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— Hm...~ – Shoto tomou outro gole de seu café, encarando Katsuki, que silenciosamente o encarava de volta.

  Durante aquele pedido de casamento, Katsuki dissera que não sairia tanto para lutar com sua equipe, pois passaria mais tempo com Shoto. Ele não mentira quanto a isso, mas acontece que ambos não estavam acostumados a ter tanto tempo livre um com o outro.

  O loiro suspirou profundamente e tomou um gole do próprio chá antes de perguntar:

— E Touya? Ele, Keigo e a garota.

— Hmm, eles ainda não acharam um momento bom... Mas nós vamos conhecer ela muito em breve

  Katsuki assentiu, levando a louça do café da manhã – deixando apenas a caneca de café do noivo – até a pia.

  E então novamente caíram naquele silêncio. Não era necessariamente um silêncio desconfortável, eles gostavam da presença silenciosa um do outro, mas gostariam de ter uma conversa longa pelo menos.

  Shoto percorreu o olhar pela sala do apartamento: no sofá, Dabi, o gato do casal, dormia sobre algumas folhas, provavelmente cópias das histórias que escrevia. No aparador encostado a parede havia um lindo vaso de flores, além de uma foto do casal e várias pilhas de documentos que não couberam no escritório. Shoto suspirou e tomou outro gole do café, desviando o olhar para o líquido preto dentro da caneca.

— Eh, eu vou pro quarto, ok? – O loiro disse, desaparecendo pelo corredor ao que Shoto murmurou em concordância.

...Ah, como aquilo era estranho. O bicolor se espreguiçou em sua cadeira, mas logo se levantou e foi até a varanda do apartamento, aonde uma tela de pintura pela metade o esperava.

— Bom, lá vamos nós. – Tomou outro longo gole do café antes de continuar a pintura.

...

  Enquanto Shoto pintava, vários pensamentos o vinham em mente. O que será que Enji estava fazendo agora? Será que em algum momento ele sofreria o suficiente por tudo que fizera a família sofrer?

  A única cicatriz visível de Shoto poderia ser a causada por sua mãe, mas ainda sim Enji o deixou tantas invisíveis... principalmente em seu psicológico.

  É claro que os heróis como Aizawa ajudaram a ele e sua família com terapias semanais, mas eram coisas mais profundas que aquilo que continuavam ali.

  Shoto não se preocupava com si. Com suas cicatrizes. Mas com as que vira Enji fazer em seus irmãos, que vira em sua mãe. Ela ainda se sentia intimidada com si e Touya, quando eles mostram algo herdado do 'pai'. Aquilo tirava Shoto do sério.

  Quando o bicolor reparou, sua... obra estava pronta. Era uma representação daqueles sentimentos. Em arte. Uma vez lera em algum livro que pintar ou escrever poderia aliviar o peso dessas coisas, e desde que começara realmente funcionou.

  Shoto suspirou aliviado enquanto tirava a tela do cavalete e a colocava a um canto, escondida o suficiente para que ninguém veja. Assim como suas histórias, ele realmente não gostaria que ninguém visse suas artes, seria uma invasão de privacidade.

O bicolor encarou o anel prateado em seu dedo e franziu a testa. Quando ele sequer imaginara que casaria com Katsuki Bakugou? O garoto que era tão arrogante e adorava irritar Shoto. Nunca se passou por sua mente que se apaixonaria por ele.

— Ah! Que susto, 'Dab... – O homem foi tirado de seus devaneios ao que o gato se esfregou entre suas pernas. – O que foi? Tá com fome? Vem cá. – Shoto logo pegou o gato nos braços e o levou até o pote do mesmo, que estava vazio. Ao que enchia o pote novamente, ele disse: – Desculpe Dabi, esqueci mesmo. Jurava que já tinha colocado comida aqui...

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