Prt 3 - A Queda

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A cabine de confissões estava um caos, nós estávamos um caos; uma bagunça de sons e corpos quentes tentando achar uma posição confortável para fazer algo tão indecente.

ㅤ ㅤComo se eu ligasse para decência aquela altura
Tudo que queria era sanar a minha vontade de anos em dizer que aquele homem era meu. Um padre, uma figura que todos olhavam com tanto respeito, um sujeito de tamanha pureza e castidade... lá estava, e era o oposto do que todos pensavam.

ㅤ ㅤJá sem relutar, apenas se entregava aos prazeres pecaminosos da carne.

ㅤ ㅤDeixando o ar tão quente que poderia fazer um vidro embaçar, tentava controlar os gemidos abafando a boca com as mãos que antes amassavam minha roupa.

ㅤ ㅤ— Você não precisa segurar a voz, Lucas. Não tem ninguém aqui além de nós dois. — Enquanto jogava a cabeça para trás, deixava seu ouvido muito mais perto do meu rosto. 

ㅤ ㅤDe alguma forma que não prestei muita atenção para dizer qual, pude me mover e conseguimos mudar as posições. Dessa maneira, eu era a barreira entre ele e a porta que nos prendia ali.

ㅤ ㅤAgora de costas para mim e ainda com o corpo curvado para trás, apoiava a cabeça perto de meus ombros. A imagem não poderia ser menos erótica do que aquela, seria praticamente impossível para qualquer pessoa dizer que aquele homem era um santo. Pelo menos, na minha presença, não era mais.

ㅤ ㅤSua calça, que restringia os movimentos da minha mão anteriormente, agora estava no chão. Uma punição por atrapalhar aquela noite tão perfeita.

ㅤ ㅤAgora eu conseguia uma mobilidade espetacular, podendo deslizar minha mão por seu pênis como eu realmente queria, fazendo aquele canto magnifico ter o ritmo que eu quisesse. 

ㅤ ㅤNão era a primeira vez que eu fazia tais coisas com outro homem, esse tipo de "pecado" já era muito antigo na minha vida, mas eu sentia uma estranha e indescritível sensação de estar experimentando algo pela primeira vez ali. De certa forma, parecia algo completamente diferente de tudo que eu já havia feito.

ㅤ ㅤTalvez por ter sido um desejo de longa data, uma vontade suprimida pela inacessibilidade de sua figura religiosa e tão importante. Ou simplesmente porque ele estava fazendo meu coração acelerar de um jeito que eu não imaginei que aconteceria...

ㅤ ㅤA cada movimento de minha mão, o padre fazia duas coisas: a mais obvia era gemer, de certa forma como um incentivo para que eu não parasse.

ㅤ ㅤA outra, que estava me enlouquecendo, era jogar o corpo para trás. Conforme movia a mão, ele empurrava sua cintura, que continuava batendo contra minha virilha. 

ㅤ ㅤResolvi acelerar então o processo com as mãos, para que acabasse logo com aquela etapa antes que eu enlouquecesse com aquilo. Apertei a mão e acelerei o tanto quanto podia.

ㅤ ㅤ— Não, espera. Não tão forte!

ㅤ ㅤEle segurou minha mão na tentativa de diminuir a velocidade, mas não foi muito eficiente. Continuei até ele se curvar para frente novamente, com um gemido alto e junto de um jato quente de esperma.

ㅤ ㅤSuas mãos apoiavam o corpo arqueado na madeira e ele buscava descontroladamente o ar. Eu ainda estava com a mão em seu pau, e instintivamente segurando seu peito.

ㅤ ㅤSoltei-o assim que se acalmou, e ele logo se ajoelhou no pequeno banco de madeira, agora sujo com todo aquele líquido. Recuperava o fôlego enquanto eu tirava a minha roupa, já não estavam molhadas mas ainda tinham aquele cheiro característico de quem pegou chuva.

ㅤ ㅤMesmo estando apenas úmidas, eram pesadas, e foi bom finalmente tirar elas.

ㅤ ㅤEntretanto resolvi manter a calça por razões obvias, era uma nota para lembrar que mesmo que eu quisesse muito fazer aquilo, esperaria até ele dar algum indício de que eu poderia de fato ir para a próxima fase.

ㅤ ㅤEu sabia que ele não iria me impedir, mas queria que confirmasse o desejo.

ㅤ ㅤ— Lucas... — Deslizei os dedos por seus cabelos, tentei ignorar a ideia de que eles estavam sujos com o gozo dele, afinal ele não precisava saber disso. — Olhe pra mim.

ㅤ ㅤO padre ofegante virou-se de frente para mim, sentou-se do modo convencional, o mesmo que ficaria se estivesse apenas ali para ouvir os pedidos de perdão diários.

ㅤ ㅤSeus olhos brilhantes, mesmo naquele escuro, diziam milhões de coisas que eu sequer podia imaginar. Por um estante me senti hipnotizado, poderia desistir do que estava fazendo naquele instante e simplesmente passar a eternidade parado contemplando o seu olhar.

ㅤ ㅤMas ele olhou para baixo.

ㅤ ㅤMe abaixei como pude e me inclinei para beijá-lo.

ㅤ ㅤO som da chuva forte continuava inundando o ar enquanto nossas respirações ofegavam naquele beijo. Eu sentia todo o calor de seus lábios, toda a relutância insegura que ele parecia ter em fazer aquilo.

ㅤ ㅤApoiei delicadamente seu rosto com minhas mãos, enquanto aquele beijo ficava cada vez menos tímido. Logo que tive a chance, tentei tornar um beijo de língua, mas ele empurrou meus ombros.

ㅤ ㅤ— Assim não.

ㅤ ㅤ— Muito bem, sem língua então. — Aproximei a boca de seu ouvido. — Mas eu ainda vou beijar você.

ㅤ ㅤCom as mãos ainda segurando sua cabeça, comecei a explorar novos territórios. Seu pescoço parecia promissor, ele com certeza não estava habituado a ter alguém beijando a pele quente, tão perto de tantas zonas prazerosas escondidas sob a pele branca e delicada. Era realmente uma pena pensar que alguém como ele não conhecia tamanho prazer.
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ㅤ ㅤSuas mãos continuavam a tentar me empurrar, mas não de verdade dessa vez; ele apenas apoiava elas ali por alguma razão.

ㅤ ㅤConsegui finalmente desabotoar sua camisa branca, que agora estava toda amassada por conta de tanto movimento. Se ele tivesse me deixado tirar ela enquanto ainda estávamos fora da cabine, não teria de passá-la mais tarde.

ㅤ ㅤObservei o que ele guardava. Não havia nada por baixo dela graças a deus – eu realmente não queria ver outra peça de roupa –, apenas a jovem e intocada pele do homem que eu estava desejando.

ㅤ ㅤNão só exatamente como sempre imaginei, mas ainda melhor.

ㅤ ㅤEntão toquei-o suavemente, sem pressa, para apreciar o momento. Sua respiração e seus batimentos se comunicavam com a palma de minha mão enquanto nos beijávamos mais. Foi naquele momento em que senti o calor de suas pequenas mãos – pelo menos se comparadas as minhas – explorando meu corpo também.

ㅤ ㅤToques tímidos mas que pouco a pouco mapeavam cada centímetro de mim.

ㅤ ㅤO espaço era apertado, mas dei um jeito de me encaixar entre suas pernas; sentado no banco como deveria ficar geralmente, agora me tinha ajoelhado aos seus pés.

ㅤ ㅤMas eu não estava ali para rezar nenhuma prece, e sim fazer uma boa “oração”.

ㅤ ㅤ— Já fez isso antes, padre Lucas? — perguntei apenas pelo gosto da diversão, o modo como parecia estar indignado com a pergunta me alegrava muito.

ㅤ ㅤ— Claro que não! Eu sou um padre de... cente...

ㅤ ㅤEle parou na mesma hora, cobrindo novamente a boca com as mãos. Estava quente e levemente úmido, e eu podia sentir suas pulsações contra minha língua, enquanto afundava mais entre suas pernas.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora