Capítulo XV: - De Coração Partido

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Capítulo XV: - De Coração Partido

Porquê que para o mundo tudo parece facilitado, porquê que para eles nada é tardio. Tudo que eles querem conseguem, mas para mim não.

Me sentia magoada com o William, com a Débora, com Deus e comigo mesma.

Não tinha nenhum refúgio, estava totalmente vulnerável.

E porque o diabo não mede esforços, ele achou uma brecha para entrar e começar a destruir a minha vida.

“Não subistes às brechas, nem reparastes a fenda da casa de Israel, para estardes na peleja no dia do Senhor.” (Ez 13:5)

Os maus pensamentos trazidos pelo diabo começaram se levantar.

Viu, Ele só te prometeu, mas nunca te deu. Eu posso te dar tudo o que quiseres, todas as riquezas que o seu coração desejar, até ao meu servo William, eu posso te dar.

“Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles,
E disse-lhe: Tudo isto te darei se prostrado, me adorares.”
(Mt 4:8-9)

Não tinha como me defender ou resistir, porque a única resistência que poderia ter era Deus, e com Ele eu estava frustrada.

Saí do meu quarto, desci o elevador, fui para o novo dormitório da Flávia.

Flávia: - Olá santinha!

Guta: - Não me chame mais assim!

Flávia: - Ohh, como queiras...

Guta: - O que tem para hoje?

Flávia: - O quê?

Guta: - Sei-lá, qualquer coisa para aliviar o stress!

Flávia: - O que aconteceu?

Guta: - Vai-me dar o que tem ou vai querer saber o que aconteceu.

«Flávia Narrando»

A Guta não era assim, fiquei surpresa em lhe ver chegar até ao meu quarto. Nas escondidas mandei mensagem para Débora e Winnie, para que elas viessem presenciar o que estivera prestes a acontecer.

A mais regrada de todos, a pessoa que por mais que não falasse com ninguém, inspirava muita gente que vinha ao meu quarto para se envolver com álcool e drogas.

As pessoas por mais que se envolvessem nestas coisas, elas sempre me diziam que se fosse para ser como alguém, seriam ela.

E hoje ela quer ser eles.

Flávia: - O mais engraçado é que muitos queriam ser você!

Guta: - Aí é, então diga para eles que estou disposta a mudar de papel com eles...

Flávia: - E hoje você quer ser como eles!

Guta: - As coisas não o que aparentam ser!

Flávia: - Você é quem sabe, toma aí...

«Guta Narrando»

Peguei naquele copo cheio de bebida alcoólica, as minhas mãos tremiam. Olhei bem firme para o copo e tentava o colocar bem sobre a mesa, porém as minhas mãos não paravam de tremer.

Do nada a Winnie entrou no quarto e perguntou toda espantada:

Winnie: - O que se passa aqui?

Flávia: - Cala boca, fica quieta!

Winnie: - Flávia o que você está fazendo com a Guta?

Flávia: - Eu não estou fazendo nada, ela foi quem veio até aqui e disse que queria beber, eu pela minha boa vontade a servi um copo!

Winnie: - Guta para com isso, você não é assim!

Flávia: - Deixa ela, ela já é adulta, sabe o que faz...

Winnie: - Guta para com isso, depois que você se entregar a isso, não irá mais querer largar.

Para alguns, aquela seria uma conversa comum, como qualquer uma. Mas para mim, a mesma refletia acerca do que acontecia no espírito. Enquanto uma me induzia, a outra me repreendia.
Enquanto o diabo me tentava, Deus me provava.

Winnie: - Para Guta! - Olha, Guta, lembra de quem tu és, de onde vens e para onde vais!

Simplesmente olhei para ele e disse:

Guta: - Eu sei para onde vou!

O espírito mau tomou conta de mim e bebi!

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