sem paciência para ouvir explicações, JJ decide passar a virada ao lado de seus pais e irmã. Já Rapha foi expulso ao lado de seus pais do Palácio.

- Eu não acredito que vocês ainda insistem! - Grita Rapha para seus pais no meio da rua.
- Você sabe que nosso ritual é necessário, ou você quer virar uma criatura do mar que se alimenta de pescadores? Assim como as Maxiness, recebemos a maldita praga. Nunca iríamos matar você.
- E se eu continuar sem uma parceira? - Pergunta Rapha, deixando seus pais em completo silêncio. - Imaginei. - Rapha segue indo para um caminho que nem ele sabe, e seus pais voltam para casa.

ATUALMENTE

- Você realmente escutou este diálogo?
- Sim, pai. - Responde JJ tirando de seus olhos os limãos. - Da sacada vi os 3 na rua e escutei isso. Irá prender a Rina e o Sebastian?
- Preciso entender mais dessa história, que por sinal é bastante fantasiosa.

Cada vez mais tarde e "Gia" ainda não chegou de seu passeio, deixando Rapha ainda mais preocupado. A campainha toca e é as duas estudantes de moda esperando serem atendidas por Lyra.

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