O trovão foi o meu sinal verde. Ele parecia ter se distraído em uma série de pensamentos conflitantes, esquecendo por um segundo de que pretendia se esquivar do meu beijo. Já estávamos com os lábios praticamente grudados, de modo que eu pude sentir a movimentação de sua boca enquanto falava para eu não fazer isso, mas somente naquele momento pude realmente interpretar aquilo como um beijo de verdade.
ㅤ ㅤFiquei surpreso por não ter sido empurrado para longe, mesmo que já não esperasse tal reação dele. No fundo eu sabia bem que ele também estava esperando por aquele momento, e todas as suas ações só deixavam isso mais claro. Relaxou a cabeça antes tensa e deixou-se guiar pelos caminhos que eu lhe apresentava, fluindo rapidamente de um beijo tímido para algo muito mais íntimo. Foi quando pude finalmente experimentar a sensação de um beijo de língua com aquele homem que, por tanto tempo, estive esperando.
ㅤ ㅤAquele calor parecia aumentar cada vez mais conforme me permitia conhecer seu corpo, sua vontade. Tantos anos de privação de seus próprios desejos, sendo ele tão jovem... Não poderia esperar outra coisa senão isso. Alguém com tantos desejos não serviria para aquele trabalho onde suas próprias necessidades eram vistas como um pecado.
ㅤ ㅤNesse quesito éramos muito parecidos. Eu sabia que, assim como eu, aquele momento serviria para saciar anos de necessidades. Não era a toa que ele havia se entregado com tão pouco.
ㅤ ㅤ— Não pode fazer isso... — Falou baixo, sem me olhar nos olhos. O rosto estava quente e vermelho, tal qual suas orelhas e com certeza muitas outras partes de seu corpo, mesmo que escondidas sob o grosso manto preto tão elegante. Eu queria tirar sua roupa, sonhava com aquele momento e não podia perder a chance.
ㅤ ㅤComecei então a desabotoar sua roupa, e a cada botão que saia do lugar eu podia admirar aquele corpo inexplorado, tão quente e corado.
ㅤ ㅤ— Não vejo motivos para pararmos agora. Já pecamos. — Sussurrei em seu ouvido enquanto tirava o último botão do lugar, deixando finalmente aquela cobertura toda cair ao chão. Ainda ostentava a camisa branca, mas estava totalmente aberta agora e era fina o suficiente para que eu não me importasse com ela ali.
ㅤ ㅤEra impressionante o fato de que quanto menos roupas usava, mais ele parecia atraente. Puxei de leve sua camisa, para que também caísse no chão, mas ele a segurou no lugar, cobrindo a frente do corpo.
ㅤ ㅤ— Não tire... as minhas roupas. — Era fofo demais.
ㅤ ㅤ— Mas se eu não tirar, como posso fazer o que estou planejando, padre?
ㅤ ㅤ— Por favor, não me chame assim enquanto faz tal coisa.
ㅤ ㅤPrecisava provocá-lo, aquilo era bom demais.
ㅤ ㅤ— Então como eu devo chamar você?
ㅤ ㅤ— Meu... nome.
ㅤ ㅤ— Perdoe-me, mas eu não sei o seu nome, padre. — Não pude resistir a vontade de morder sua orelha naquele momento, ele parecia tão envergonhado.
ㅤ ㅤ— Lucas. Meu nome... é Lucas.
ㅤ ㅤ— Que belo nome. Certamente combina com você. — Segurei seu queixo e ergui sua cabeça para que olhasse para mim ao invés do chão. Seus olhos eram tão lindos. Novamente me inclinei para beijá-lo, mas resolvi não o fazer. — Então, Lucas, podemos fazer o que eu quero agora?
ㅤ ㅤPor um segundo sua consciência de santidade pareceu retornar e ele saiu de perto de mim apressado, caminhando a passos largos para perto do confessionário enquanto segurava a camisa desabotoada. No começo confesso que achei aquilo divertido, afinal jogos sempre foram a minha paixão, mas aquela era a minha única chance e eu definitivamente não iria perder aquela oportunidade.
ㅤ ㅤCorri até ele e segurei seu braço, puxando-o comigo para dentro do apertado espaço do confessionário, onde caiu de joelhos em cima do meu colo. Do lado do padre, onde estávamos, não entrava muita luz e o espaço mal era suficiente para nós dois. Mas sinceramente, eu não precisava de nenhuma daquelas coisas naquele momento.
ㅤ ㅤEstava virado de frente para mim, que acabei sentado em seu pequeno banco. Não pude deixar de pensar no quanto aquela cena deveria ser engraçada se vista de outro ângulo. Agora eu estava sentado no mesmo banco em que ele ficou enquanto me ouvia confessar minhas vontades para com ele.
ㅤ ㅤ— Não! Não pode fazer isso! — protestou várias vezes, tentando se levantar para ir embora, mas estava preso entre a porta fechada e eu. Como abria para dentro, era praticamente impossível para ele sair de lá na posição em que se encontrava. — Não! É um pecado!
ㅤ ㅤ— Já pecamos, que diferença vai fazer se irmos até o fim? — segurei sua cintura, garantindo que não se debatesse tanto.
ㅤ ㅤ— Disse que veio se livrar do pecado, por que está fazendo isso? Você não queria o perdão!?
ㅤ ㅤ— Perdão... Bom,pra ser perdoado, primeiro você precisa pecar. Eu não posso me arrepender do que ainda não fiz, e sinceramente... não acredito que eu vá me arrepender disso.
ㅤ ㅤEsperei um pouco até que pudesse enxerga-lo com mais clareza, ah como era bela aquela visão. Estava apoiado na madeira atrás de mim, tentando não tocar meu corpo de nenhuma maneira. Por estar em baixo, pude ver claramente seu peito e cintura, agora que a camisa não podia se prender a pele. Movi um pouco o joelho, mirando tocá-lo em uma das mais sensíveis partes.
ㅤ ㅤPara minha surpresa - ou nem tanto - ele parecia muito excitado com a situação.
ㅤ ㅤEle empurrou minha perna, parecia muito indignado com aquilo. Tão fofo.
ㅤ ㅤ— Não! Não pode me tocar assim!!
ㅤ ㅤ— Prefere que eu use as mãos? — sabia bem do que ele estava falando, mas não pude resistir. Deslizei a mão da cintura diretamente para aquele volumoso espaço entre suas pernas, e por mais nervoso que parecesse estar, ele não me empurrou. — Parece que não sou o único com desejos carnais.
ㅤ ㅤ— Fique quieto...
ㅤ ㅤOlhei-o nos olhos novamente, embora ele tentasse desviar a atenção para longe de mim enquanto eu o tocava, mesmo que sobre o grosso pano de sua calça. Aquilo era muito satisfatório, mas estava longe de ser o suficiente, para nós dois. Eu precisava de mais, queria matar todas as minhas vontades, realizar todos os sonhos que tive.
ㅤ ㅤEu queria levar ele para bem longe do altar, para minha cama. Eu precisava.
ㅤ ㅤSabia que Lucas já estava muito envolvido naquilo, e que mesmo que dissesse que não, não estava esperando por um fim tão cedo. Então aproveitei o momento para soltar aquele maldito cinto de couro e abaixar sua calça.
ㅤ ㅤLivre de qualquer barreira, pude saciar uma de minhas vontades enquanto atendia sua necessidade momentânea. Já havia desistido de fugir de mim, e agora se encontrava sentado em meu colo com a cabeça apoiada em meu ombro. De certa forma ainda buscava esconder o rosto.
ㅤ ㅤLembro que da primeira vez em que o vi não tive a chance de ouvir sua voz, e passei o resto dos dias idealizando como seria. Mas mesmo meu mais belo sonho não poderia chegar perto da perfeição que ele produzia naquele instante. Seus gemidos eram baixinhos, escondidos, quase uma resposta secreta ao toque.
ㅤ ㅤCada som me fazia tremer a espinha e acelerar o coração, eu precisava de mais. Mais. Mais.
ㅤ ㅤ— Sua voz fica muito linda quando você geme assim, Lucas. — Disse a ele e senti as mãos apertarem minha roupa. Era simplesmente adorável.
ㅤ ㅤAgora, enquanto movia a mão a fim de fazê-lo gozar, aproveitei a distração para deslizar a outra rumo a um lugar um pouco mais delicado de se tocar. E para minha surpresa, ele não tentou me impedir.
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Tentação
Randomㅤ ㅤA cabine de confissões da velha igreja estava um caos. ㅤ ㅤNós estávamos um caos; uma bagunça de corpos quentes, se explorando e clamando um pelo outro. Ambos buscando uma maneira correta de se fazer algo tão indecente.