— Onde vai? Tem algum compromisso por agora? — Perguntou Diego, deitado em sua cama, com o lençol cobrindo seu corpo nu da cintura para baixo.— Não, só estou indo embora — Respondi enquanto abotoava meu sutiã.
— Tão cedo?
— Para começo de conversa, eu nem deveria estar aqui — Disse após fechar o zíper do meu vestido — Isso foi um erro.
— Não finja que não queria ter vindo, bem que você gostou da nossa noite, e sei que vai ter uma próxima vez, sempre têm.
Eu peguei minha bolsa que estava largada em uma cadeira do quarto dele e saí sem dizer mais nada. O que eu poderia dizer? Ele estava certo, por mais que eu soubesse que era errado e quisesse parar, eu nunca conseguia, sempre havia uma próxima vez. Saí da casa de Diego e comecei a andar apressada pela rua, ansiosa para chegar em meu cantinho, onde eu poderia chorar sozinha e pensar na minha vida sem ser incomodada.
Meu nome é Bianca Queiroz, moro em Guarulhos, no estado de São Paulo, tenho 18 anos, sou filha única, formada e trabalho no caixa de um supermercado. A pouco tempo, eu morava com meus pais, mas agora moro com a Jéssica. Ela é minha melhor amiga, é mais velha que eu, têm 23 anos e mora em um apartamento alugado, é pequeno, mas tem dois quartos, então assim que fiz dezoito, ela me convidou para ir morar com ela, e quando ela fica semanas de viagem na casa da família, eu cuido de tudo por aqui, como estava acontecendo aquele mês.
Deve estar se perguntando sobre o Diego e a cena que aconteceu a poucos minutos atrás, não é? Pois bem, eu vou contar, mas é melhor que eu esclareça logo: minha história tem muitas partes que podem ser desagradáveis e até constrangedoras para algumas pessoas, mas não posso mentir para vocês e fingir que não tenho essa parte podre que todos têm. Então... Comecemos do começo. Desde que me entendo por gente, minha família inteira sempre foi muito religiosa e com isso, é óbvio que você já cresce sabendo a qual caminho será direcionada, mas não me interprete mal, aos meus 12 anos, eu mesmo decidi que também queria ser cristã como eles, que queria começar minha jornada espiritual, até queria me batizar, mas minha mãe nunca deixou, ela dizia que eu era jovem demais para saber o que queria e como vocês sabem, mães nos conhecem melhor que todo mundo e sempre estão certas.
Quando se escolhe viver por um padrão de vida, é preciso se esforçar para não sair de nenhum de seus princípios e era o que eu fazia, eu queria agradar a Deus, eu queria ser o exemplo para os outros jovens e eu queria ser como meu irmão mais velho Jesus, como Jéssica costumava dizer, mas a adolescência chegou na minha vida e foi aí que as coisas começaram a desandar.
Claro que nesse período aconteceram coisas boas também, foi aí que conheci Jéssica e entrei para o grupo de louvor, usar minha voz para louvar e transmitir comunhão, paz e algum tipo de conforto era uma das coisas que mais me fazia feliz e era ótimo poder fazer isso junto com minha melhor amiga, nossas vozes combinavam tão bem quanto nós combinamos uma com a outra, com o belo contraste entre sua voz grave e a minha mais fina e suave. Nesse período, também conheci o Gabriel, ele era cinco anos mais velho e o conheci na igreja assim como foi com a Jessica. Ele é loiro, pele clara, alto e uma luz inexplicável irradiava o lugar por onde ele passava, não éramos tão próximos nessa época, mas conforme se passavam os anos, nós nos aproximávamos mais.
Voltando para as coisas ruins dessa fase, eu conheci amizades que eram más influências, não fiz nada de errado induzida por eles, mas eles me apresentaram coisas que eu não fazia ideia de como eram, porque digamos que meus pais optaram por preservar minha inocência. Em seguida, eu comecei a pensar sobre as coisas que agora eu sabia e ter curiosidade em saber como eram. É estranho, mas parece que quando sabemos que algo é errado, fica mais excitante a ideia de cometer o ato. O próximo passo foi ouvir mais sobre essas coisas, ler sobre essas coisas e ver mais sobre essas coisas. Certo, eu estou falando de todas as coisas mais erradas para uma pessoa que quer viver sobre os princípios de Cristo, ou seja, atos que podem resultar em um pecado, que podem resultar em distanciamento de Deus e até em uma mudança radical de quem somos. O terceiro passo foi usar a imaginação para autoprazer.
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Paz que excede todo o entendimento
EspiritualBianca é uma jovem paulista atormentada diariamente pela culpa, as consequências de seus próprios erros e por seu pecado vicioso. Em busca de sua paz de espírito, ela descobrirá que a forma de obter isso vai um pouco mais além do que ela pensava. ➡...