OITO

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A fisgada no meu ombro fez com que me movesse a maior parte da noite dormindo no sofá da sala de Eda, sem contar a minha consciência girando entorno de um único eixo durante toda madrugada.

Estive pensando em maneiras de fazer com que Efe pague pelos anos em que estive longe da minha filha, as imagens de Kiraz estão por todos os lados, nas paredes, sobre os móveis, sorrindo e feliz. Não fui parte de nada disso, mas serei, serei a melhor pessoa que conseguir ser, a melhor versão de mim para ela.

Acabei adormecendo com frio excitante na barriga, nunca mais voltarei a ser o mesmo.

Algo toca a ponta do meu nariz, algo macio e em uma temperatura agradável. – Tá dormindo?

A suavidade do tom flutua em minha cabeça, resmungo baixo me concentrando na voz. – Acorda... – Murmura para mim, volto a resmungar e sou atingido por alguma coisa, alguma coisa agitada e barulhenta. – Já amanheceu.

Abro um olho primeiro, a figura da menina sentada sobre meu abdômen com um sorriso travesso no rosto me atinge como avalanche. Uma luz calma preenche o ambiente atrás dela, atravessando as janelas cobertas por cortinas finas e claras.

– Uhmm... Que horas são?

Seus ombros se encolhem, ela se inclina muito para mim até estar com o rosto a centímetros do meu, os cabelos caindo por todos os lados. – Não sei, acho que é cedo. A mamãe ainda está dormindo. Porque dormiu no sofá? Você não tem uma casa?

Indagou para mim baixinho e bastante curiosa, passei a mão pelos cabelos imaginando a bagunça que ele é pela manhã. – Eu tenho uma casa, mas o sofá me pareceu tão confortável.

Kiraz me deu um sorrisinho e apoiou os dois braços sobre o meu peito ajeitando sua cabeça entre as mãos. – Você parecia uma estátua dormindo, sabia? – Neguei rapidamente começando a sentir um peso nos olhos. – Posso te pedir uma coisa bem pequenininha?

Puxei o corpo um pouco mais para cima ficando atento imediatamente. Meus olhos fincaram nos dela enquanto concordava.

– Por acaso você sabe fazer chocolate quente?

Sua voz era tão baixinha que senti como se ela estivesse contando um segredo. Eu não era nenhum chef confeiteiro como a mãe dela, mas passei tempo suficiente morando sozinho para saber como me virar, chocolate quente não é nenhum bicho de sete cabeças. Pensei por um momento contorcendo os lábios enquanto tentava me convencer que poderia fazer isso.

– Estou com fome... — Ergui- me completamente em sentando ainda com os pés para cima do sofá e a menina escorregando para o meu colo. – a mamãe parece cansada.

É claro que ela estava, depois da conversa de ontem, cansada de mim, mas sou bastante resiliente, é um dom do mundo dos esportes.

Me peguei pensando em algo que minha mãe costumava fazer em dias frios como esse, nos sentávamos com xícaras de chocolate quente enquanto ela preparava o melhor café da manhã de todos. Aposto que Selin tem a receita.

Um desejo de Natal |✅|Onde histórias criam vida. Descubra agora