p r ó l o g o

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O vento chicoteou fortemente os longos cabelos loiros de Sophie, o ar de inverno fez os seus pulmões doerem quando uma tentativa de puxar uma respiração foi feita. Ela abriu a porta da sacada, liberando toda essa corrente gelada em seu corpo pouco vestido.

Como consequência, ao escorregar pelos seus lábios avermelhados e ligeiramente rachados, a névoa saiu esbranquiçada, como se o gelo tivesse sido vaporizado diretamente de suas vias nasais.

Os pelos de todo o seu corpo se ergueram, implorando por alguma fonte de aquecimento. Mesmo sentindo a necessidade de voltar para o calor humano e dos aquecedores da casa, Sophie deu mais um passo à frente e deixou a porta se fechar sozinha atrás de si.

Finalmente ela pode respirar ar puro. Ela apenas precisava de algo que não fedesse a bebeida, sexo e fumaça preenchendo sua traqueia. Sua cabeça estava começando a doer por não ser acostumada com tanto barulho e o arquinho branco que enfeitava sua cabeça começou a apertar demais atrás de sua orelha.

Sophie jamais falaria isso para o seu namorado, mas ela ficou estranhamente feliz quando os amigos idiotas dele o puxaram para longe dela e pediram um momento com o cara mais gostoso da cidade, como disseram eles.

Ela pensava a mesma coisa antes de chegar na casa dele a duas horas atrás, pronta para se divertir e tirar o peso e os problemas das costas, até que olhos profundos e castanhos começaram a encarar ela durante toda a noite, em todo lugar.

Sophie engoliu em seco quando sua mente a levou longe, e seus dedos tatearam o decote da blusa branca em busca de um dos cilindros de tabaco que tinham sido colocados ali antes de sair de casa.

Assim que encontrou o cigarro meio amassado, deu alguns passos para frente e o deixou sobre o parapeito de cimento, fuçando o resto da roupa a procura da fonte de chama que acenderia o caminho para a sua tranquilidade.

Ela franziu o cenho quando percebeu que o isqueiro não estava em lugar algum, nem mesmo em sua calcinha.

Assim que ela começou a se virar para sair da sacada em busca de algum fósforo ou coisa do tipo, seus olhos foram atraídos para algo mais interessante.

Ele estava ali.

O estranho fantasiado de caveira a encarava com um cigarro entre os lábios. Uma maquiagem escura cobrindo o seu rosto da mesma forma que ela tinha memorizado. Jaqueta de couro preta sem blusa alguma por baixo deixando seu peitoral muito bem esculpido e pintado com diversas tatuagens à mostra. Corpo alto, musculoso e delicioso demais para a sanidade fodida de Sophie.

Ela engoliu, apertando o cigarro entre os dedos quando uma onda de fumaça deixou a boca dele e cobriu todo o seu rosto, subindo pelos céus e desaparecendo como se nunca tivesse estado ali.

O homem tinha uma mão enterrada no bolso da calça, a outra apoiada no encosto ao seu lado e os olhos cruzavam cada linha do corpo esbelto de Sophie, guardando tudo o que podia na memória.

Por um instante, ela quis olhar para baixo e conferir que sua cicatriz estava tampada, mas não o fez. Toda sua fantasia havia sido montada estrategicamente para que nem mesmo uma ponta da marca aparecesse.

Assim que a loira recebeu seu olhar no dela outra vez, franziu o cenho levemente. Ele não demonstrava emoção alguma, do mesmo jeito que não o fazia no andar debaixo, enquanto Sophie dançava contra o corpo de Liam, beijava ele, descia até o chão com a mão no pescoço e olhava para ele.

Não para Liam, seu namorado. Mas para esse estranho estranhamente misterioso e sedutor demais.

Ela não viu ninguém perto dele conforme seu corpo passava na multidão, olhando para ela. Não viu nem sequer alguma garota se aproximando dele para seduzi-lo, como geralmente se era feito com homens bonitos demais e sexys demais. Não, as pessoas passavam longe dele, e isso a intrigava.

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⏰ Última atualização: Oct 23 ⏰

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