Prólogo

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Eu corria desesperada torcendo para que alguém ouvisse meu pedido de socorro, mas no fundo eu sabia que isso era impossível, corri o máximo que minhas pernas machucadas e meus pés ensanguentados deixaram, então eu cai. Desisti, não conseguia mais. Tinha chegado no meu limite. Pedi a qualquer força superior pra me matar naquele exato momento, queria que um raio caísse na minha cabeça. Queria morrer, tudo para escapar do que me aconteceria depois daquele momento que pra mim pareciam horas. Com o rosto molhado pelas lagrimas e a água da chuva, esperei, e quando ouvi os passos dele gritei pela ultima vez naquela noite, supliquei que ele me deixasse em paz, que fosse embora.

- Você realmente achou que conseguiria fugir? - ele zombou rindo, cuspiu na minha cara e continuou - Você é fraca, se você tivesse colaborado nada disso estaria acontecendo.

- Eu tenho nojo de você, e eu juro que se você encostar um dedo em mim eu juro que não vou hesitar em te matar - falei quase gritando 

- Me matar ? - ele riu, e eu me arrepiei - Você não consegue matar uma mosca, você é fraca - ele puxou meu braço, me girou, me imobilizou, apertou meus seios e eu senti algo atrás de mim na altura do meu quadril. 

Então eu senti um ódio subindo pelo meu peito que me fez ter dificuldade de respirar, eu não pensei, apenas fiz, movida pela raiva e pelo nojo dei um impulso na árvore com o pé machucado com a maior força que eu consegui, e caímos, eu estava disposta a correr novamente, mas eu senti que ele tinha parado de se mexer, olhei para trás e vi que ele havia batido a cabeça em uma pedra e ficado inconsciente, e então, tomei por impulso uma decisão arriscada, verifiquei se ele portava qualquer arma de fogo, ou algo que pudesse me matar ou me ferir e guardei no cós do short, peguei uma pedra grande e comecei a arrastar ele de volta para a cabana.

 Eu demorei cerca de duas horas para chegar arrastando aquele monstro comigo, e quando chegamos coloquei ele ainda desacordado em uma cadeira e o amarrei usando os lençóis da cama, então, esperei ele acordar.

- Você acha mesmo que esses pedaços de pano vão me segurar ? - ele falou chamando a minha atenção cerca de uma hora depois de temos chegado. Meu coração errou uma batida. 

- Não pra ser sincera, mas se você tentar fugir - apontei a arma carregada pra ele - eu atiro. Você tirou tudo que era mais importante pra mim - falei baixo, mas o suficiente pra ele ouvir - você é um monstro - dessa vez eu quase gritei.

Então tudo aconteceu, foram questão de segundos, ele se soltou e veio em minha direção e  então eu atirei, foram três disparos no total até ele cair no chão, eu fiquei em choque, esse não era meu plano, era chamar a policia, ele deveria estar certo, eu não conseguia, eu esperei o peso do que eu tinha acabado de fazer, mas isso não me aconteceu, o que na verdade veio, foi as memorias de tudo que ele havia me feito, a minha mãe, meu irmão, meu corpo. E então, raiva, disparei mais uma vez, e outra, eu sabia que ele estava morto, mas eu queria descarregar aquela raiva, e quando eu menos percebi, já tinha esvaziado todo o pente, joguei a pistola nele e cai no chão ajoelhada, olhei para o lado e vi um machado em cima da lareira, peguei, e com gritos, se seguiu uma serie de golpes, eu não consegui sentir nada, eu queria sentir alguma coisa, eu tinha acabado de matar meu próprio pai.

As Faces De Um AnjoOnde histórias criam vida. Descubra agora