Caro leitor, você deve estar se perguntando o que levaria uma mulher a ficar de binóculos, plantada na janela, no meio de uma madrugada chuvosa. Não, não é o caso de uma senhorinha fofoqueira querendo boas novas, mas sim de uma investigadora nata: uma curiosa estudante de engenharia com uma pequena e intrigante suspeita.
Na sala escura, a única luz presente é a da janela do quarto atrás dela e a da televisão. Ela suspira enquanto espera pacientemente por aquilo que provaria que sua teoria estava certa. A reportagem, num volume baixo, atualiza a moça sobre uma luta que está acontecendo há poucas quadras dali. Por causa da distância, não consegue ver muito mais do que alguns lampejos da engenhoca do pequeno vilão que hora ou outra planava dando mergulhos arriscados. Por uns instantes vê a miniatura do herói em uma de suas famosas acrobacias. Era mais um ataque do problemático e insistente homem coruja.
- Aposto que, se esse filho da puta não fosse tão rico, nem teria saído da prisão - resmunga.
Eles somem da vista dela, e, por estar com os olhos na rua e não na televisão, ela não vê o murro que o herói tinha acabado de levar, mas a narração do repórter não a deixa na mão. A frase "um soco que fez com que o herói atravessasse a vidraça com a cabeça" faz com que ela contorça os lábios em uma expressão de dor.
- É, DD, parece que está levando uma surra... - fala sozinha.
Mas tinha certeza de que a situação logo se reverteria e ele colocaria aquele infeliz na cadeia, de novo. Ou, como sempre, o covarde vilão fugiria com o rabo entre as pernas. E estava certa, não demora muito para que o homem coruja jogue uma bomba de fumaça, fugindo enquanto os repórteres mais ousados tossiam. Demolidor, sem demora, coloca cada uma das vítimas em um local seguro e, sem perder a compostura, bate em retirada.
- É agora!
Era errado sorrir por isso? Pois se era, isso não a impede de sorrir.
Ela muta a televisão que falava sobre o aumento da violência na cidade, culpando desde os justiceiros mascarados até a guerra do outro lado do mundo. Olhando para todos os cantos mais prováveis, ela procura pelo herói, quando o vê, vindo na direção do prédio em que ela estava, o coração dispara. Ela deixa a ferramenta pendurada num cordão sobre o peito e corre para a outra janela, ficando de frente para onde a suposta casa dele estava.
Gotículas de chuva brincam com seu cabelo junto a uma brisa suave. Ela morde os lábios posicionando o binóculo e espera ansiosamente pelo som que a intrigava; mas ele não vem tão firme como costumava ser, o que ouviu foi uma sequência esquisita de baques pesados, ele não tinha pousado os dois pés no terraço, fazendo o barulho que a moça supunha ser o que a acordava de madrugada.
Estranhando o fato de não o ver atravessar, pensa ter perdido o timer, ou era só o azar de ele ter mudado de caminho. Suspira novamente: quem sabe aquilo fosse a prova de que ela estava maluca. Não querendo acreditar, ela espera mais um pouco sem que nada acontecesse.
Acordada até tão tarde pra nada... Torce os lábios, mas arregala as sobrancelhas ao se lembrar de que ele podia estar ferido.
Sem pensar meia vez ela salta a janela com cuidado e sobe para o terraço pelas escadas de emergência. Não sabia se estava mais surpresa, contente ou preocupada por vê-lo ali, caído no chão, sendo encharcado pela chuva.
- Você está bem? - pergunta dando um passo adiante, mas ele não responde.
Chegando mais perto, percebe que ele está desacordado e que sangue escorria do uniforme escarlate bastante judiado que ele usava. Mais de perto vê um ou dois cortes, pareciam profundos. Eu não posso deixar ele aqui, sozinho, na chuva, com aquele encosto a solta...
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Demolidor - O homem (quase) sem medo
FanfictionMatthew está cansado de ser o saco de pancadas da própria vida, os mesmo vilões não param de ressurgir, nenhum dos seus relacionamentos dá certo, sua amizade com Foggy está por um fio, de novo, e ele não sabe mais o que fazer. Mergulhado em sua dup...